Sinopse: "Control" conta a história do carismático vocalista dos Joy Division, Ian Curtis, até ao momento do seu trágico suicídio. "Control" documenta as relações de Ian Curtis com a sua mulher e a sua amante, a sua batalha com a epilepsia e o caminho para o sucesso com a sua banda, os Joy Division.
Crítica: Como se filma uma vida? Com dificuldade. Como se filma uma música? Com extrema dificuldade. E como se filma um mito, e uma das melhores bandas de sempre? Com grande devoção e emoção…
Anton Corbijn, conhecido fotógrafo tomou o desafio de filmar os últimos anos da (curta) vida de Ian Curtis, líder dos Joy Division, nos finais dos anos 70… e saiu-se estrondosamente bem.
Corbijn conseguiu filmar a música, captar a emoção por detrás da confusão inerente na mente conturbada de um dos maiores músicos e compositores de sempre.
Mas a tarefa não se avizinhou fácil. Corbijn precisou de remexer em memórias e histórias de pessoas tão singulares como Ian Curtis, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris e conjugar com o ponto de vista da viúva de Curtis, Deborah Curtis, e da amante de Curtis, Annik Honoré sem esquecer que estava sobre a atenção impiedosa de milhões de fãs de Ian Curtis.
No entanto, cumpre em pleno o que lhe era pedido, excedendo-se por momentos – muito por culpa de um Sam Riley, que quase faz parecer que Ian Curtis renasceu… Sendo um fã de Joy Division e tendo acompanhado o percurso da banda, Corbijn filma de forma austera, a preto e branco, dando um tom quase real: o cinzento tão característico da zona norte de Inglaterra, especialmente de Manchester e subúrbios, que aqui ganha um papel vital.
Este filme, realizado a partir da biografia escrita por Deborah Curtis, “Touching from a distance”, apresenta em estreia Sam Riley, que conforme já referido faz crer que Curtis está vivo de novo, tendo ainda fortes interpretações do lado de Samantha Morton como Deborah Curtis e Alexandra Maria Lara no papel de Annik Honoré.
“Control” dá-nos uma perspectiva muito pessoal de um jovem conturbado, com um grande talento para a escrita, que vive cheio de inseguranças e insatisfações até ao desfecho previsível, com o seu suicídio. Entre amores, estagnações, sucessos e músicas fantásticas, Ian Curtis é retratado de forma sublime, sendo introduzidas as músicas de modo tão coerente e fantástico que nos apercebemos como todos os seus problemas de integração na sociedade, falta de perspectiva de futuro, desespero e solidão ajudaram a criar as músicas dos Joy Division. Existem inclusive momentos arrepiantes em que quase conseguimos entrar na mente de Curtis e entender o que sentia e pensava quando escreveu hinos como She’s Lost Control ou Love Will Tear Us Apart.
Ainda de referir o fantástico empenho (e desempenho) dos actores, que deixam de lado os playbacks e eles próprios tocam e cantam as músicas presentes na película.
“Control” é um filme sobre a vida curta e trágica de Ian Curtis. Mas é muito mais do que isso. É um retrato frio, tão cinzento como os meios-tons que predominam no filme, mas tão forte como os negros contrastantes que pulsam de minuto a minuto.
No fim, fica o sabor de entender uma mente conturbada mas genial, fica a vontade de ouvir até à exaustão uma das mais geniais bandas de sempre e fica a mensagem para Curtis: ”Don’t walk away… in silence”