29
Jan 07


The Good, The Bad & The Queen
. Damon Albarn (Blur, Gorillaz), Paul Simonon (The Clash), Simon Tong (The Verve, Blur), Tony Allen. A nova onda da música britânica. O regresso de Albarn.

Começando pelo principio: em 1999, "Music is My Radar" juntou Tony Allen aos Blur. Aí, Albarn interessou-se pelo afro beat como se pode comprovar no seu àlbum a solo "Democrazy". Em 2002, Simon Tong substituiu Graham Coxon, quando este saiu dos Blur. Para completar, juntou-se o ex-baixista dos The Clash, Paul Simonon. E assim nasceram os The Good, The Bad & The Queen.

Devido à sua "múltipla personalidade musical", Albarn é hoje em dia uma das maiores figuras da música britânica. Neste seu novo projecto percebe-se essa característica, com músicas, como "Herculean" a fazerem lembrar alguns registos dos Gorillaz, e outros registos mais calmos, como "Nature Springs" e  "A Soldier's Tale" a beberem nos últimos àlbuns dos Blur.
Albarn mostra aqui uma escrita mais depurada e adulta, que pouco tem a ver com os seus primeiros tempos dos Blur, enquanto que Paul Simonon acrescenta a sua pulsão dub em pequenos apontamentos e, de uma forma mais discreta, Simon Tong introduz uns pequenos pozinhos de guitarra. Tony Allen participa de forma eficaz, inserindo na música múltiplos elementos rítmicos que nunca se sobrepõem ao todo mas tornam as canções mais ricas.
Este não é concerteza um álbum para quem procura um escape para as agruras da vida, pelo contrário, é um olhar reflexivo e maduro sobre o envelhecimento. Um álbum definido pelo próprio Albarn como "o sucessor natural de Parklife" dos Blur, e um álbum "muito inglês" e "muito cosmopolita".
No final, fica a ideia que Albarn tem muito mais para mostrar e que este álbum caminhando por rotas do pensamento, no seu tom mais adulto, será um passo em frente na carreira deste grande músico, tendo como canções mais marcantes os singles "Herculean" e "Kingdom of Doom", bem como "History Song", "'80's Life" e "Behind the Sun".
Alinhamento do álbum
 1. History Song
 2. '80's Life
 3. Northern Whale
 4. Kingdom of Doom
 5. Herculean
 6. Behind the Sun
 7. The Bunting Song
 8. Nature Springs
 9. A Soldier's Tale
10. Three Changes
11. Green Fields
12. The Good, The Bad & The Queen
publicado por FV às 18:37

26
Jan 07

Sinopse: Doze anos depois da publicação do seu conhecido livro Inventem-se Novos Pais, Daniel Sampaio actualiza as questões de relacionamento entre pais e filhos adolescentes. Em Lavrar o Mar é proposto um novo olhar sobre o quotidiano das famílias: é tempo de responsabilizar os jovens pelos seus comportamentos, é o momento para deixar de os considerar imaturos. Nesta obra, salienta-se a decisiva importância de uma infância organizada à volta do amor e da disciplina, como garante de uma adolescência saudável; estimulam-se novas formas de diálogo entre pais e filhos, sem esquecer que a decisiva palavra tem de caber aos mais velhos; e são dados numerosos exemplos de possíveis conflitos quotidianos como os horários, os dinheiros, os prémios e os castigos, a Internet, o sexo, o álcool e as drogas.
Em correspondência com Eulália Barros, o tema da escola é revisitado e são apontadas novas linhas de reflexão sobre o ensino e a aprendizagem.
Escrito de forma clara e acessível, mas sedimentado numa vasta experiência do autor no trabalho com adolescentes, Lavrar o Mar é uma obra indispensável a pais e educadores e um oportuno momento de reflexão para os mais jovens.

Daniel Sampaio publica com regularidade desde 1978, e os seus livros centram-se sobretudo nas dificuldades dos pais e professores na relação com os adolescentes. De entre os seus títulos, destacam-se Ninguém Morre Sozinho, Inventem-se Novos Pais, A Arte da Fuga, Tudo o Que Temos cá dentro e Vagabundos de Nós, todos publicados na Editorial Caminho.
Inventem-se Novos Pais e Vagabundos de Nós, estão publicados no Brasil
Tem colaborado em vários programas de rádio e televisão e é cronista semanal na Revista XIS, do jornal Público. À versão teatral de Vagabundos de Nós, levada à cena em 2004, no Teatro Maria Matos, foi atribuído o Prémio Marcelino Mesquita da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos.
Daniel Sampaio é médico psiquiatra e Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa. Fez a sua formação com Maurizio Andolfi e Carl Whitaker e foi um dos introdutores da Terapia Familiar em Portugal.

Critica: Para quem já acompanha o trabalho de Daniel Sampaio por vezes interroga-se como é que ainda é possível alguém se preocupar tanto com os jovens e com os seus problemas. Mas é exactamente isto que marca o trabalho do Dr. Daniel Sampaio: a sua capacidade de não se cansar de ajudar os adolescentes que, tantas vezes são incompreendidos. Os maus exemplos da televisão (leia-se Morangos com Açúcar) e os horários de trabalho por vezes incompatíveis com a educação dos filhos, torna a tarefa parental cada vez mais difícil. E é exactamente isto que é alertado no livro: que é desde a infância que é necessário estabelecer limites educacionais e disciplinares, por muito que estes sejam difíceis, não se pode viver à mercê das vontades e desejos da criança. Só assim se pode garantir um crescimento “saudável” e uma adolescência feliz, nunca esquecendo que a escola desempenha um papel importante no processo, mas que em circunstância nenhuma pode substituir a educação e o amor que só os pais podem dar. Em Inventem-se Novos Pais, os pais eram aconselhados a estarem atentos aos comportamentos “perigosos” dos filhos, que podiam ser indicativos de doenças como a anorexia. Em Lavrar o Mar o alerta é feito (finalmente) na responsabilização dos adolescentes pelos seus actos, já basta de jovens irresponsáveis que só sabem exigir! E é essa coragem que tem que ser necessária! A falta de tempo dos pais não pode, nem deve ser compensada com telemóveis, playstations, leitores de MP3, etc.

 

publicado por AS às 16:56

25
Jan 07


Sinopse: Depois de Match Point (2005), Woody Allen decidiu voltar a escolher Londres como cenário para o seu novo filme, bem como Scarlett Johansson para actriz principal.

 Sondra Pransky (Scarlett Johansson) é uma jovem nova-iorquina estudante de jornalismo que se encontra em Londres de visita a uns amigos. A sua estadia seria perfeitamente normal se não se visse envolvida num estranho episódio: o falecido jornalista britânico Joe Strombel, cuja morte ainda está a ser chorada pelos colegas, mantém-se empenhado em seguir uma pista sobre a identidade de “O Assassino da Carta de Tarot” que está à solta em Londres. Mas estando morto como é que conseguiria continuar a investigação? É então que o “destino” decide cruzá-los, durante um espectáculo do mágicoThe Great Splendini” (Woody Allen) Sondra descobre que consegue ver e ouvir Joe, que lhe dá pistas sobre o caso. A investigação de Sondra vai conduzi-la ao atraente aristocrata Peter Lyman (Hugh Jackman), um homem de negócios influente e com aspirações politicas. Será que a sua paixão poderá ser um terrível assassino? Até que ponto vale a pena arriscar o seu próprio “pescoço” para conseguir a notícia da sua vida? É neste contexto que Woody Allen nos apresenta o seu novo filme. Inesquecível como não poderia deixar de ser. The Perfect Man. The Perfect Story. The Perfect Murder.

 

Critica: Woody Allen é um realizador único. Não há ninguém com uma criatividade de extremos como ele. Mas por vezes fazer um filme por ano tem os seus contras. Para quem gostou de Match Point, certamente vai gostar de Scoop, até porque foi no primeiro que Allen se “afastou” daquilo que estávamos habituados, e Scoop não foge a essa regra. Mas acaba por ter um senão, é muito cómico, de facto, mas por vezes torna-se demasiado previsível, nada ao estilo de Woody Allen. Mesmo Match Point, que muitos dos seguidores de Allen não gostaram, torna-se menos previsível, ou pelo menos, existiu a capacidade de dar à história um fio condutor que nos faz sempre achar que o filme vai acabar doutra forma. E é neste aspecto que Scoop acaba por falhar, é um filme cómico, bom para se ver numa tarde de fim-de-semana, mas falta-lhe o lado “louco” que Allen nos habitou em Deconstructing Harry ou Annie Hall.

publicado por AS às 15:52

22
Jan 07
Melhor Filme - Drama: BABEL
Melhor Filme - Comédia/Musical: DREAMGIRLS
Melhor Actor - Drama: Forest Whitaker - The Last King of Scotland
Melhor Actriz - Drama: Helen Mirren - The Queen
Melhor Actor - Comédia/Musical: Sacha Baron Cohen - Borat
Melhor Actriz - Comédia/Musical: Meryl Streep - The Devil Wears Prada
Melhor Actor Secundário: Eddie Murphy - Dreamgirls
Melhor Actriz Secundária: Jennifer Hudson - Dreamgirls
Melhor Realizador: Martin Scorsese - The Departed
Melhor Argumento Original: The Queen - Peter Morgan
Melhor Canção Original: Happy Feet - The Song of the Heart
Melhor BSO: The Painted Veil - Alexandre Desplat
Melhor Filme de Lingua Estrangeira: THE LETTERS FROM IWO JIMA
Melhor Filme de Animação: CARS
Melhor Série de Televisão - Drama: GREY'S ANATOMY
Melhor Série de Televisão - Comédia/Musical: UGLY BETTY
Melhor Mini-Série ou Filme feito para TV: Elizabeth I
Melhor Actor de Mini-Série ou Filme feito para TV: Bil Nighy - Gideon's Daughter
Melhor Actriz de Mini-Série ou Filme feito para TV: Helen Mirren - Elizabeth I
Melhor Actor de Série de Televisão - Comédia/Musical: Alec Baldwin - 30 Rock
Melhor Actriz de Série de Televisão - Comédia/Musical: America Ferrera - Ugly Betty
Melhor Actor de Série de Televisão - Drama: Hugh Laurie - House M.D.
Melhor Actriz de Série de Televisão - Drama: Kyra Sedgwick - The Closer
Melhor Actor Secundário de Mini-Série ou Filme feito para TV: Jeremy Irons - Elizabeth I
Melhor Actriz Secundária de Mini-Série ou Filme feito para TV: Emily Blunt - Gideon's Daughter




publicado por FV às 17:32

15
Jan 07

Ano Novo, tempo de balanços…

Vamos iniciar este ano com uma espécie de “Top Ten” dos filmes que vimos no cinema e que estrearam em 2006 em Portugal.

Como é a nossa iniciação por estas andanças foi-nos bastante complicado optar, dada a qualidade do cinema neste ano, na nossa opinião.

Estamos a avançar para anos bastante proveitosos na 7ª arte…

Como tal, algumas das posições estão repartidas por 2 filmes, dado que foi-nos muito difícil escolher e não queríamos deixar de fora os filmes que preferimos, ficando no entanto a nota de que muitos mais poderiam ainda ter entrado nesta lista mas não a quisemos também alongar em demasia.




Syriana


Passado no tenebroso mundo do negócio do petróleo, num país do Golfo, esta fita baseia-se na adaptação das memórias de Robert Baer, "See No Evil: The True Story of a Foot Soldier in the CIA's War on Terrorism". Em “Syriana”, o carismático Príncipe Nasir procura mudar o há muito estabelecido relacionamento com os interesses económicos americanos ao conceder os direitos de prospecção à oferta mais alta, neste caso feita por chineses. Bob Barnes é um agente veterano da CIA prestes a terminar a carreira e o seu último trabalho será o assassinato do Príncipe Nasir..
Syriana” é um trabalho negro e engenhoso que por vezes poderá parecer demasiado confuso para o espectador, devido ao facto das personagens envolvidas não terem a real dimensão do gigantesco jogo económico, político e até religioso em que estão inseridas, porque haveríamos nós de ter?

 

Munich

Em “Munich” seguimos os eventos ocorridos nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, quando um grupo de terroristas intitulado Setembro Negro fez refém 11 atletas israelitas.
Assim, assistimos logo à partida ao rapto, às negociações, e à morte dos atletas, seguindo-se depois a retaliação por parte da Mossad, que cria um grupo de homens sem nome e rosto, financia-os e exige a morte de todos os envolvidos no atentado.
Cinco homens estão assim na Europa em busca de vingança, e  esse é mesmo o nome do livro onde Spielberg se inspirou.
Recheado de um elenco internacional, onde curiosamente se nota a ausência de actores americanos, “Munich” é sem dúvida uma boa aposta, especialmente para os fãs do cineasta e para todos os que já há muito ansiavam um filme sobre a temática do conflito israelo-árabe, que estranhamente tem sido um dos maiores tabus do cinema.




Brokeback Mountain


Esta obra começou por ser um conto publicado no New Yorker em 1997, da autoria de Annie Proulx, tendo agora Ang Lee transposto a ideia para o cinema.
Nele seguimos a história do romance proibido entre dois cowboys, que começa num Verão de 1963, em Brokeback Mountain, e vai permanecendo à medida que os dois vão constituindo família. Longe dos maneirismos efeminados nas suas duas personagens, “Brokeback Mountain” está a mexer não só com o mundo do cinema, mas já ultrapassou as barreiras deste – gerando discussões um pouco por todo o lado.

 

The Black Dahlia

Há um crime que está a agitar a Hollywood dos anos 40. Elizabeth Short, actriz de série B, foi encontrada brutalmente assassinada. O detective Bucky Bleichert e o seu parceiro, Lee Blanchard, começam a investigar o caso. Cedo se apercebem que muito mais do que esperavam está em causa, nomeadamente corrupção e negócios ilícitos que ensombram o próprio departamento da polícia. Inspirado em factos verídicos. Com Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Hillary Swank, Aaron Eckhart, Mia Kirshner.




Inside Man

Denzel Washington, Clive Owen e Jodie Foster juntam-se neste thriller para explorar o fascínio do poder, a fealdade da ambição e o mistério de um assalto perfeito. Nos primeiros minutos da história assistimos impávidos, mas nunca serenos, ao assalto a um banco brilhantemente orquestrado – sendo para isso utilizados como reféns todos os presentes na instituição bancária. Logo depois, a acção volta-se para a resposta policial, havendo um maior destaque para a presença de Denzel Washington e Chiwetel Ejiofor como os líderes e negociadores com os assaltantes.
Desenganem-se porém se acham que este é um assalto comum, onde meia dúzia de sacos de dinheiro são o objectivo dos criminosos. No fundo, quem poderia responder melhor a esta questão é o dono do Banco, interpretado por Christopher Plummer, e Jodie Foster, uma mulher contratada por este último para recuperar algo que ele considera muito valioso.
O filme evolui assim em vários níveis da acção, nunca se confundindo nos objectivos, nem menosprezando os pequenos detalhes, e é aqui que surge a outra razão porque este filme é um deleite para os nossos olhos e mente: o dedo de autor de Spike Lee, com as suas questões políticas e sociais, o racismo e os jogos de poder sempre à flor da pele.

 




Derailed


 Este filme segue Charles Schine (Clive Owen), um homem que conhece num comboio Lucinda (Jennifer Aniston), com quem vai ter um caso. Mas é quando LaRoche (Vincent Cassel), um perigoso criminoso, entra em acção e faz chantagem com Charles que a sua vida vai levar uma grande volta, onde nada é tão simples como parece. Apesar de muitos ansiarem o regresso de Owen após dois brilhantes papéis no ano passado, em “Sin City” e “Closer”, parece que o show é mesmo dado por Vincent Cassel.

 

A History of Violence

A History of Violence adapta a novela gráfica da linha Paradox Graphic Mystery, cujo segundo livro “Road To Perdition” já foi adaptado ao cinema por Sam Mendes. “A History of Violence” dá-nos a conhecer a história de Tom McKenna (Viggo Mortensen), um homem pacífico e calmo que vive com a família numa pequena cidade. No entanto, Tom acaba por se transformar numa figura da ribalta, após assassinar em legítima defesa dois criminosos no seu restaurante. De repente, Tom transforma-se um ídolo para as gentes da pequena localidade e é confrontado com um homem que insiste em afirmar que ele foi um antigo membro do seu bando.

 




Little Miss Sunshine


Nenhum dos Hoovers é normal, mas não é por não se esforçarem. O pai Richard, um orador que fala sobre motivação e que é profundamente optimista, tenta desesperadamente vender o seu programa em nove passos para o sucesso – sem grande sucesso. Entretanto, a "pela-honestidade" mãe Hoover, Sheryl é constantemente perseguida pelos segredos excêntricos da sua família, em especial os do seu irmão, um gay suicida professor de Proust que acabou de sair do hospital após ter sido abandonado pelo seu amante. Depois há ainda os jovens Hoovers com os seus estranhos sonhos – a caixa de óculos, ligeiramente redonda, futura rainha da beleza, com sete anos, Olive e Dwayne, um teenager alimentado de fúria que lê Nietzsche e que fez um voto de silêncio até entrar na Academia da Força Aérea. Para terminar o conjunto temos o avô, um hedonista falador que acabou de ser expulso do lar por consumir heroína. Podem não ser a imagem da saúde mental, mas quando por um golpe de sorte Olive é convidada a participar da difícil competição "Little Miss Sunshine" na Califórnia, toda a família Hoover a apoia. Enfiam-se na sua ferrugenta carrinha VW e dirigem-se para Oeste numa viagem tragico-cómica de três dias cheia de loucas surpresas, terminando com a grande iniciação de Olive – o que vai alterar por completo a estranha família de forma inimaginável.

 

 

The Departed

A acção de "The Departed: Entre Inimigos" ocorre em South Boston, onde a polícia federal trava uma guerra contra o crime organizado.O jovem polícia Billy Costigan (DiCaprio) é infiltrado no bando de Costello (Nicholson), um chefe da Máfia local. Enquanto Billy ganha a confiança de Costello, Colin Sullivan (Damon), infiltrado na polícia como informador de Costello, ascende a uma posição de poder na Unidade Especial de Investigação.
Cada um dos homens embrenha-se profundamente na sua vida dupla, recolhendo informações sobre os planos e operações de cada um dos lados. Mas, quando se torna claro, quer para os policias quer para os gangsters, que existe uma toupeira entre eles, Billy e Collin passam a estar subitamente em perigo de serem descobertos e cada um inicia uma corrida para desvendar a identidade do outro a tempo de se salvarem.

 

 



Babel


Um autocarro repleto de turistas atravessa uma região montanhosa de Marrocos. Entre os viajantes estão Richard e Susan, um casal de americanos. Ali perto os meninos Ahmed e Youssef manejam uma espingarda que o seu pai lhes deu para proteger a pequena criação de cabras da família. Um tiro atinge o autocarro, ferindo Susan. A partir daí o filme mostra como este facto afecta a vida de pessoas em vários pontos diferentes do mundo: nos Estados Unidos, onde Richard e Susan deixaram os seus filhos aos cuidados da ama mexicana; no Japão, onde um homem tenta superar a morte trágica da sua mulher e ajudar a filha surda a aceitar a perda; no México, para onde a ama acaba levando as crianças; e ali mesmo, em Marrocos, onde a polícia passa a procurar suspeitos de um acto terrorista....

Babel”, um filme que promete uma vertigem de emoções, lá desde o alto da torre Babilónica contemporânea… a compreensão humana…

 



Match Point


Match Point
, o ultimo filme desse génio de nome Woody Allen será provavelmente o mais aclamado filme de Allen da última década.
Woody Allen faz alterações substanciais ao seu estilo, trocando Nova Iorque por Londres, o jazz por ópera, a comédia pelo crime puro, sem margem para as gargalhadas mas com uma ironia acutilante. Mas muito permanece semelhante, ou não fosse Allen um autor: a sua abordagem das problemáticas das relações humanas, um certo olhar sobre a classe alta, a intenção crítica.
O realizador optou desta vez por um cast britânico onde é excepção a presença americana da cada vez mais amada Scarlett Johansson. No entanto, e apesar de Johansson estar irrepreensível (e irresistível) como a femme fatale Nola Rice, é Jonathan Rhys-Meyers o grande protagonista e a interpretação mais arrebatadora desta película. O seu Chris, jovem treinador de ténis que ascende socialmente graças à relação com Chloe (Emily Mortimer), irmã de um dos seus alunos, tem um percurso ascendente cujo único mérito próprio é a discrição com que disfarça a sua ambição cujos frutos a pouco e pouco vai consolidando. Todavia, uma única fraqueza ameaçava ruir com a vida que a pouco e pouco conseguiu para si: o seu affair com Nola Rice, uma ex-namorada do seu cunhado (Matthew Goode). Leitor de Dostoievski (o sugestivo Crime e Castigo) e apreciador de ópera italiana, Chris conquista não só Chloe como toda a sua família. Mas o seu carácter é tudo menos nobre. De facto, a sua principal característica, com a qual o filme se inicia e termina e que marca as melhores peripécias e os desfechos da película, é a sua sorte. Materializada e metaforizada nos dois cenários possíveis para a queda da bola de ténis, essa sorte é a chave de Match Point. Mas a sorte não lhe apagará a culpa.




Children of Men


2027. Não se sabe o motivo, mas as mulheres não conseguem engravidar. O mais novo ser humano morreu aos 18 anos e a humanidade discute seriamente a possibilidade de extinção. Theodore Faren é um homem bem sucedido na vida, ocupa um cargo importante, tem amigos poderosos e consegue andar na rua e sentir-se seguro. Mas é sozinho e sombrio, de uma forma como apenas Clive Owen consegue ser, esbanjando charme mesmo com umas olheiras profundas e um semblante carregado – apesar do bom desempenho de todos os actores secundários, torna-se claro que o filme "é dele". A acção começa rapidamente. Theo é raptado por um grupo de activistas que ainda acredita que vale a pena lutar apesar de não haver futuro (literalmente, repito). O seu objectivo é conseguir condições de vida justas aos milhões de emigrantes que povoam a Grã-Bretanha e que são tratados como animais e criminosos. Os "Fisches", nome do grupo, são liderados por Julian Taylor (Julianne Moore), mulher que mantém uma estranha relação de confiança com Theo, e que o solta logo após ele se comprometer a ajudá-los: Theo deve arranjar um livre-trânsito para uma criança clandestina muito especial. É à volta desta criança que o resto do filme se desenrolará, pois ela não é outra senão aquela que pode vir a salvar a humanidade. A primeira, em 18 anos, a transportar um filho. Theo encontra a sua razão para viver, mais do que sobreviver os últimos anos que o esperam e vai empenhar-se numa cruzada solitária para salvar a vida da jovem Kee e a tão preciosa vida por ela transportada, abdicando da sua própria vida recatada e bem planeada. Para mostrar que afinal, ainda é possível um homem preocupar-se com o seu semelhante, mesmo que não saiba nada sobre ele.

 

The Illusionist

Passado na Áustria de final de oitocentos, numa época em que o conflito entre crenças tradicionais e a “fé” na razão e no progresso estavam na ordem do dia, a história revolve em torno da figura que dá nome ao filme. O ilusionista é Eisenheim (Norton), um misterioso homem que deslumbra plateias com os seus truques e enfurece o príncipe herdeiro ao envolver-se com a sua noiva, o amor de infância do mágico. Unidos por uma paixão mas separados por condicionantes sociais e políticas, Eisenheim e a sua marquesa vão ser brutalmente separados o que acarretará uma vingança bem urdida por parte dele.
Se por um lado o filme tenta ilustrar esse conflito filosófico entre fé e razão, jogando satisfatoriamente com a questão das ilusões e da capacidade de as pessoas acreditarem naquilo que vêem (mesmo sem compreenderem), um olhar mais atento revelará pouco mais que uma história de amor que nada traz de novo, com surpresas facilmente descortináveis e os habituais salamaleques de filmes do género ambientados numa época e num meio de aparato visual.




Breakfast on Pluto


É a história de Patrick ‘Kitty’ Braden, um jovem que em criança fora deixado pela mãe à soleira da porta do padre de uma localidade da Irlanda do Norte. Entregue a uma mulher local para ser por ela criado, Patrick depressa descobre que não só não é ela a sua mãe verdadeira como ele não é tão masculino como o seu sexo corporal indica. A assunção desde a adolescência de uma postura feminina escandaliza a sociedade extremamente católica do seu meio e depressa Patrick, ou Patrícia Kitten, como prefere ser chamado, sai de casa e parte, em busca de liberdade, do amor das canções que ouvia e da mãe que nunca conheceu.
O filme é precisamente a odisseia da vida de ‘Kitten’, a sua relação com os amigos, os vários homens que entram na sua vida e a sua desmembrada família. Como pano de fundo, os politicamente conturbados anos 70, em que a luta entre Republicanos Irlandeses e Inglaterra atingia um pico.
Na verdade, toda a vida de Kitten é marcada por uma forte noção de impossibilidade: impossibilidade do amor dos pais verdadeiros e de ser na prática filho de cada um deles, impossibilidade de ser mulher tendo nascido homem, impossibilidade de receber um amor puro e total sendo sempre visto como um travesti excêntrico, impossibilidade de ser descontraído, glamouroso e mordaz, numa conjuntura “serious serious serious”. Como ele diz, ria-se para abafar as lágrimas. E é esse carácter extremamente (aparentemente) divertido de ‘Kitten’ que faz com que o espectador oa adore desde o início. Originalmente honrada e por vezes provocadoramente inocente, ela nunca desiste, mesmo que a sua vida seja pautada por uma série de infelicidades. Uma cena paradigmática da sua postura é a sua prisão ao ser acusada de colocar uma bomba numa discoteca em Londres, e a sua delirante confissão bem como a sua recusa em sair da cela.


V for Vendetta


Baseado na novela gráfica criada por Alan Moore e David Loyd, “V for Vendetta” segue a história de um homem que se levanta contra um regime totalitário e tenta despertar toda uma população da sua apatia e conformismo.
Este filme gerou alguma polémica um pouco por todo o lado. O especialista em cinema Jeff Giles (“Newsweek”) criticou a produção da obra por esta “pensar que terrorismo é sinónimo de revolucionário” e, acrescentou, “o filme contém diálogos que ofenderiam a qualquer um que não seja, digamos, um homem-bomba”. Outra das críticas que Jeff Giles desferiu foi contra a suposta superioridade moral atribuída ao herói do filme (“V”) e ficou profundamente irritado com o diálogo “explodir um edifício pode mudar o mundo”. Já a “Time”, através do seu crítico Lev Grosman, publicou um artigo com o nome “The mad man in the mask" (O louco mascarado) e questionou-se como um estúdio de Hollywood pode concordar em realizar um filme cujo protagonista é um bombista que tem como lema “destruir um prédio, pode mudar o mundo”. A verdade é que destruir um prédio, pode mesmo mudar o mundo (o que não significa para melhor). A verdade é que o medo instalou-se no mundo e nas pessoas, e naturalmente que há sempre quem vá longe demais na forma como resolver estas questões. E “V de Vingança” segue por essas linhas, caricaturadas e transformadas de forma hiperbólica num regime ultra fascista.
Não convém porém esquecer, e à margem de todo o contexto político em seu torno, que “V de Vingança” tem uma forte componente de entretenimento, ou não se tratasse de um produto de cinema vendido em salas. Nesse aspecto, “V de Vingança” vence, mesmo sem o apoio do seu criador, que já nos habituou, do alto do seu pedestal, em criticar todas as suas obras adaptadas ao cinema.

 

Perfume: The Story of a Murderer

Jean-Baptiste Grenouille nasce em circunstâncias pouco dignas, em 1738, no Mercado de Peixe de Paris. Em terna idade se apercebe de que é dotado de um olfacto bastante refinado. Na adolescência, e após conseguir sobreviver às criminosas condições de trabalho de uma tinturaria local, Grenouille inicia-se como aprendiz na perfumaria de Baldini. Rapidamente ultrapassa o mestre na arte de misturar essências, e estas tornam-se a sua obsessão – uma obsessão que o leva a afastar-se da companhia de outros seres humanos. Dominado pela ideia de preservar os aromas humanos, ele assassina, sem escrúpulos, jovens mulheres cujo cheiro peculiar chama a sua atenção. O drama adensa-se quando Grenouille se depara com a bela Laura, a qual se lhe apresenta como possuindo uma espécie de essência sobrenatural. Outros assassinatos inexplicáveis se sucedem e o pai de Laura, o nobre Richis, suspeita que a vida da sua filha está também em grande perigo. Um verdadeiro jogo de gato e rato entre o amor fraternal e a paixão mortal começa...



Alexandra Silva & Filipe Vilhena
publicado por FV às 17:23

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