
Sinopse: Michael (Zach Braff) e Jenna (Jacinda Barrett) estão juntos há três anos. Aparentemente ambos acham que tem a vida perfeita: alguém que os ama, um grupo de amigos de longa data, uma carreira brilhante. Tudo o que muitos desejam na sua vida. No entanto, Michael está a um mês dos 30 anos, e o futuro surge-lhe como uma viagem assustadora, porque sente que a sua vida vai ficar sem entusiasmo, surpresas, rodeado duma previsibilidade enfadonha, especialmente com a recente gravidez de Jenna. A este pânico latente vem adicionar-se o aparecimento da sedutora Kim (Rachel Bilson), símbolo da liberdade e da espontaneidade que Michael procura.
Em suma, Michael atravessa uma crise de meia-idade, antecipada pela velocidade estonteante a que nos movemos, e que parece “atacar” os seus amigos: Chris (Casey Affleck) está cansado da agressividade com que a sua mulher o trata após o nascimento do seu filho e de ser rotulado de incapaz de compreender as necessidades tanto da mulher como da criança; Izzy (Michael Weston) está a ter dificuldades em lidar com o final da sua relação com Ari (Marley Shelton) e principalmente em aceitar que tem que retomar a sua vida; e Kenny (Eric Christian Olsen) que quer manter a todo o custo o seu estatuto de eterno solteiro.
Crítica: Este filme tem algo que o torna, à partida, difícil de o classificar: primeiro porque é catalogado de comédia romântica, quando é tudo menos uma comédia e depois pela publicidade em torno de entrar Zach Braff (o protagonista do fabuloso Garden State) o que pode levar-nos a esperar um filme diferente e, por isso, muitos se sentirão defraudados ao vê-lo.
No entanto O último beijo é muito sério e um olhar atento, até mesmo cirúrgico sobre o que exige o compromisso com outra pessoa.
Como sabemos que estamos com a pessoa certa? Será que não estamos com alguém apenas por medo da solidão? Qual é o caminho para a verdadeira felicidade? Será que escolhemos o caminho certo ou apenas o mais fácil? Basicamente, deixa-nos perante os eternos “ses”, em que a honestidade perante nós próprios e os outros é o único guia de orientação. Daí, ser um retrato no qual nos acabamos sempre por reconhecer: todos os nossos sentimentos de dor, raiva, paixão, revolta e duvida estão ali espelhados.
Mas, como já referi anteriormente, O último beijo é muito mais dramático do que o título, o cartaz e o próprio elenco dão a entender e a aparente falta de química entre Zach Braff e Jacinda Barrett não ajudam a que tenham papéis extraordinários. Estão bem, melhor ela que ele, mas ficamos com a sensação que poderiam estar bem melhores.
De destacar é a excelente banda sonora que ajuda a tornar o ambiente ainda mais dramático, onde encontramos nomes tais como Imogen Heap, Rachael Yamagata, Ray LaMontagne ou Snow Patrol, e Joshua Radin. Mas a cena melhor de todo o filme e, para mim aquela com que mais me identifico é a que tem como pano de fundo a fabulosa Warning Sign dos Coldplay, que acaba por resumir muito bem a “moral” que se pretende passar no filme.
O crescimento é confuso, difícil, doloroso, e cheio de escolhas que não queremos fazer, mas o melhor sinal de que estamos a chegar lá é quando somos capazes de assumir as consequências dos nossos próprios actos. Em última instância, é por aquilo que fazemos, pelas nossas escolhas, que a nossa essência humana vem ao de cima. E há sempre um beijo que tem de ser o último!