A Weekend in the City (2007)
1-Song For Clay (Disappear Here) |
Depois do sucesso que foi Silent Alarm e os primeiros EPs da banda, os Bloc Party nunca deixaram de reinventar a sua música. Assim, em Weekend in the City, um álbum ambicioso e emocional que tem como base tudo o que foi feito anteriormente mas que, nota-se desde a primeira vez que é ouvido que há um corte com o passado. Daí que, muitos não consigam gostar deste álbum. É diferente de facto, exige mais “paciência” e não é tão cativante de início como Silent Alarm. Mas desengane-se quem acha que A Weekend in the City não é um bom álbum, ou que os Bloc Party se deslumbraram com o sucesso de Silent Alarm. Nada disto é verdade, porque enquanto que no álbum anterior por vezes tínhamos a sensação que não sabíamos o que se poderia esperar de música para música, porque ora estávamos perante uma música agressiva, ora calma e romântica, feito para ser viciante e bastante agradável de se ouvir, em A Weekend in the City, isto acontece, mas não é tão imediato e de forma diferente. Nota-se que neste álbum os sentimentos dos Bloc Party são expressos nas músicas. Kele Okereke expressa como vê a cidade de Londres no século XXI, a solidão e o desapontamento estão constantemente presentes, já para não mencionar o racismo, homo fobia e hipocrisia religiosa. Em A Weekend in the City, encontramos uns Bloc Party mais tristes e desiludidos, no entanto mais justos e maduros, mais entregues de alma e coração ao que fazem do que nunca. Isso é reflectido logo na faixa inicial do álbum, Song for Clay (Disappear Here) que apesar de ser uma música de rock incisivo, é no entanto intimista e implosivo. Okereke continua a cantar como se o mundo fosse acabar amanhã, com toda a energia que consegue, mas as letras são mais refinadas. Okereke tornou-se um excelente letrista, combinando ambivalência com a utilização de termos directos, que se nota em músicas como Waiting for the 7:18 ou Kreuzberg. À semelhança do que acontece com Silent Alarm, o álbum começa com músicas muito rock, e vai decrescendo de ritmo, até chegarmos a musicas como I Still Remember ou Sunday, que não sendo tão poderosas como This Modern Love ou So Here We Are, são igualmente viciantes.
A Weekend in the City é um álbum mais pop, mais radio-friendly que Silent Alarm, mas talvez consiga ter mais impacto que o primeiro por ser mais emocional. A maioria das canções segue uma fórmula previsível de versos sussurrados e grandes coros, enquanto a bateria de Matt Tong, adiciona um ar mais agressivo a um álbum suave, os riffs em A Weekend in the City são bastante semelhantes entre si.
Algumas faixas abordam “novos temas” tais como em On que mostra a diferença ténue entre estar viciado em drogas ou em alguém, enquanto que The Prayer refere o sentimento ritualista de dançar numa discoteca a abarrotar de gente através das vozes sonantes, baterias pesadas e guitarras; e em Where is Home? a sonoridade é usada para expressar raiva em vez de ilações.
A resposta dos fãs dos Bloc Party ao seu lado mais negro poderá ser desapontante, pelo menos inicialmente, porque A Weekend in the City não é um álbum que fica tão no ouvido à primeira audição como o seu antecessor, mas vai gradualmente mudando de alienação para ligação e esperança, sendo tão arrojado como Silent Alarm, e talvez até com melhor sonoridade.
Alexandra Silva & Filipe Vilhena