Libertad (2007)
Os Velvet Revolver sempre pareceram gostar de responder à seguinte pergunta: como funciona o motor dos Guns N’ Roses quando eles não passam de um monte de ferrugem abandonado à beira da estrada? Passou muito tempo desde que Slash, Duff e Matt Sorum podiam ter esperança que AXL abandonasse Tommy Stinson dos Buckethead, e todos os outros que entravam em estúdio usando o nome GN’R e iniciando tournées, enquanto eles procuravam um espaço para tocar, mesmo que estivessem em fase terminal, e por isso decidiram iniciar um novo projecto. Mas quando se sai duma banda com a dimensão dos Guns N’ Roses é necessário alguém com estatuto de estrela para a liderar e lhe dar voz – algo que ficou comprovado na falta de carisma no projecto em que Slash participou, os Slash’s Snakepit, em que os vocalistas nunca conseguiram acompanhar o guitarrista, e por essa razão a escolha do vocalista adequado para os Velvet Revolver se tornava ainda mais relevante. Foi desta forma que surgiu Scott Weiland.
O primeiro álbum, Contraband conseguiu corresponder às expectativas de ambos os fãs das bandas antecessoras, vendendo milhões de cópias em todo o mundo. No entanto notava-se alguma fragilidade no sentido que se conseguia adorar a banda, mas não o seu vocalista. Essa fragilidade continua visível no segundo álbum, Libertad, mas este é mais coeso que o seu antecessor, em parte devido à presença do produtor dos Stone Temple Pilots, Brendan O’Brien, que conduz o álbum de forma brilhante, dando-lhe alguma cor e textura às melodias, sem que as guitarras percam a sua força. O’ Brien amplifica a energia de todos os elementos da banda, o que torna o resultado final muito bom. Por vezes é Weiland o protagonista, como é o caso de She Mine, noutros são os restantes elementos a brilhar, que acontece em Spay, assim como também todos alcançam um lugar de destaque, e que melhor forma de dar inicio a um álbum do que com um portento como Let it Roll? O primeiro single de Libertad, She Builds Quick Machines é também prova dessa “cedência” pelo lugar de destaque, porque a música é impulsionada por riffs poderosos, mas que vão perdendo intensidade quando entram os coros de Weiland.
Esta aparente cedência não é necessariamente má se tivermos em consideração que todos os elementos que constituem os Velvet Revolver são exímios naquilo que fazem, o que torna a sua participação agradável, no entanto por vezes sente-se que deveriam concentrar-se mais em agir como um todo único, deixando de lado os seus egos e influências. Mas se pensarmos um pouco, é exactamente isto que os Velvet Revolver são: um conjunto de estrelas que ganharam uma posição de destaque nos projectos anteriores em que participaram, e sem eles, os membros da banda precisam de algo que lhes liberte energias. Nesse sentido, os Velvet Revolver preenchem as necessidades dos seus membros, assim como as de uma audiência que precisa de sangue fresco no Rock & Roll, digno dos bons velhos tempos e que traga as tão agradáveis memórias do mesmo. Libertad não traz totalmente essa injecção de sangue novo, mas cumpre o seu papel, porque as musicas que o constituem são agradáveis e melodiosas. De momento a que os Velvet Revolver consigam canalizar todo o carisma individual de cada elemento e agirem como uma banda, não como um conjunto de estrelas, então serão capazes de fazerem um excelente trabalho que irá ficar para a história e que irá fazer jus a todo o seu invejável reportório! Até lá, irão fazer álbuns agradáveis, mas nunca bestiais como um Appetite for Destruction (GN’R) ou um Core (STP).