Tenho que começar este post por dizer que gosto muito de Nick Hornby. Quando não estou a ler Policiais (nos últimos anos nórdicos) estou a ler Nick Hornby. Gosto particularmente do Alta Fidelidade e do Juliet, Naked, mas não são desses que vou falar aqui.
E ao contrário de posts anteriores, também não vou fazer nenhuma espécie de crítica mas sim falar deles numa perspectiva mais pessoal. De alguma forma é como se sentisse que estes livros podiam ter sido escritos por mim.
Por isso vou falar antes de 31 Canções e de Febre no Estádio – Diário de um Fanático.
31 Canções é uma lista de músicas que o autor adora e tem de alguma forma uma relação emocional com elas. Embora não partilhe dos mesmos gostos musicais, revejo-me totalmente na parte emocional das canções.
Eu sempre gostei de música, de ouvir, de cantar, de partilhar, de tocar. A música sempre esteve presente na minha vida. A música foi aquilo que me deu forças para continuar quando tudo o resto falhava.
Aprendi a tocar e a cantar, tive que desistir de ambos, e voltei a fazê-lo depois dos 30. E é tão bom reviver tudo aquilo que tocar guitarra me traz e ver como me transformo e me entrego a algo que gosto tanto de fazer!
E, à semelhança do que acontece com Nick Hornby, também tenho uma série de canções sobre as quais poderia listar e escrever todas as memórias e emoções que elas me trazem. Quem sabe se não o faço um dia!
Febre no Estádio – Diário de um Fanático descreve a relação do autor com o seu clube de futebol, o Arsenal de Londres. Quem me conhece sabe que sou adepta do Benfica, e que raramente perco um jogo em casa.
O primeiro comentário que tenho que fazer a este livro é que, bem se às vezes acho que sofro demasiado com o Benfica, ainda bem que não sou do Arsenal! Ninguém merece tanto desastre! Eu até simpatizo com o clube, mas em Inglaterra sempre preferi o Liverpool.
Em comum com Nick Hornby tenho que em parte, se sou do Benfica, é graças ao meu Pai, e se vou tantas vezes ao estádio, é muito porque em parte é aquilo que nós sabemos fazer juntos. É o nosso momento de cumplicidade, que é só nosso! A minha mãe dizia que o meu Pai nunca pensou que, dos três filhos, quem o iria acompanhar nas loucuras futebolísticas seria a menina mais nova.
E de facto, como também me acontece com a música, o futebol, e o Benfica em particular, também despertam em mim uma série de comportamentos e emoções que mais nada traz.
A última época foi difícil para nós, não por ter sido um desaire desportivamente, de 4 competições ganhamos 3, mas pelo revês emocional a que nos obrigou.
A minha mãe e o Eusébio faleceram num espaço de uma semana. Eu não sou crente nem supersticiosa, mas quando vi as notícias da morte do Eusébio, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: Bolas, de facto os bons nunca morrem sozinhos! É óbvio que não senti a morte do Eusébio da mesma forma que senti a da minha mãe, nunca o conheci pessoalmente, nem há comparação possível, mas de alguma forma senti que toda a nação benfiquista partilhava um pouco da dor e do luto que ocupavam o meu coração na altura. Por esta coincidência ou ironia do destino, como lhe queiram chamar, o ir ao futebol ocupou ainda maior importância na minha vida e na do meu Pai.
Por isso, quando estávamos no Estádio da Luz, no jogo em que nos sagramos campeões nacionais, no meio dos festejos toda a gente começa a gritar pelo Eusébio e pelo Coluna, e eu, mantive-me em silêncio e postei no Facebook: O Eusébio e o Coluna que me desculpem, mas esta é para ti Mãe! Porque era mesmo isto que eu sentia, porque sei que se pudesses ias estar felicíssima por nós. E preocupadíssima também, porque nunca mais chegávamos a casa!
Por tudo isto, embora não sejam os meus livros preferidos do Nick Hornby, são de longe aqueles com os quais me identifico, e quem sabe se um dia escrevo mais a sério sobre ambos!