Antes de abandonarem a Terra, os cientistas Jefferson Singleway, Borris e Karl, que foram os protagonistas da aventura O Anel de Gelo, ofereceram a Spirou e Fantásio uma caixa negra com os planos e os mapas de várias invenções revolucionárias.
Para grande incómodo da sua vizinha bisbilhoteira, que passa a vida à janela, tentando bisbilhotar a vida do nosso herói, Fantásio fecha-se em casa durante dias para concretizar alguns desses planos. Um deles é o Fantajet, uma versão moderna do Fantacóptero (Ver o álbum Spirou e os Herdeiros).
O grande inconveniente deste invento é que chama demasiado a atenção, e tendo em conta que todos os planos que se encontram na caixa negra, ao caírem nas mãos erradas, podem ter resultados desastrosos, como é o caso do comandante Alexander, que tudo faz para por a mão em ambos: ao Fantajet e à caixa negra. Para isso, engendrou um plano muito simples, raptar Fantásio e trocá-lo pela misteriosa caixa.
Esta é a segunda história realizada pela dupla Nic e Cauvin, que para a série, revela um processo de transição, isto porque Fournier tinha abandonado Spirou e as Éditions Dupuis hesitavam quanto ao seu sucessor. A solução encontrada pela editora foi entregar o desenvolvimento da banda desenhada a três equipas distintas, incumbidas de realizar curtas histórias – Yves Chaland que escreveu Fantasio et le fantôme et 4 autres aventures, que é difícil de encontrar, a dupla Tome e Janry, que pegou na série durante uma grande parte dos anos 80, e Nic e Cauvin, responsáveis por três aventuras, O Anel de Gelo, A Caixa Negra e Les faiseurs du silence.
As condições em que esta dupla aceitou pegar na série não eram nada favoráveis, visto que tinham como objectivo realizar um álbum por ano e romper com a dinâmica precedente, o que envolvia abandonar personagens que se moviam à volta do conde de Champignac.
É obvio que, como se verá, o resultado não consegue ser totalmente conseguido. Primeiro porque, em termos gráficos Spirou fica quase irreconhecível, ficando até com um ar muito infantil e, nem mesmo o facto de passar a andar de mota lhe consegue conferir um look mais moderno. Depois porque a narrativa fica demasiado centrada nas aventuras e peripécias dos heróis e de um pequeno núcleo de personagens secundárias que não conseguem ter espaço para se evidenciar, como acontecia por exemplo, com Zorglub.
Por outro lado, a dupla Nic e Cauvin conseguiu introduzir na série as temáticas ambientais, e assim aproximaram o herói das preocupações quotidianas de um numero crescente de leitores.