Sinopse: O argumento gira em torno do improvável assassinato de Jesse James, conforme descrito no romance de Ron Hansen, oferecendo um novo olhar sobre a lenda e colocando várias hipóteses sobre o que realmente aconteceu nos meses que antecederam o infame disparo. A história ocorre no ano de 1881. Jesse tem 34 anos de idade. Enquanto planeia o seu próximo roubo, continua a batalha travada com os seus inimigos que tentam conseguir o dinheiro da recompensa e a glória de ser o responsável pela sua captura. Mas a maior ameaça à sua vida poderá vir daquele em quem mais confia…
Crítica: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford é uma excelente forma de iniciar o ano cinematográfico. Um ano em que chega até nós um dos hypes de 2007 dos EUA: o regresso dos westerns. E digamos que, começamos em excelente forma e ficamos de água na boca para o que se avizinha – No Country for old men, There will be blood, 3:10 to Yuma…
The Assassination of Jesse James, do relativamente desconhecido André Dominik, transporta para o grande ecrã um Oeste há muito esquecido das lides cinematográficas na adaptação da original história de Ron Hansen, e com grandes interpretações de Brad Pitt (que já lhe valeu a Coppa Volpi em Cannes) e Casey Affleck (a confirmar-se o seu talento, uma das estrelas do futuro).
Por ser uma visão original dos últimos dias de Jesse James, por ser um western que nos faz regressar à infância, aos tempos em que eram repostos clássicos de Eastwood e John Wayne, ou outras estrelas como Terrence Hill (que até foi Lucky Luke!) …
Dominik filma de uma forma contida, com um ritmo de montagem mais lento e contemplativo, sem grandes cenas de acção ou explosões (que sabemos é tão comum no cinema americano dos últimos tempos, infelizmente diga-se…), fazendo com que este seja um dos mais belos filmes dos últimos tempos, com uma fotografia magistral (quase a lembrar trabalhos óscarizados). Aparte de tudo isto temos uma reconstituição de época tal, que até nos deixamos levar p’ra esse mundo, onde pontifica o bandido Jesse James, que pilhava no sul dos EUA, e o seu “fã nº1” Robert Ford, completamente fascinado e obcecado com o bandido, procurando sempre identificar-se com ele. Quando os caminhos de ambos se cruzam, tudo acontece muito rápido (menos de um ano) e Ford acaba por matar Jesse James, de forma cobarde, pelas costas, como indica o título da longa-metragem.
Para o sucesso do filme, contamos com uma narrativa muito fluida – mal se dá pelo tempo passar, e quando damos por nós Jesse morreu e passaram 180 minutos… – bem como excelentes interpretações. Brad Pitt está igual a si mesmo, regressando aos tempos áureos, bem ao seu nível – quase sentimos o regresso do Pitt de Twelve Monkeys, Snatch, Fight Club… Casey Affleck é uma excelente surpresa e mostra-se aqui destinado a voos maiores – veremos como se sai em Gone, Baby, Gone – se continuar a evidenciar o talento aqui demonstrado, e a enorme ambiguidade e aparente facilidade em passar de simpático a ameaçador.
De referir ainda alguns momentos dispersos e menos coesos na narrativa que invalidam que este filme seja praticamente perfeito, bem como, agora dum lado positivo, a banda sonora de Nick Cave e Warren Ellis, sempre muito adequada e apresentada de forma fantástica na película.
Para finalizar uma nota para Sam Shepard como Frank James que, apesar de um pequeno papel, cumpre na perfeição o exigido.
No fundo, este é um filme que merece ser revisto e recordado, e uma excelente forma de começar o ano, com uma obra repleta de beleza e um realizador inspirado, que nos relembra as heranças do western…