30
Jun 07
Com o "maior festival de rock" a começar, e com presença garantida no 1º dia do Act II, estaremos nós e os Klaxons, que hoje apresentamos como sugestão de teledisco da semana.
Este trio britânico de Indie Rock vem apresentar o seu álbum de estreia «Myths of the Near Future», na 13ª edição do Super Bock Super Rock, no próximo dia 3 de Julho numa actuação muito esperada. Com certeza a não perder este concerto onde  It's Not Over Yet estará certamente presente.

 

 


Filipe Vilhena & Alexandra Silva
publicado por FV às 19:14

29
Jun 07

Um velho tio de Spirou deixa-lhe a sua herança. O herói dirige-se para a mansão do defunto, onde descobre que o seu parente lhe deixou um mapa com instruções de acesso ao espólio.
Apesar das objecções e reticências de Gaspar, antigo colaborador do tio, Spirou e Fantásio descobrem o mapa, cujas instruções os conduzem até ao continente africano. No percurso, têm de enfrentar vários perigos e correr numerosos riscos até chegarem ao local onde se encontra o tesouro que, afinal, não é assim tão valioso como ambos pensavam...
Esta é a história de A Herança, escrita e desenhada por Franquin, que foi publicada pela primeira vez na revista Spirou (números 453 a 491) entre 19 de Dezembro de 1946 e 11 de Setembro do ano seguinte.
Este álbum inclui ainda uma segunda aventura, O Tanque, também da autoria de Franquin. A história relata as atribulações de Fantásio para dominar um velho tanque que acaba de adquirir; depois de destruir praticamente uma cidade, o herói vai utilizar o veículo para reparar os estragos, decidindo em seguida abrir uma empresa especializada em demolições. Esta BD foi divulgada no Almanach Spirou 1947, distribuído em Dezembro de 1946.

Este álbum é uma autêntica maravilha, que finalmente é publicada pela primeira vez no nosso País. O Tanque é a primeira história de Spirou desenhada por Franquin, já A Herança, foi a primeira história de Spirou que foi construída na íntegra por Franquin, imediatamente após Jijé lhe ter passado a responsabilidade de desenvolver a série.
Independentemente do termo de comparação que se possa usar, muitos leitores (eu incluída) irão estranhar o aspecto “tosco” dos heróis e o grafismo ainda titubeante de Spirou, isto porque Spirou parecia ter vestido umas calças que eram maiores que ele, para além de parecer não se conseguir aguentar em pé. Por outro lado, Fantásio parece uma espécie de Cebolinha que usa Gel para espetar o pouco cabelo que tem. Felizmente, Franquin rapidamente amadureceu o seu grafismo tornando-o no seu estilo inconfundível, que todos os seguidores de Spirou tão bem conhecem. Além disso, foi capaz de criar duas histórias com excelentes argumentos, repletos de humor e aventura.

Com A Herança, o artista belga já dá mostras de um razoável fôlego narrativo. A história tem um enredo clássico, ainda muito ligado à lógica do romance popular de aventuras, mas a multiplicação de personagens secundários, perfeitamente caracterizados, faz a diferença. Foi neste período que a banda desenhada franco-belga começava a conquistar o seu próprio território, deixando definitivamente para trás a tutela dos comics norte-americanos que caracterizara o período anterior à Segunda Guerra Mundial.

publicado por AS às 14:21

28
Jun 07

 

Sinopse: Ted Crawford (Anthony Hopkins) é um engenheiro de estruturas que, depois de descobrir que a sua mulher, Jennifer (Embeth Davidtz), está a ter um caso com outro homem, lhe dá um tiro na cabeça e confessa o seu crime à polícia. Willy Beachum (Ryan Gosling) é o promotor público a quem é entregue o caso, um jovem ambicioso que está prestes a passar para uma grande empresa e para o dinheiro do direito corporativo. O caso parece simples, existe uma confissão verbal e outra assinada, bem como a arma do crime. Mas nem tudo é o que parece, começando pelo facto do detective que toma conta do assassinato, Rob Nunally (Billy Burke), ser o amante da vítima.

 

Crítica: O realizador Gregory Hoblit constrói um thriller cheio de jogos mentais, muito ao jeito de Anthony Hopkins, que se encontra de um lado da barricada, como um homem com a capacidade de descobrir as mínimas falhas numa construção maciça e que desenha um plano meticuloso onde a ausência de provas impossibilita a sua condenação. Hopkins é um mestre na frieza calculista e na intimidação e compreende-se na perfeição a sua escolha. O seu olhar, a sua frieza calculista que apresenta… enchem o ecrã de cada vez que surge em cena. Do outro lado, encontramos Ryan Gosling, um talento a despontar, a nomeação surpresa para os Óscares 2007, que possui uma presença e expressividade capazes de equilibrar a balança do veterano, um homem lutando com o seu próprio ego e obrigado a fazer escolhas morais cada vez mais difíceis.

 

O argumento está bem estruturado, com os já habituais twists que nos vão prendendo à medida que são construídos e apresentados desafios progressivamente maiores, e permitindo uma agradável disputa de intelectos. Nota mais negativa para o romance entre Willy Beachum e Nikki Garner (Rosamund Pike), a sugerir uma tentativa de maior aceitação comercial do filme, soando por vezes forçado e exagerado, perdendo o excelente fio condutor do filme.

 

De referir também as excelentes tiradas de David Straitham, enquanto o chefe de Gosling, e o muito bom desempenho de Billy Burke, especialmente o ar perturbado com que nos brinda em algumas das cenas mais dramáticas.

 

Todos nós temos alguma fraqueza, pequenas imperfeições, fissuras no nosso carácter que podem servir de arma para outros. Negá-las é pura arrogância. Não é à toa que quem melhor nos conhece é também quem mais nos pode ferir.

 

publicado por FV às 14:31

27
Jun 07

Carry On (2007)

 

 

Lista de Músicas

 

1 No Such Thing

2 Poison Eye

3 Arms Around Your Love

4 Safe and Sound

5 She’ll Never Be Your Man

6 Ghosts

7 Killing Birds

8 Billie Jean

9 Scar on the Sky

10 Your Soul Today

11 Finally Forever

12 Silence the Voices

13 Disappearing Act

14 You Know My Name

15 Today

16 Roads We Choose (UK Only Bonus Track)

 

O primeiro registo a solo de Chris Cornell, Euphoria Morning, foi lançado logo a seguir a Cornell ter abanado os alicerces dos Soundgarden ao cortar definitivamente com o seu som pesado por introduzir na sua música clichés bucólicos de vocalista/compositor. Comercialmente não convenceu mas conduziu-o aos Audioslave, onde ele passou 3 álbuns a lutar contra a marca deixada pelos Rage Against the Machine. Se Euphoria Morning foi o romper com o passado, Carry On é o voltar a ele, o estabelecer uma nova ligação em que Cornell se sente muito mais confortável do que Tom Morello nos seus riffs quase doentios. Desde o inicio do cd que Cornell faz riffs impressionantes que se aproximam com a sonoridade dos Soundgarden, embora não tão pesados e muito menos tortuosos, mas bem mais maduros e identificáveis ao trabalho de Cornell e menos com os Audioslave. Prepara o álbum para aquilo que parece ser uma maturação de Hard Rock fora do comum, mas cedo volta para os “maneirismos” de vocalista/compositor do seu álbum de estreia.

Carry On está repleto de musicas que por vezes parecem “forçadas”, como por exemplo, a cover acústica de Billie Jean, mas quando Cornell se liberta e dá às musicas uma espécie de som de fundo, ele não surge apenas como um excelente performer, como se revela que a sua escrita está melhor e mais apurada, mostrando que a sua carreira atingiu a meia-idade artistica que é bem mais rica e muito apaixonante daquilo que se pode ouvir em Carry On.

publicado por AS às 22:44

Euphoria Morning (1999)

 

 

Lista de Músicas

 

1 Can’t Change Me

2 Flutter Girl

3 Preaching the End of the World

4 Follow My Way

5 When I’m Down

6 Mission

7 Wave Goodbye

8 Moonchild

9 Sweet Euphoria

10 Disappearing One

11 Pillow of Your Bones

12 Steel Rain

 

Com o lançamento de Down on the Upside (1996) tornou-se evidente que os Soundgarden, embora uma banda forte e coesa, já não conseguiam ser o veículo ideal para o vocalista Chris Cornell. Ele parecia estar muito mais confortável em Superunknown (1994), álbum que cortou com as raízes e sonoridade dos Led Zeppelin, permitindo que Chris experimentasse sonoridades mais psicadélicas. Isto aliado à sua participação na banda sonora de Singles (1992), sugeriam que Cornell aspirava ser vocalista e compositor das suas canções, portanto acabou por não ser surpresa nenhuma quando ele decidiu “atar” essas pontas soltas, e criou as bases para o seu primeiro álbum a solo, Euphoria Morning. Aqueles que esperavam uma boa dose de metal em Euphoria Morning saíram visivelmente desapontados, mas em parte era algo que se podia esperar tendo em conta os últimos álbuns dos Soundgarden. Não há dúvidas de que é um álbum Rock, mas é bastante mais polido, orgânico, introspectivo, o que sugere não ser assim tão estranho que Cornell mergulhe nos Blues em When I’m Down ou quando faz lembrar Radiohead em Preaching the End of the World. Foi nesta falta de flexibilidade que Down On the Upside falhou e que torna Euphoria Morning fascinante. Chris Cornell sabia perfeitamente até onde queria ir como artista a solo e conseguiu atingi-lo na perfeição.

É pena que uma grande parte dos fãs dos extintos Soundgarden não tenham gostado deste primeiro registo a solo, porque Euphoria Morning cativa muito facilmente quem o escuta e prova a todos aqueles que não acreditavam nas capacidades de Chris Cornell que ele não é apenas um excelente músico mas também um excelente compositor, ou seja um artista completo!

publicado por AS às 22:41

Out of Exile (2005)

 

 

Lista de Músicas

 

1 Your Time Has Come

2 Out of Exile

3 Be Yourself

4 Doesn't Remind Me

5 Drown Me Slowly

6 Heaven's Dead

7 The Worm

8 Man or Animal?

9 Yesterday to Tomorrow

10 Dandelion

11 #1 Zero

12 The Curse

 

Tendo em conta o que acontece a uma grande parte das grandes bandas da actualidade, que duram pouco mais que um álbum, e principalmente se levarmos em consideração que os Audioslave surgiram da fusão de duas bandas tudo levava a crer que eles eram “apenas” mais uns a quem isto ia acontecer. Esta suspeita tornou-se ainda mais forte quando, no álbum de estreia se tinha a sensação que Chris Cornell escreveu e deu voz às músicas que os Rage Against the Machine compuseram após a saída de Zack de la Rocha, no entanto, todas as dúvidas se dissipam quando, em 2005, lançam o seu 2º álbum, Out of Exile. Contrariamente ao que aconteceu com o seu antecessor, Out of Exile parece ser o resultado duma banda coesa, onde todos os membros contribuem da mesma forma para alcançar uma personalidade distinta, mas unificada. É óbvio que ainda se notam elementos pertencentes às bandas anteriores, mas neste caso, ambas se fundem, caminhando no mesmo sentido. Parte do sucesso de Out of Exile deve-se às canções, onde se nota a grande influência de Cornell, existindo uma aproximação muito grande com tudo o que ele tinha feito anteriormente.

Mesmo os riffs são conduzidos com cuidado e, aos poucos se constroem canções melódicas e com alguma carga dramática, que tem um objectivo e não andam em círculos, como podemos ouvir em faixas como Be Yourself, Drown Me Slowly, Heaven’s Dead ou Dandelion. O que, infelizmente não significa que Out of Exile seja um álbum coeso, porque não o é, isto porque contém uma série de excessos, principalmente da parte de Tom Morello que usa e abusa dos riffs das guitarras, variando demasiado de notas, como se pode ver no início de Your Time as Come, o que se torna cansativo de ouvir. Por isto, podíamos estar perante um álbum melhor que o primeiro, o que acabou por não acontecer.

O que vale é que o seu sucessor, Revelations (2006) viria finalmente trazer o mérito devido a este projecto.

publicado por AS às 22:38

 

Audioslave (2002)

 

 

Lista de Músicas

 

1 Cochise

2 Show Me How to Live

3 Gasoline

4 What You Are

5 Like a Stone

6 Set It Off

7 Shadow on the Sun

8 I Am the Highway

9 Exploder

10 Hypnotize

11 Bring Em Back Alive

12 Light My Way

13 Getaway Car

14 The Last Remaining Light

 

Apesar de subtil, no entanto revelador, que a capa do primeiro e apoteótico álbum dos Audioslave foi da responsabilidade de Storm Thorgerson, o artista por detrás das melhores capas dos álbuns dos Pink Floyd. Thorgerson, juntamente com Roger Dean transformaram e marcaram o look dos anos 70, a era das super bandas, que é precisamente o que os Audioslave eram – uma junção dos Rage Against the Machine sem o Zack de La Rocha, com o vocalista dos Soundgarden, Chris Cornell. Apesar de ambas se terem destacado no universo metal dos anos 90, ambas tiveram percursos e vantagens totalmente diferentes: os Rage Against the Machine eram actuais, modernos, sem quaisquer medos ao criticarem os políticos da altura, através do Hip-Hop que surgia da guitarra de Tom Morello, enquanto que os Soundgarden juntaram a ferocidade do metal dos anos 70 com influências Punk. O facto destas vantagens não encaixarem como se poderia eventualmente estar à espera, não é propriamente uma surpresa isto porque não tem um passado nem um elemento em comum, tirando o facto de terem sido influências em grandes referências do metal. Dos dois lados da “batalha”, quem consegue se tornar mais influente é, sem dúvida, Chris Cornell, conseguindo puxar os meninos dos Rage Against the Machine para um trabalho mais introspectivo. Ocasionalmente, é visível que a banda compôs algumas canções em que se nota que uniram forças, como é o caso do fantástico single de estreia Cochise. Para os fãs de Cornell, foi um alívio ouvi-lo libertar-se, principalmente quando compararmos este álbum com o seu registo a solo, que era muito mais introspectivo, mas este projecto não é, de forma alguma um one-man show.

A formação dos Rage Against the Machine, liderados pelo estilo intricado do guitarrista Tom Morello, encontra a sua oportunidade de brilhar, principalmente porque conseguem entrar em registos totalmente diferentes daqueles que encontramos nos Rage. E, é neste ponto que encontramos a primeira falha dos Audioslave: talvez Morello e os restantes membros dos Rage fossem mais talentosos que os Soundgarden, no entanto nunca conseguiram ser tão majestosos, poderosos ou influentes como as músicas de Cornell exigiam. Enquanto que no seu álbum a solo lhe faltava músculo, aqui encontramos músculo mas sem textura ou cor. Consequentemente muitas das músicas parecem estar no ponto certo para “descolarem” sem nunca conseguirem atingir o seu verdadeiro potencial. Encontramos momentos, com músicas tais como Like a Stone, I am the Highway, Shadow on the Sun ou Exploder, em que os Audioslave parecem coesos, como uma banda deve ser e não como um objecto comercial. Ainda assim, e infelizmente, estes momentos são poucos, tornando-se difícil vermos este álbum como um todo. Resumindo, estamos perante uma excelente ideia, mas nada inspirada!!!

publicado por AS às 22:34

Down on the Upside (1996)

 

 

Lista de Músicas

 

1 Pretty Noose

2 Rhinosaur

3 Zero Chance

4 Dusty

5 Ty Cobb

6 Blow up the Outside World

7 Burden in My Hand

8 Never Named

9 Applebite

10 Never the Machine Forever

11 Tighter & Tighter

12 No Attention

13 Switch Opens

14 Overfloater

15 An Unkind

16 Boot Camp

 

Superunknown foi pioneiro em vários aspectos. Primeiro porque deu a conhecer os Soundgarden a um público completamente diferente, como também revelou que eles próprios tinham uma visão mais apurada, assim como se concentraram em alcançar novos objectivos. Se inicialmente Down on the Upside pode fazer parecer que os Soundgarden voltavam às suas origens, depressa esta ideia desaparece. A sonoridade de Down on the Upside é muito mais imediata, mas a banda não tinha voltado ao monstruoso e desprovido de rumo Louder Than Love. Em vez disso, eles mantiveram a sua estrutura de canções e a sua sonoridade mais psicadélica, sem no entanto, as terem aperaltado com uma produção minuciosa. Consequentemente, Down on the Upside é tanto visceral como cerebral, como se pode ver em Rhinosaur que é uma música menos acessível, mais pesada, enquanto que Pretty Noose é moderna, tipicamente uma faixa de Progressive Rock. Por esta razão, Down on the Upside consegue ser enganador – pode-nos fazer achar que estamos perante mais um álbum de Heavy Metal, mas uma audição mais atenta revela que os Soundgarden ainda não tinham refinado totalmente as suas ambições. Talvez por isso mesmo é que é o último álbum de originais duma das bandas mais influentes do fenómeno Grunge de Seattle!

 

publicado por AS às 22:31

Superunknown (1994)

 

 

Lista de Músicas

 

1 Let Me Drown

2 My Wave

3 Fell on Black Days

4 Mailman

5 Superunknown

6 Head Down

7 Black Hole Sun

8 Spoonman

9 Limo Wreck

10 The Day I Tried to Live

11 Kickstand

12 Fresh Tendrils

13 4th of July

14 Half

15 Like Suicide

 

Em Superunknown encontramos os melhores 70 minutos de sempre dos Soundgarden, indo muito além de tudo o que eles tinham feito anteriormente. Se sempre foi notório que as principais referências dos Soundgarden eram os Led Zepellin e os Black Sabbath, com este álbum conseguiram (finalmente) libertar-se desta colagem. As suas influências Punk raramente são detectadas neste álbum, sendo surpreendente e eficazmente substituídas por influências Pop e psicadélicas. BadMotorFinger já tinha dado o toque inicial de que era necessário “partilhar” o trabalho, não deixando os riffs das guitarras apenas para um elemento, mas o que mais salta à vista em Superunknown é, definitivamente, a voz de Chris Cornell, que surge muito mais sonante, fluindo sobre a banda, sem nunca a abafar. O resto da produção é também impecável, com a banda a conseguir alcançar uma sonoridade tão robusta e coesa que, até mesmo as músicas mais “pesadas” conseguem soar perfeitas. Mas a razão principal pela qual ouvir Superunknown é uma experiência enriquecedora prende-se com, ao abraçarem sons mais psicadélicos fez com que eles rapidamente se tornassem mestres na produção de músicas. Ao experimentar ambientes psicadélicos conseguiram abranger mais sonoridades, e consequentemente mais público, palmilhando o terreno para sons menos “metálicos” e instrumentais, com arranjos mais detalhados e forneceu-lhes a ponte para o Pop, que fez com que a balada Black Hole Sun se tornasse num sucesso estrondoso. Esta capacidade melódica que florescia é evidente em todo o álbum, não apenas pelos hits e pelos temas compostos por Cornell, mas em parte pela contribuição do baterista Matt Cameron, que conseguem ser perfeitamente indistinguíveis, tal não é a consistência com que trabalharam. Foi esta ênfase na escrita de canções que permitiu à banda tirar o máximo partido possível do material que dispunham, sem caírem no exagero ou no devaneio de trabalhos anteriores. A dissonância e as associações ainda estão presentes, mas desta vez não de uma forma tão óbvia, fazendo com que se consiga interpretar uma musica de forma diferente em cada vez que a ouvimos. É por tudo isto que se torna evidente que Superunknown foi editado propositadamente para ser uma obra-prima, capaz de preencher totalmente todos os objectivos e ambições que se teria para ele.

publicado por AS às 22:27

BADMOTORFINGER (1991)

 

 

Lista de Músicas

 

1 Rusty Cage

2 Outshined

3 Slaves & Bulldozers

4 Jesus Christ Pose

5 Face Pollution

6 Somewhere

7 Searching With My Good Eye Closed

8 Room a Thousand Years Wide

9 Mind Riot

10 Drawing Flies

11 Holy Water

12 New Damage

Inspirados pelo sucesso estrondoso com o seu segundo álbum de estúdio, os Soundgarden, repentinamente, desenvolveram um sentido de ofício, que resultou em que Badmotorfinger se distancie bastante do trabalho anterior e se torne no álbum mais bem sucedido até à altura. A produção de Badmotorfinger é melhor e mais ambiciosa, enquanto que a escrita de canções dá um salto quântico em consistência e objectividade.

Ao fazerem isto, a banda conseguiu abolir definitivamente aquele “andar à deriva” que os tinha prejudicado anteriormente, tornando-se num conjunto linear e bem definido que marcou a sua chegada ao grupo das grandes referências do Rock. A sabedoria popular diz que, apesar das vendas terem atingido a platina, Badmotorfinger perdeu algum fulgor porque ficou na sombra de Nevermind e Ten (os três foram lançados na mesma altura). Mas a verdade é que, apesar destes três serem excelentes álbuns, Badmotorfinger, por comparação aos anteriores, é muito menos acessível. Não que não seja melodioso, mas por vezes parece distorcido e nasalado, cheio de riffs dissonantes, com associações temporais quase impossíveis de fazer, e repleto de tonalidades estranhas. É um álbum surpreendentemente cerebral e artístico para uma banda que tinha como principal audiência os fãs do metal, mas ataca com uma precisão exacta. Em parte, isto acontece graças à presença do novo baixista Ben Shepherd, que dá à banda a sua melhor precisão e consistência rítmica e a sua participação nas tarefas de escrita das canções, deram o empurrão que conduziu à saída de Hiro Yamamoto. Mas o que mais se evidencia é que a banda aumentou em grande escala o seu espectro de ambições, e Badmotorfinger, preenche-as, resultando num álbum maduro, confiante e muito bem escrito. É um álbum pesado, criando uma espécie de Hard Rock cheio de sensibilidade intelectual e complexidade na interacção entre os vários membros da banda. E com o seu próximo álbum, os Soundgarden iriam aprender a serem totalmente acessíveis para vários tipos de audiência.

 

publicado por AS às 22:22

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