08
Jun 12

Sinopse: Quando uma mãe e a sua filha são encontradas, brutalmente assassinadas, na Baltimore do século XIX, o detetive Emmett Fields (Luke Evans) faz uma descoberta surpreendente: o crime assemelha-se a um homicídio ficcional descrito, com todos os detalhes sangrentos, no jornal local – parte de uma coleção de histórias escritas pelo escritor e pária social Edgar Allan Poe (John Cusack). E mesmo enquanto Poe é interrogado pela polícia, outro assassinato terrível ocorre, também inspirado numa das suas histórias populares.

Ao aperceber-se que um assassino em série anda à solta, usando as histórias de Poe como pano de fundo para a sua fúria sanguinária, Fields pede a ajuda do escritor para parar os ataques. Mas quando, aparentemente, uma pessoa próxima de Poe se revela poder ser a próxima vítima deste assassino, o nível de risco eleva-se e o criador das histórias terá de recorrer aos seus poderes de dedução para tentar resolver o caso, antes que seja tarde demais.

Crítica: Edgar Allan Poe foi um dos grandes escritores do século XIX, que nos deixou contos de terror, mistério e poemas intrigantes e muito belos, como é o caso do poema que dá nome a esta história. Esta teia romanceada que nos é apresentada por James McTeigue versa sobre os últimos dias do poeta e escritor - dias esses que permanecem um mistério até hoje - e  traz uma trama bastante interessante com pormenores macabros como uma boa história de Poe. James McTeigue tem uma realização bastante bem conseguida, captando bem a essência da época vitoriana tantas vezes representada no grande ecrã, e dando um tom de mistério que nos prende até ao fim e nos deixa em suspenso sobre o final - embora para conhecedores de Poe, o final não seja assim tão surpreendente.

John Cusack, um actor que nunca se conseguiu impor muito em Hollywood tem um desempenho bastante interessante, dando-nos um excelente Poe, embora com alguns toques de loucura um pouco exagerados a meu ver, mas que no contexto desta história se enquadram como uma luva, sendo portanto isso um mal e um bem do personagem e da interpretação de Cusack.

Alice Eve, que confesso era uma estranha para mim, foi uma surpresa bastante interessante com o seu papel bastante claustrofóbico construído de uma forma fantástica. Luke Evans apresenta-se como um detective muito humano, embora nem sempre o possa parecer, fazendo lembrar a meu ver o inspector Abberline interpretado por Johnny Depp em "From Hell" (embora mais contido que o personagem de Depp).

Quanto ao assassino, penso que prima essencialmente pela surpresa, embora penso que lhe falte um pouco de carisma, sendo até em certa medida demasiado secundário em alguns momentos.

Em suma, creio que é um filme recomendável a todos os fãs de Poe, sendo também que para os espectadores mais impressionáveis poderá ter algumas cenas mais pesadas e macabras. Eu, como fã de Poe acho que lhe faz jus, e que em nada peca quanto às suas narrativas.

publicado por FV às 16:22

04
Mar 12

Sinopse: Aos trinta e poucos anos, Brandon (Michael Fassbender) é um bem-sucedido irlandês com um cargo de topo numa grande empresa de Nova Iorque. A viver sozinho num pequeno apartamento, tem a vida controlada ao milímetro. Porém, por trás de uma máscara de autocontenção, está um homem a viver no limite. Numa luta constante entre um medo incontrolável de intimidade e uma ânsia de sexo, ele vive de encontros ocasionais com estranhos. Até Sissy (Carey Mulligan), a sua irmã mais nova, aparecer sem pré-aviso e instalar-se no seu apartamento. Brandon perde então todo o controlo sobre a sua vida e a sua sexualidade.

Crítica: Já tinha saudades destes momentos de poder visionar um filme em ante-estreia. Desta vez, foi Shame, que traz um Michael Fassbender verdadeiramente fenomenal, interpretando um papel bastante complexo de um viciado em sexo, que vive completamente no limite e que vê todo o seu mundo abalado com a chegada da sua irmã mais nova - excelente interpretação de Carey Mulligan.

Shame é um filme complicado, desconfortável, forte, pesado e que mostra uma realidade crua, como o mundo e a vida verdadeiramente são. Uma visão avassaladora e muito crua - também demonstrada pelas cenas de sexo bastante realistas e intensas - da sociedade, dos seus vícios, dos seus sonhos e pesadelos, na imagem destes jovens: Brandon e Sissy. Irmãos que demonstram que as relações entre os mesmos nem sempre são fáceis e pacíficas. Irmãos que demonstram o peso e a carga que um deles consegue ter sobre o outro. Irmãos que, perante uma fachada aparentemente normal, vivem escondidos nos seus vícios, medos, receios e problemas. Brandon (Fassbender) com o seu vício de sexo, com uma entrega espectacular do actor, em especial as cenas no metro e os minutos finais em que se entrega ao seu descontrolo. Sissy (Mulligan) com o seu vício de protecção, de se "esconder" e sentir protegida pelos outros, também numa muito bem conseguida interpretação da qual destaco a cena musical - gravada em tempo real, com reacções genuínas dos restantes elementos que nela participam - assim como os seus minutos finais.

Em resumo, Shame é um filme incrivelmente cru e real, que não será aconselhável a quem tem problemas em ver demasiada realidade transposta no ecrã - ou mesmo demasiada nudez e sexo. Aos restantes, aconselho a não perderem este filme, assim como a procurar acompanhar de perto os dois grandes intérpretes da trama - Michael Fassbender e Carey Mulligan.

 

publicado por FV às 00:45

24
Fev 12

 

Fico sempre apreensivo e preocupado com o que vai acontecer quando se fala de remakes de filmes que tiveram sucesso - quer seja pelo próprio filme, ou porque um actor/actriz ficou mais conhecido(a), ou porque a obra da qual é adaptado teve um boom de sucesso (como foi o caso) -, mas neste caso com o facto de a história ser adaptada por um dos meus realizadores preferidos, tendo Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, entre outros no elenco, e com todas as imagens que foram apresentadas de Rooney Mara como Lisbeth, fiquei bastante curioso e esperei ansiosamente a estreia.- 

E, de certa forma, não poderia ter corrido melhor. Começando com o excelente genérico - dos melhores do ano, sem dúvida - com uma grande música da autoria de Trent Reznor e Karen O (adaptando um original de Led Zeppellin), passando por uma excelente interpretação de Rooney Mara  - ainda que diferente da sua antecessora Noomi Rapace - e tendo também Daniel Craig em muito boa forma, esta é uma adaptação, ou remake se preferirem, que vale a pena ver.

A forma como David Fincher pegou na história, não a afastando muito da versão original, mas no entanto incorporando alguns pontos do livro que, para mim tinham falhado anteriormente, trouxeram uma adaptação bastante fiel à história criada por Stieg Larsson. A maior diferença entre o livro e este filme será mesmo o final, que David Fincher refez, tendo perdido um pouco da dinâmica do livro, mas não estando inteiramente disparatado. Ao contrário da versão original, Fincher tratou alguns personagens de forma diferente - como Lisbeth, dando-lhe um ar mais frágil que também é apresentado no livro - e incorporou (ou aumentou a presença) de outros que são importantes na história e, especialmente no desenrolar da trilogia.

Quanto aos actores, Daniel Craig está bastante bem, sendo que também não transcende por muito Michael Nyqvist, na forma como ambos fisicamente acabam por ser parecidos, permitindo assim também haver uma boa identificação, de acordo com o que foi criado e descrito no livro de Stieg Larsson. O Blomkvist de Craig apresenta também algumas melhorias na forma como Fincher explora o seu relacionamento - importante - com algumas das restantes personagens.

A integração - e relativa importância - de Pernilla Blomkvist também melhora a narrativa, bem como a aparição de Holger Palmgren e Cecilia Vanger e o maior ênfase dado a Erika Berger, muito bem interpretada por Robin Wright.

Chego agora a um dos pontos que mais discórdia tem causado: Rooney Mara. Para mim, a actriz americana consegue ser uma personificação muito fiel, forte e merecedora das nomeações que tem obtido. Devido à diferente visão de Fincher, Rooney Mara é uma Lisbeth Salander que não tem apenas o seu lado anti-social, aparentemente frágil e perturbada, nem o seu lado de rebelde e hacker, mas também um lado mais inseguro, preocupado e verdadeiramente frágil, como Larsson criou - de acordo com a minha leitura e interpretação da personagem, em especial nesta história. Penso também que todo o esforço e dedicação que a actriz colocou na personagem a melhoraram, tornando-a sem dúvida numa personagem inesquecível, rivalizando com a sua colega Noomi Rapace que tão bem interpretou na versão original.

Devido ao facto de ter querido aproximar mais do livro a sua versão da história, Fincher tem no entanto alguns pontos menos bons, passando um pouco rapidamente de mais talvez, por momentos importantes - como por exemplo, a vingança de Lisbeth Salander perante Nils Bjurman ou mesmo algumas cenas entre Henrik e Blomkvist, e a dedução de toda a trama que é feita por Lisbeth e Blomkvist.

Assim, na minha opinião, penso que esta versão consegue no entanto ser uma adaptação a que vale a pena assistir, quer se tenha ou não assistido o filme original ou lido as histórias de Stieg Larsson. Quem estiver "em branco" irá com certeza ter momentos bastante agradáveis na presença de um excelente filme, com excelentes interpretaçoes, realização e banda sonora. Quem apenas tiver visto a versão sueca, irá ter algumas surpresas e algumas decepções, sendo que no entanto creio que irá desfrutar da história. Quem tiver lido o livro apenas irá com certeza achar que Fincher fez um excelente trabalho na difícil adaptação desta grande obra.

Quem, como eu, tiver já lido toda a trilogia e visto toda a trilogia sueca, irá sentir que Fincher conseguiu cumprir muito bem o que lhe era pedido, sem "americanizar" de mais a história, com um bom trabalho de casting - ainda que uma falha ou outra - e sem perder a essência da narrativa, sendo que como grande fã do realizador, acho que foi um dos seus melhores trabalhos.

publicado por FV às 15:51

17
Fev 12

 

Este foi o filme que me despertou a curiosidade desta trilogia, nomeadamente a interpretação de Noomi Rapace, que abordarei em mais pormenor mais à frente. Foi depois de ver este filme, que li toda a trilogia, tendo no entanto, após a leitura, feito um novo visionamento.

Nesta versão de 2009, realizada por Niels Arden Oplev encontramos, tal como no livro de Stieg Larsson, Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist) condenado por difamação do financeiro Hans-Erik Wennerstrom e a querer afastar-se da ribalta uns tempos, quando surge uma proposta de trabalho de Henrik Vanger (Sven-Bertil Taube), para escrever a sua biografia enquanto investiga o desaparecimento da sua sobrinha neta Harriet, há mais de 40 anos, tendo posteriormente a ajuda de uma rapariga complicada com tatuagens e piercings, que no entanto é uma hacker excepcional - Lisbeth Salander (Noommi Rapace).

Até aqui nada de novo. Os mesmos meandros da história do livro foram adaptados nesta versão. A história, embora tenha sofrido algumas alterações não se afasta muito da versão de Stieg Larsson, tendo no entanto alguns pontos de diferença que, tal como já referido em alguns posts anteriores, me parecem que são mantidos de fora devido à realidade da sociedade sueca.

Creio no entanto que, há dois pontos em que a versão cinematográfica perde: as presenças de Erika Berger, Pernilla Blomkvist e Cecilia Vanger, que são bem menos exploradas que no livro, perdendo-se aqui alguns pontos de interesse, assim como perdendo-se um pouco o lado "mulherengo" e bon-vivant que é dado a Blomkvist.

Michael Nyqvist é uma excelente personificação de Blomkvist, com o seu ar perturbado e cansado, e sempre muito incrédulo com o que vai descobrindo passo a passo. Também personifica bem o estilo de homem que Stieg Larsson descreveu e que o realizador conseguiu transpor para o ecrã.

No entanto, esta e todas as interpretações são arrebatadas pelo alto dos 163cm de Noomi Rapace, que se transformou numa Lisbeth Salander fantástica, quase perfeita. Toda a sua caracterização, a sua personalidade, o seu bad look, fazem de Rapace aquilo que Larsson criou como uma anti-heroína que se torna heroína, na imagem de uma rapariga aparentemente anti-social, frágil e perturbada, mas que no entanto consegue defender-se de um ou vários atacantes, ser uma hacker excepcional e ajudar Blomkvist nas suas investigações de forma impressionante.

Rapace consegue assim, ter uma das melhores interpretações a que tive oportunidade de assistir, em especial em algumas das cenas mais complicadas de toda a trilogia, como aquelas em que contracena com Nils Bjurman (Peter Andersson), bem como algumas das cenas com o próprio Blomkvist.

Assim, penso que a adaptação da primeira obra da trilogia, na sua versão e língua original - o sueco - vale essencialmente pela interpretação de Rapace, do seu parceiro Michael Nyqvist, sendo ainda seguidos de perto por Peter Andersson. A versão não foge muito ao livro, falhando no entanto nalguns pontos fulcrais, conforme indiquei antes e que contribuiam - se calhar não tanto nesta história, mas nas sequelas - para uma melhor adaptação e personificação desta teia criada por Larsson. Penso que - e sem desprimor para Rapace - o realizador também apostou demasiado em mostrar o seu lado duro, batido e resistente - que ela interpreta muito bem - perdendo-se aqui um pouco o lado mais sensível e humano que Lisbeth também tem, e tão bem é mostrado no livro, fazendo todo o sentido para a história - e, essencialmente, para as continuações.

publicado por FV às 17:41

01
Fev 12

 

Sinopse: Após o sucesso do primeiro filme Sherlock Holmes (2009) Guy Ritchie volta a pegar no detective mais famoso do mundo (Robert Downey Jr.), desta vez na companhia do seu arqui-inimigo, o Professor Moriarty (Jarred Harris), e fez uma adaptação duma das histórias mais marcantes de Arthur Conan Doyle: O Problema Final.

O enredo começa quando o Príncipe da Áustria é encontrado morto. Tudo apontava para suicídio, no entanto, Holmes acredita na tese de assassinato e que este crime é apenas uma peça dum plano maquiavélico montado por Moriarty.

Por seu lado, Watson (Jude Law) está para casar, e durante a sua despedida de solteiro, Holmes e o seu irmão Mycroft (Stephen Fry) conhecem a cigana Simza (Noomi Rapace), que Sherlock percebe que Moriarty mandou alguém para a tentar matar.

 

Critica: Pegar nesta história, que tanto marcou os fãs de Sherlock Holmes era, na minha opinião, uma responsabilidade acrescida que Guy Ritchie tinha ao fazer esta sequela. Por isso, não me surpreende que o realizador tenha optado por um caminho mais seguro.

Partindo duma premissa brilhante, a história tinha tudo para ser um sucesso. No entanto, e conforme já tinha achado no primeiro filme, a falta de química entre Sherlock Holmes e Irene Adler (Rachel MacAdams) acabou por ser determinante no destino dado a Irene, que, na minha opinião, não fez sentido nenhum. Além disso, uma personagem tão pragmática e desafiante como Moriarty merecia um actor com mais carisma e, não é que eu ache que Jarred Harris tenha feito um mau papel, apenas que lhe faltou algo para que a sua personagem fosse suficientemente marcante como era exigido.

Por seu lado, Stephen Fry como Mycroft está simplesmente soberbo. Outro dos aspectos positivos é sem dúvida a interpretação de Noomi Rapace como a cigana Simza que vem trazer um elemento novo e diferente a toda a história, principalmente tendo em conta que foi o seu primeiro papel falado em inglês.

No primeiro filme, e é algo que é relativamente comum nos filmes de Guy Ritchie são os planos “Slow Motion”, que neste A Game of Shadows foram usados em demasia, tornando, em alguns momentos, o filme cansativo.

Por tudo isto, este A Game of Shadows fica atrás do seu antecessor, não porque seja um mau filme, mas é mais do mesmo, visto que Guy Ritchie acabou por fazer de Holmes um herói de acção, e não aquele personagem cerebral e dedutivo que tanto nos fascinou!

publicado por AS às 19:19

14
Jan 10

 

 

Sinopse: Numa nova abordagem ao mais famoso personagem de Arthur Conan Doyle, "Sherlock Holmes", o detective e o seu leal parceiro Watson, encontram o seu último desafio. Revelando habilidades de luta tão letais quanto o seu lendário intelecto, Holmes vai lutar como nunca para derrubar um novo inimigo e desvendar uma conspiração mortal que pode destruir o país.

 

Critica: Guy Ritchie é um realizador que dispensa apresentações. E quem me conhece, sabe o gosto e conhecimento vasto que tenho acerca de Conan Doyle e da sua obra, principalmente ao que a Sherlock Holmes diz respeito. Por tudo isto, as expectativas em relação a este filme se tornaram grandes. E posso dizer que o filme não me desiludiu. Antes pelo contrário, tornou-se uma agradável surpresa, ao que para isso contribuiu muito a dupla que foi escolhida para os papéis principais. Se o objectivo de Guy Ritchie ao fazer esta adaptação, foi dar um novo rumo, mostrar um Holmes mais “moderno”, então este filme resulta na perfeição, e para isso muito contribui a escolha de Robert Downey Jr para o papel de Sherlock. Downey Jr tem tudo o que é preciso para desempenhar o papel: a capacidade dedutiva, a eloquência e a racionalidade, sem faltar o lado sarcástico, irónico e inteligente que tanto caracterizavam o personagem. A juntar a esta interpretação, não podemos deixar de mencionar Jude Law, que finalmente consegue dar a Watson um lado muito racional, mostrar alguém que agia por vontade própria, mas que está dividido entre as responsabilidades que o seu casamento trará e a sede de aventuras que encontra quando está com Holmes. Este Watson acaba por funcionar como uma espécie de músculo da equipa. Mark Strong, como o vilão Lord Blackwood, que consegue lançar o pânico na sociedade daquele tempo.

 

O único ponto negativo, ou melhor, não tão bom do filme, é a relação entre Holmes e Irene Adler, desempenhado por Rachel McAdams. Irene, que segundo as obras de Conan Doyle, foi a única mulher que, devido à sua personalidade vincada e irreverente, conseguiu enganar Holmes, provocando no mesmo uma admiração que nos deixa na dúvida se Holmes não se tinha mesmo apaixonado por ela. Downey Jr e Rachel McAdams até parecem ter química juntos, mas a relação deles não é tão explosiva como seria de esperar.

 
Quem estiver à espera de um clássico, digno dos episódios da Granada TV, interpretados por Jeremy Brett, corre o risco de sair desiludido deste filme. O melhor mesmo é não criar expectativas e deixar que o filme fale por si, deixando-nos surpreender e ansiar pelo próximo!
publicado por AS às 17:00

17
Out 08

 

 

 

Sinopse: Milo Tindle (Jude Law) é um jovem actor desempregado que se dirige à mansão de Andrew Wike (Michael Caine), um bem sucedido escritor de romances policiais, para lhe confessar que tem mantido um romance com a sua mulher.

Andrew afirma aguardar há muito por este momento - que considera ideal para cometer o crime perfeito, propondo a Tindle que este roube as jóias do cofre da sua mansão, ficando o dinheiro do seguro para Andrew e as jóias para Milo. Só que aquilo que parecia ser um inconsequente jogo acaba por ter consequências trágicas...dando início a uma batalha de génios onde nada é o que parece.

 

Crítica: Com Michael Caine e Jude Law nos principais papéis, Autópsia de um Crime é um remake do clássico de Joseph L. Mankiewicz com realização do conceituado Kenneth Branagh e argumento do dramaturgo galardoado com o Prémio Nobel da Literatura Harold Pinter.

À semelhança do que aconteceu em Alfie, os papeis que outrora pertenceram a Michael Caine, são agora atribuídos a Jude Law. Deste vez, Caine só troca de lugar e contracena com o seu sucessor numa adaptação de um filme de 1972. E, logo nas primeiras cenas se nota a adaptação para os nossos dias, uma mansão na ponta da tecnologia, à porta da mesma encontramos um luxuoso automóvel. Tudo dentro da casa mostra o estilo de vida e as posses de Andrew Wike.

Milo Tindle toca à campainha para conversar com Andrew, um homem abastado e escritor de best-sellers policiais. A conversa deverá servir para Milo convencer Andrew a divorciar-se da mulher, recentemente fugida com o actor de ascendência italiana e, às primeiras vistas, parece estar a resultar.

Wyke apenas impõe uma condição: o amante tem de conseguir manter o estilo de vida luxuoso de Maggie - a mulher - e, como tal, deverá seguir à risca um plano fraudulento que o dono da casa engendrou e que, de acordo com o que está agendado, deixaria Tindle com jóias suficientemente valiosas para fazer uma exposição num museu. Por detrás da encenação há uma vingança latente que depressa vem ao de cima e que faz de Sleuth uma espiral de chantagens, jogos físicos e psicológicos e crimes perfeitos (ou nem tanto).

Este filme acarretava com o peso de ser um remake de um filme aclamado, visto que o original (1972) foi um enorme sucesso, sendo nomeado para quatro Óscares. No entanto, embora aparente ter encenações e dramas a mais, Jude Law e Michael Caine representam muito bem os seus papéis, não perdendo a coerência, mesmo nos momentos em que se inventam subtilezas de personalidade. E, tendo em conta, que toda a história tem apenas estes dois actores em cena, é um luxo observar os seus desempenhos.

O aspecto menos favorável do filme é a forma como é filmado: a maior parte das imagens e dos diálogos são vistos através das câmaras de vigilância, tornando-o, em alguns momentos, maçador e cansativo.

publicado por AS às 15:38

05
Set 08

 

 

Depois de uma das maiores promoções de sempre, o cavaleiro das trevas chegou e já vem arrasando records atrás uns dos outros.

A nova saga do homem-morcego, agora conduzida por Christpher Nolan e com Christian Bale no papel principal, promete destronar a versão de Tim Burton de Gotham City, sendo que é dificil fazer esquecer a visão fabulosamente gótica que Burton deixou da cidade e do seu mais famoso residente, assim como dos vilões que sempre o acompanharam...

Neste segundo filme da nova saga, dois actores carregam o peso de substituir anteriores bons desempenhos, sendo que cabe ao já falecido Heath Ledger, aguentar o peso de substituir um dos melhores actores de sempre (Jack Nicholson) como Joker, numa personagem que se tornou o centro da promoção e do próprio filme, relegando mesmo Batman para um segundo plano. Quanto a Aaron Eckhart, é-lhe pedido que substitua Tommy Lee Jones como Two-Faces, numa visão mais politizada de Harvey Dent.

Depois de uma excelente entrada na nova visão da Saga, em Batman Begins, surgiu um grande mistério e antecipação em torno deste segundo filme. A partir do momento em que se registaram as primeiras aparições de Heath Ledger enquanto Joker, tudo isso explodiu subindo a pique o frenesim em redor do filme.

E pode-se dizer que... estão de parabéns. Todo o mito gerado em torno deste cavaleiro das trevas, teve fundamento não sendo no entanto um filme perfeito, como poderia até prever-se. Conforme já foi dito, Nolan tem que fazer esquecer a visão fabulosa e gótica que Tim Burton teve de Gotham, e fá-lo de forma fenomenal, começando The Dark Knight com uma cena em pleno dia, com muita luz e cor, apresentando a personagem mais esperada do filme: Joker. E aqui, uma palavra de pesar, pois Heath Ledger não merecia a morte, e depois desta fabulosa interpretação, o mundo do cinema está definitivamente mais pobre sem aquele de facto poderia facilmente substituir grandes nomes da representação. Ledger, com este Joker, carrega o filme, deixando papel mais facilitado para Bale, Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman e Morgan Freeman.

Eckhart no entanto mostra que tem muito mais potencial que aquele que haviamos visto até aqui, não envergonhando ninguém e estando mesmo fenomenal como um Two-Faces político, mas inseguro e decididamente com dois lados da mesma moeda...

De Michael Cane e Morgan Freeman, quase não é preciso falar... são decididamente dois grandes senhores da representação, cabendo a Cane um papel bastante forte enquanto Alfred, sendo o braço direito de Bruce Wayne e um seu grande amigo, tratando-o como um filho. Michael Cane mostra o quão humano consegue ser, interpretando uma personagem de si muito humana e importante no desenrolar da história. Quanto a Freeman, o seu Lucius Fox está a muito bom nivel, funcionando quase como o Q deste Batman de Nolan.

Batman/Wayne/Bale.... quase não precisa de palavras. Decididamente uma escolha acertada que ombreia com a escolha de Michael Keaton para os Batmans de Burton, embora tenha aqui, com Nolan, um lado mais pessoal, mais sentimental, e de certa forma, mais negro. Christian Bale segura bem este tipo de papel com toda a sua dedicação transformando-se ele próprio numa pessoa confusa e que de dia é um comum mortal e de noite é um vigilante que luta para limpar as ruas da sua cidade.

Maggie Gyllenhaal tem aqui um muito bom desemepenho, “tapando” a aparição no primeiro filme de Katie Holmes, estando uns furos acima da sua antecessora, e dando um lado mais emocional à história, coisa que com Holmes não havia sido tão bem explorada.

Gary Oldman tem aqui uma interpretação bastante interessante, ainda que de certo modo, um pouco curta, tal como a maior parte dos seus colegas de plateau... já que sem qualquer dúvida, Nolan terá que suar para conseguir ter alguém com tanto destaque para próximos filmes, como esse infeliz Heath Ledger, claramente no melhor Joker já visto, conseguindo mesmo bater o grande senhor que é Jack Nicholson.

publicado por FV às 16:38

01
Set 08

 

 

Depois de um grande começo com filmes como Sinais e Sexto Sentido, Shyamalan começou a perder público com O Protegido, A Vila e especialmente A Senhora da Água. Este O Acontecimento, era o momento ideal para M. Night se tentar redimir junto dos seus fãs...mas parece que ainda não é desta...

Todos esperaram demasiado do realizador indiano que mais uma vez provou que, apenas para os fãs (e não todos) ainda sabe o que faz... Se com A Vila, foi por vezes incompreendido (naquela que será uma história muito bela e inocente, recheada de grandes interpretações), A Senhora da Água foi definitivamente a gota de água... nem sendo salvo pelo facto de ser uma “bed-time-story” que contava às suas filhas.

Bem, com O Acontecimento, M.Night começa de uma forma fenomenal, retratando algo que está a fazer com que as pessoas se decidam começar a suicidar... podendo no caso extremo levar ao extermínio da raça humana.

No centro das atenções vão estar Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo e Ashlyn Sanchez, como os elementos que acabam por tentar perceber o que de facto se passa com as pessoas e tentando rapidamente fugir daquele cenário apocalíptico.

Esta premissa puxa certamente pela imaginação de qualquer um, e também pela memória, fazendo-nos recordar alguams histórias de zombies do passado.

Mas não, Shyamalan não coloca zombies nas suas histórias. O indiano é uma pessoa mais complexa, que nos leva a duvidar por vezes do mundo que nos rodeia e da realidade à nossa volta... como havia feito em O Sexto Sentido e A Vila.

Em O Acontecimento, Mark Wahlberg interpreta um professor (Elliot Moore), que com a sua mulher (Alma Moore – Zooey Deschanel)  e um amigo (John Leguizamo) e sua filha (Ashlyn Sanchez) fogem  de Filadélfia, quando são “apanhados” pelo caminho pela praga inexplicável que assola o estado. As interpretações estão a bastante bom nível, sendo que o trio principal, Wahlberg, Deschanel e Sanchez mostra desde logo uma química interessante, em especial entre Zooey e a pequena Ashlyn.

Mas, no entanto, Shyamalan, acaba por, mesmo tendo excelentes actores e boas interpretações, não cativar (mais uma vez) o publico, com uma história que se torna confusa e com muitas pontas soltas, acabando o filme sem uma explicação concreta... caindo um pouco abaixo das suas obras anteriores por este ponto... É que por muito errado, incompreendido ou mesmo louco que estivesse, as suas histórias tinham uma explicação... nesta fica ali algo a soprar no meio das árvores, a deixar-nos em suspenso sobre a real razão da praga que extermina a sociedade... sendo por isto um filme imperfeito e de certa forma perdido no universo deste grande realizador que não consegue ainda assim, desde O Sexto Sentido, uma opinião unanime nos espectadores...

publicado por FV às 16:36

21
Ago 08

 

 

E se de repente toda a nossa vida ficasse virada do avesso? E se uma das pessoas mais importantes desaparecesse para sempre, num acidente trágico e brutal?

E se, depois de tudo isso, a pessoa responsável tivesse a cobardia de fugir...

Com esta premissa, Terry George realiza este filme, que nos deixa sempre a pensar no que fariamos se estivessemos na situação de Mark Ruffalo e Joaquin Phoenix...pais destroçados por um acaso do destino, separados por uma ténue linha que os une. Terry George filma de forma brilhante a dor e sofrimento de duas familias em busca de sossego e tranquilidade cuja vida se cruza de forma quase incrivel...criando todo um drama forte e potente que nos deixa desolados e presos à cadeira.

Joaquin Phoenix tem aqui um papel fenomenal como pai destroçado, procurando todas as formas de superar a morte do seu filho, que sucumbiu de forma trágica depois de um dos momentos mais felizes da família.

Mark Ruffalo surpreende também, encarnando o outro vértice da perigosa situação como a pessoa responsavel (ainda que de forma involuntária) da morte desta pobre e inocente criança. Rufallo, que enfrenta a dor e mágoa pelo que faz, imaginando que o jovem poderia ter sido o seu proprio filho, e que poderia ser outro perfeito estranho a ocupar o seu lugar...

É ainda corajosa a forma como Terry George nos apresenta a história e entrelaça ambas as familias, numa teia muito complicada de tecer e à qual nos faz sentir cada vez mais presos à medida que o enredo avança. Ao contrário de outros filmes do género, George opta por não abordar a visão da vingança e do vigilante, transportando-nos para um mundo real e doloroso, como ele na realidade é, deixando os floreados de lado e fazendo-nos sentir como qualquer um daqueles pais... Uma visão crua e real de uma tragédia, como há muito não se via no cinema.

Os parabéns a este acto arrojado de um grande realizador, que tem também no casting uma escolha acertadíssima, pois não só conforme já referido, Phoenix e Ruffalo estão fenomenais,  como a escolha das actrizes para os suportarem (Mira Sorvino e Jennifer Connelly) foi a mais acertada, pois ambas dão um toque ideal, muito emotivo a uma história já de si forte...

Outro papel que está muito tocante é o da pequena Elle Fanning, não deixando por mãos alheias o apelido, e reclamando para si a fama que a irmã (Dakota) já conquistou no mundo de Hollywood.

Em resumo, um filme aconselhado, um dos melhores a estrear nas nossas salas neste ano, mas tendo em conta que pessoas mais sensiveis poderão “sofrer” com a história... e com a pura das realidades que ela retrata.

 

publicado por FV às 16:32

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