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Sinopse:
“A Rapariga Morta” são as histórias de 5 pessoas que aparentemente não têm nenhuma relação umas com as outras mas cujas vidas acabam por convergir à volta do assassínio de uma jovem mulher.
“A Estranha” (Toni Collette), é sobre a mulher que encontra o corpo. A publicidade gerada à volta da descoberta dá-lhe a oportunidade fugir ao apertado controlo da sua mãe (Piper Laurie) e à formação de um improvável laço com o misterioso Rudy (Giovanni Ribisi).
“A Irmã” (Rose Byrne), é sobre uma técnica forense dividida entre a pressão exercida pela mãe (Mary Steenburgen) para continuar à procura da irmã desaparecida e a vontade de prosseguir com a sua própria vida. Quando examina o corpo da jovem morta convence-se que encontrou a irmã e que finalmente se libertou do fardo da sua busca.
“A Esposa” (Mary Beth Hurt), está encurralada num intenso relacionamento de amor/ódio com o seu marido (Nick Searcy). A terrível descoberta da ligação do seu marido à morte da jovem rapariga, força-a a repensar aquilo que ela conhece sobre ele e sobre si própria.
“A Mãe” (Marcia Gay Harden), procura respostas sobre o modo de vida da sua filha e é confrontada com uma série de revelações que irão mudar o curso da sua vida. Na sua busca é ajudada por uma jovem prostituta (Kerry Washington) que vivia com a filha.
“A Rapariga Morta” (Brittany Murphy) ,é volátil, auto-destrutiva, e sujeita explosões incontroláveis de raiva. Tem também um lado infantil e inocente. Sonha melhorar a sua vida e tornar-se uma boa mãe para a sua pequena filha.
As personagens de “A Rapariga Morta” estão interligadas não apenas pela sua ligação ao brutal assassinato, mas também pela dificuldade em enfrentar o que a vida lhes reservou.

 

Crítica:

“A Rapariga Morta” é um filme negro, que foca a violência sobre as mulheres e as suas consequências cíclicas. Fica marcado desde o início pela imagem crua, sangrenta e brutal de um corpo, que alastra tristeza em diversas direcções. Karen Moncrieff opta então não por conduzir uma operação policial, mas por analisar a consequência desta descoberta na vida de cinco mulheres, separados por segmentos, pequenos episódios de cerca de 15-20 minutos, que, em alguns casos, nos deixam a pedir por mais…

Em todas as histórias reproduzidas, as mulheres apresentadas estão isoladas, de alguma forma, do mundo em redor, sofrendo diversas formas de violência.

No segmento “A Estranha”, é Toni Collette quem interpreta uma mulher tímida, manipulada pela mãe controladora, que descobre o cadáver de uma rapariga no terreno adjacente à sua casa. Depois de aparecer na televisão, envolve-se com um empregado de um supermercado viciado em histórias de serial-killers. Aquele pode ser o escape às amarras impostas pela amarga progenitora.

Quando chegamos ao segmento “A Irmã”, vemos uma Rose Byrne sofredora, a interpretar uma jovem médica forense, encarregada de despistar e analisar o cadáver, acreditando que aquela mulher morta poderá ser o membro da família que desapareceu há 15 anos, dissipando-se o fantasma que a persegue há década e meia. Só assim poderá colocar de vez uma tampa no frasco de anti-depressivos e voltar realmente à sua vida, podendo libertar-se para o amor.

No caso do segmento “A Esposa", observamos uma prestação fantástica de Mary Beth Hurt, uma quinquagenária que descobre que o marido, que a abandona com frequência na espelunca bafienta onde vivem, é um serial-killer que esconde as evidências dos crimes num barracão anexo à residência. Por que via optará: o conformismo de um casamento ou o dever perante a Lei?

Num dos segmentos mais tocantes da história, “A Mãe", interpretada por Marcia Gay Harden chega à cidade para identificar o cadáver e decide vasculhar o passado da filha. Nestas investidas, descobre uma neta e o amor da vida desta.

Por último, o segmento final, “A Rapariga Morta", mostra o último dia de Brittany Murphy, num excelente papel, interpretando a vítima que dá nome ao filme…
Parece confuso, mas ao longo do filme, as pontas soltas unem-se, nestas histórias de pessoas, densas, enigmáticas e obscuras, cujas vidas são definitivamente afectadas por um único acontecimento: a morte de uma rapariga.
No meio da tragédia destas vidas, Moncrieff consegue, com grande sensibilidade, encontrar-lhes beleza e significado. Michael Grady filma sobretudo em interiores, fazendo um uso expressivo e doloroso dos grandes planos. Mas Moncrieff consegue em breves momentos libertar-nos dos ambientes opressivos, para que possamos respirar antes de voltarmos a mergulhar com as personagens no seu desespero e desesperança.

Assim sendo, "A Rapariga Morta" é um elegante exercício cinematográfico, humano, despojado de artifícios, onde se dá espaço para que as actrizes respirem. Vale a pena espreitar, nem que seja para que muita gente saiba o que é verdadeiramente representar, num filme poderoso, e por vezes tocante.
publicado por FV às 17:35

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