Sinopse: Benjamin Barker (Johnny Depp) era um barbeiro que vivia em Londres com a mulher (Laura Michelle Kelly) e a sua filha pequena até ao dia em que o Juiz Turpin (Alan Rickman) o sentencia ao exílio na Austrália, raptando a sua mulher e a filha. 15 anos depois Benjamin regressa a Londres na companhia do jovem Marinheiro Anthony Hope (Jamie Campbell Bower). Ao procurar a sua antiga barbearia encontra-a ocupada por Mrs. Lovett (Helena Bonham Carter), famosa pelas suas tartes de carne serem as piores de Londres. É através dela que Benjamin descobre que a sua mulher se suicidou e a sua filha Johanna (Jayne Wisner) é prisioneira de Turpin. Consumido pela raiva, Benjamin muda de identidade para Sweeney Todd, retomando o seu antigo negócio, e desta forma, se poder vingar.
Critica: Tim Burton tem uma grande paixão pelo gótico e pelo macabro, o que tornaria quase inevitável que mais cedo ou mais tarde, surgisse a vontade de fazer a adaptação do musical de 1979 – Sweeney Todd – The Demon Barber of Fleet Street, da autoria de Stephen Sondheim e Hugh Wheeler.
Recorrendo a uma versão mística de Londres do século XIX, Burton usa neste filme elementos que reconhecemos facilmente em obras anteriores, tais como Sleepy Hollow ou Edward Scissor Hands.
A história em si já foge dos típicos musicais, visto que fala de uma sangrenta vingança, onde heróis e vilões são igualmente vis e cruéis, a inocência é corrompida, e o desespero pela perda daqueles a quem se ama alimentam uma tragédia e tornam inevitáveis as consequências a que a obsessão conduziu.
Em termos visuais, Sweeney Todd é um luxo, todos os cenários são escuros, as ruas são sujas, as roupas degradantes, tudo isto sob um fundo de negro e cinzento, faz com que, cada vez que o vermelho do sangue entra em cena, torna-se um rasgo de força, de esperança, nem que seja apenas em sonhos.
Outro aspecto a destacar é o facto de todas as canções que entram no filme foram interpretadas pelos próprios actores, o que não se revelou tarefa fácil, embora nenhum deles seja sofrível, tornando as suas interpretações mais competentes. E é de facto o elenco e a competência do mesmo que tornam Sweeney Todd o luxo que é. Helena Bonham Cárter está perfeita na sua amoralidade e doçura. Alan Rickman é arrepiante, Sacha Baron Cohen protagoniza um divertido e pomposo barbeiro italiano e rival de Todd. Johnny Depp é aquele que de facto mais atrai o espectador: é um homem sem misericórdia que se deixa levar pelo seu lado mais negro, e a sua entrega ao papel é total. A verdade é que não só o Johnny Depp já deu cartas que é muito bom naquilo que faz, mas a cumplicidade com Tim Burton torna-o ainda mais competente e esta dupla funciona na perfeição!