Sinopse: Em Elizabeth: The Golden Age, a filha de Henrique VIII e de Ana Bolena detém já o controlo total e firme da coroa britânica. Em 1585 a Espanha, liderada pelo Rei católico Filipe II (Jordi Mollá) e com o apoio da prima católica de Elizabeth, Mary Stuart, Rainha da Escócia (Samantha Morton), ameaçam Inglaterra com a Inquisição, revoltada numa medida violenta com a pirataria de que são alvo os barcos espanhóis. Um desses piratas é Walter Raleigh (Clive Owen), um explorador e aventureiro que, com tabaco, batatas e o recém-descoberto território da Virgínia (assim nomeado em honra da Rainha Virgem), cai nas graças de Elizabeth. Impedida (ou incapaz) de materializar a atracção que sente por Raleigh, Elizabeth resolve mantê-lo perto de si tornando-o Sir e chefe da sua guarda pessoal e empurrando-o, inadvertidamente, para os braços da sua aia, Elizabeth Throckmorton (Abbie Cornish).
Crítica: quem julgar que ao ir ver este filme vai acompanhar apenas um pedaço de história, desengane-se, até porque o realizador Shekhar Kapur fez questão de “negligenciar” os factos históricos para conseguir uma dramatização mais eficaz. Desta forma, o filme acaba por se centrar na não provada atracção amorosa de Elizabeth por Sir Walter Railegh. Elizabeth I é retratada como sendo uma monarca inteligente e carismática, ponderada e controladora. Considerando-se casada com o seu país, recusou-se a aceitar um marido, apesar das constantes exigências dos seus conselheiros, entre os quais estava Francis Walsingham (Geoffrey Rush) e do parlamento inglês que constantemente insistiam para que a Rainha casasse e tivesse um herdeiro.
O fascínio de Elizabeth – The Golden Age, está, à semelhança do primeiro filme, na assombrosa interpretação de Cate Blanchett, que tanto nos mostra uma mulher indomável, cheia de força e vulnerabilidade, como uma mulher cheia de conflitos consigo própria, numa constante luta com a sua própria consciência. À experiência de vida, à idade e ao saber acrescentou-se um maior cuidado sobre o peso irremediável do poder. E à imagem daquela mulher indomável, é dado um lado humano que por vezes lhe parecia faltar, aquando da execução de Mary Stuart, porque se uma rainha pode ser executada, isso queria dizer que todas as rainhas, incluindo Elizabeth, são mortais.
É neste retrato englobante que funde as diversas facetas de um ser humano com a poderosa lenda que a história criou em torno dele que o filme de Shekhar Kapur consegue o seu limitado trunfo, sustentado, em grande parte na fabulosa interpretação de Cate Blanchett e na fotografia e em todos os cenários criados para este filme.