07
Ago 07


Sinopse:

Parte realizada por Quentin Tarantino do projecto "Grindhouse" co-assinado por Robert Rodriguez. É uma homenagem aos filmes de série Z e às salas de cinema que os exibiam. E como bom filme série Z tem tudo aquilo a que tem direito: uma cópia riscada, saltos de imagem, falhas no som,... Por isso, espectadores, não se revoltem a caminho da sala do projeccionista! O filme é mesmo assim! E para além dos riscos, há várias voluptuosas mulheres perseguidas por um duplo que usa o seu próprio carro.

 

Crítica:

"Death Proof" ("À Prova de Morte") é muito mais do que o reavivar de um género, o renascer das produções série Z das matinés contínuas dos cinemas Grindhouse. Neste capítulo, realizado por Tarantino, há todo um universo de referências às películas do realizador e às suas musas.

Como dizia Hitchcock, sel-plagiarism is style. Tarantino aprendeu bem essa lição e mostra-o aqui. Se nos filmes anteriores, deu nova vida a referências que lhe marcaram a vida de cinéfilo, injectando cultura pop em diálogos rápidos e palavrosos, trazendo de novo à vida símbolos de outras eras e homenageando os seus géneros favoritos, agora “Death Proof” recicla tudo isso até ao limite.

Temos uma assumida homenagem ao género Grindhouse, um vasculhar no sótão, feito por Tarantino de forma como só ele sabe e consegue. Com este projecto, envolve-nos de um modo tão inesperado que certas cenas são como um murro no estômago, criando pena, gozo, alegria e raiva… tudo sempre apresentado de forma peculiar, com riscos na película, saltos na projecção, defeitos na cor, um som cru pelo ar… Tarantino cria uma atmosfera de vintage artificial num filme que mais uma vez apresenta uma banda sonora fenomenal que enaltece todo o ambiente apresentado.

Quanto à história… pode-se dizer que "Death Proof" se divide em duas partes: na primeira, um psicopata durão e invulnerável estabelece como vítimas um grupo de quatro mulheres. No segundo, com mais humor e mais trepidante, os clichés ganham antónimos: a personagem que por norma perece às mãos do facínora é afinal poupada. E a valentia do vilão pode subitamente ser anulada por um ataque de cobardia.

E as interpretações… já se sabe que Tarantino consegue transformar qualquer actriz num portento, mas aqui excede-se… Não há uma má interpretação, nem mediana…parece que todas agem como se estivessem no seu dia-a-dia, com a maior naturalidade do mundo, contribuindo para isso a liberdade dada por Tarantino para que falem à vontade (essencialmente de sexo e cinema), transformando-as num conjunto de inesperadas heroínas. Do grupo de actrizes, destacam-se, curiosamente – ou não, pois isto é Tarantino – as menos conhecidas: Vanessa Ferlito (já vista em CSI-NY), Tracie Thoms, Zoe Bell (dupla de Uma Thurman em Kill Bill) e Sydney Poitier (filha do actor Sidney Poitier).

Quanto a Kurt Russell, há muito tempo que não o víamos em tão boa forma, e tão disposto a gozar com a sua imagem, num personagem que faz lembrar um Snake Plissken ("Fuga de Nova Iorque") em tons de negativo... Russell é competente, e apesar de notarmos que leva a sério esta oportunidade, certo é que não se leva demasiado a sério, fundindo-se no projecto, e contribuindo para resultado final positivo.

Pelo meio deste filme anacrónico – usam-se carros (os fantásticos Chevy Nova de 1970 ou o Dodge Charger de 1969) e vestimentas dos anos 70, mas fala-se ao telemóvel e usa-se a Internet.

Do genérico aos créditos finais, dos cortes abruptos à repentina perda de cor, das aparentes falhas na projecção às magníficas coreografias ao volante, Tarantino prova que é possível, fazer bom entretenimento, sem recorrer a técnicas digitais apuradas, apenas usando o revivalismo e o prazer de realizar.

publicado por FV às 17:10

04
Ago 07

Mais uma vez, Quentin Tarantino, apresenta um filme com uma banda sonora fenomenal, mesmo ao seu estilo, deixando-nos com vontade de regressar aos anos '60 com as canções que compõem e completam o seu Death Proof. Uma das canções mais marcantes e que nos deixa mais "viciados" e com vontade de um pézinho de dança, é este Hold Tight de Dave Dee, Dozy, Beacky, Mick & Tich, que apresentamos em destaque esta semana.


 

 


Filipe Vilhena & Alexandra Silva

publicado por FV às 09:53

01
Ago 07




Sinopse:
“A Rapariga Morta” são as histórias de 5 pessoas que aparentemente não têm nenhuma relação umas com as outras mas cujas vidas acabam por convergir à volta do assassínio de uma jovem mulher.
“A Estranha” (Toni Collette), é sobre a mulher que encontra o corpo. A publicidade gerada à volta da descoberta dá-lhe a oportunidade fugir ao apertado controlo da sua mãe (Piper Laurie) e à formação de um improvável laço com o misterioso Rudy (Giovanni Ribisi).
“A Irmã” (Rose Byrne), é sobre uma técnica forense dividida entre a pressão exercida pela mãe (Mary Steenburgen) para continuar à procura da irmã desaparecida e a vontade de prosseguir com a sua própria vida. Quando examina o corpo da jovem morta convence-se que encontrou a irmã e que finalmente se libertou do fardo da sua busca.
“A Esposa” (Mary Beth Hurt), está encurralada num intenso relacionamento de amor/ódio com o seu marido (Nick Searcy). A terrível descoberta da ligação do seu marido à morte da jovem rapariga, força-a a repensar aquilo que ela conhece sobre ele e sobre si própria.
“A Mãe” (Marcia Gay Harden), procura respostas sobre o modo de vida da sua filha e é confrontada com uma série de revelações que irão mudar o curso da sua vida. Na sua busca é ajudada por uma jovem prostituta (Kerry Washington) que vivia com a filha.
“A Rapariga Morta” (Brittany Murphy) ,é volátil, auto-destrutiva, e sujeita explosões incontroláveis de raiva. Tem também um lado infantil e inocente. Sonha melhorar a sua vida e tornar-se uma boa mãe para a sua pequena filha.
As personagens de “A Rapariga Morta” estão interligadas não apenas pela sua ligação ao brutal assassinato, mas também pela dificuldade em enfrentar o que a vida lhes reservou.

 

Crítica:

“A Rapariga Morta” é um filme negro, que foca a violência sobre as mulheres e as suas consequências cíclicas. Fica marcado desde o início pela imagem crua, sangrenta e brutal de um corpo, que alastra tristeza em diversas direcções. Karen Moncrieff opta então não por conduzir uma operação policial, mas por analisar a consequência desta descoberta na vida de cinco mulheres, separados por segmentos, pequenos episódios de cerca de 15-20 minutos, que, em alguns casos, nos deixam a pedir por mais…

Em todas as histórias reproduzidas, as mulheres apresentadas estão isoladas, de alguma forma, do mundo em redor, sofrendo diversas formas de violência.

No segmento “A Estranha”, é Toni Collette quem interpreta uma mulher tímida, manipulada pela mãe controladora, que descobre o cadáver de uma rapariga no terreno adjacente à sua casa. Depois de aparecer na televisão, envolve-se com um empregado de um supermercado viciado em histórias de serial-killers. Aquele pode ser o escape às amarras impostas pela amarga progenitora.

Quando chegamos ao segmento “A Irmã”, vemos uma Rose Byrne sofredora, a interpretar uma jovem médica forense, encarregada de despistar e analisar o cadáver, acreditando que aquela mulher morta poderá ser o membro da família que desapareceu há 15 anos, dissipando-se o fantasma que a persegue há década e meia. Só assim poderá colocar de vez uma tampa no frasco de anti-depressivos e voltar realmente à sua vida, podendo libertar-se para o amor.

No caso do segmento “A Esposa", observamos uma prestação fantástica de Mary Beth Hurt, uma quinquagenária que descobre que o marido, que a abandona com frequência na espelunca bafienta onde vivem, é um serial-killer que esconde as evidências dos crimes num barracão anexo à residência. Por que via optará: o conformismo de um casamento ou o dever perante a Lei?

Num dos segmentos mais tocantes da história, “A Mãe", interpretada por Marcia Gay Harden chega à cidade para identificar o cadáver e decide vasculhar o passado da filha. Nestas investidas, descobre uma neta e o amor da vida desta.

Por último, o segmento final, “A Rapariga Morta", mostra o último dia de Brittany Murphy, num excelente papel, interpretando a vítima que dá nome ao filme…
Parece confuso, mas ao longo do filme, as pontas soltas unem-se, nestas histórias de pessoas, densas, enigmáticas e obscuras, cujas vidas são definitivamente afectadas por um único acontecimento: a morte de uma rapariga.
No meio da tragédia destas vidas, Moncrieff consegue, com grande sensibilidade, encontrar-lhes beleza e significado. Michael Grady filma sobretudo em interiores, fazendo um uso expressivo e doloroso dos grandes planos. Mas Moncrieff consegue em breves momentos libertar-nos dos ambientes opressivos, para que possamos respirar antes de voltarmos a mergulhar com as personagens no seu desespero e desesperança.

Assim sendo, "A Rapariga Morta" é um elegante exercício cinematográfico, humano, despojado de artifícios, onde se dá espaço para que as actrizes respirem. Vale a pena espreitar, nem que seja para que muita gente saiba o que é verdadeiramente representar, num filme poderoso, e por vezes tocante.
publicado por FV às 17:35

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