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Mar 08

 

 

Lista de Músicas

 

1 Fake Empire

2 Mistaken for Strangers

3 Brainy

4 Squalor Victoria

5 Green Gloves

6 Slow Show

7 Apartment Story

8 Start a War

9 Guest Room

10 Racing Like a Pro

11 Ada

12 Gospel

 

 

O terceiro álbum dos The National, Alligator, foi unanimemente aclamado tanto pela crítica com pelos fãs como o álbum onde os The National atingiram a consagração. Apesar de ter tido pouca aclamação inicialmente, com o tempo foi construído e conquistando um grupo de ouvintes coeso e ávidos de boa música. As letras de Matt Berninger – que inicialmente poderiam parecer obtusas e dispersas em detalhes – com o tempo mostraram a sua capacidade poética sem pretensiosismos.

Uma prova do bom senso e boa vontade por parte dos fãs de Alligator é considerarem o seu sucessor, Boxer, um álbum maduro. De tal forma, que muitos dos fãs dos The National foram ouvindo pacientemente, dando espaço a que Boxer cresça e revele o seu lado mais obscuro. Aliás o álbum assim o exige, para desfrutarmos plenamente dele há que o ouvir com calma, pacientemente, e ele vai crescendo por si. Os mesmos elementos que tornaram Alligator um álbum de culto, ou seja a capacidade de escrita de Berninger aliada à intensidade dramática da banda, estão presentes em Boxer, mas desta vez de uma forma mais moderada e controlada. E isso é sentido desde os primeiros acordes de piano em Fake Empire, onde os The National criam um ambiente nocturno, ligeiramente ameaçador mas principalmente isolado. As 10 faixas seguintes sustentam e amplificam este mesmo sentimento, enquanto a banda caminha para o final do álbum. As guitarras dos gémeos Aaron e Bryce Dessner não só “lutam” uma contra a outra mas também criam um ambiente coeso, que serve de apoio aos restantes instrumentos, como nos casos de, por exemplo, os arranjos de Padma Newsome em Mistaken for Strangers, e a brilhante Ada (com Sufjan Stevens no piano) dando-lhes um ambiente dramático e subtil.

Instrumentalmente, Boxer é um álbum de percussões: o baterista Bryan Devendorf torna-se o maestro, não estando limitado a marcar o ritmo mas participando activamente em trazer as músicas ao de cima. Com precisão mecânica, os ritmos e tons acrescentam emoções às faixas, como por exemplo, Squalor Victoria segue um “bater” de corações e a Brainy dá-lhe o ambiente tenso. Aliás, o próprio titulo do álbum, Boxer poderia ser uma referência à forma como estes ritmos são articulados e conjugados com a voz melodiosa de Berninger, contrastando com a as emoções e empatias dos vocalista.

Apesar da violência implícita, Boxer não tem a mesma auto-avaliação destrutiva e os danos psicológicos causados pela mesma presentes em Alligator. Aqui, Berninger consegue soar como sendo capaz de sair daquela “alienação” mental em vez de ficar mais introspectivo. Ele observa as pessoas à sua volta – amigos, casais de namorados, transeuntes – fazendo-se passar por eles, imaginando-se dentro dos seus pensamentos. Ou, como ele canta em Green Gloves, Get inside their clothes with my green gloves/ Watch their videos, in their chairs, em que a sua empatia parece mais genuína (o “tu” acusador presente nos dois primeiros álbuns não está aqui presente), revelando ambiguidade e um afastamento do recurso a sátiras. Alguns temas continuam presentes e a ser uma constante: Berninger continua a revelar o receio de se tornar um “colarinho branco”, revelado em Squalor Victoria e Racing Like a Pro, combatendo um pouco isso ao dizer Underline everything/ I'm a professional/ In my beloved white shirt, e ruma em direcção à sua angústia (We're half awake in a fake empire), apesar de reconhecer que a loucura em que o mundo vive torna-o mais lúcido.

Melhor do que estas faixas são as três que estão no meio do álbum que usam uma metáfora de amor=guerra que milagrosamente evita a previsibilidade implícita neste conceito. Em Slow Show, realça-se o sonhar acordado quando se diz: I want to hurry home to you/ Put on a slow dumb show for you/ Crack you up. Mas o que salta à vista é: You know I dreamed about you for 29 years before I saw you. Este contentamento que exigiu esforço e tempo para conquistar começa a decair em Apartment Story, onde o mundo invade o espaço partilhado pelo casal, e em Start a War a possibilidade de perda ganha contornos assustadores. Walk away now and you're gonna start a war, é o que Berninger canta, contrastando com o ritmo simples, e desconfortavelmente insistente onde os seus receios dão à canção um lado pessoal e introspectivo.

Obviamente, é possível interpretar muito na música dos The National e especialmente nas letras escritas por Berninger, mas isso não deve implicar que Boxer deva ser visto como um trabalho académico excessivo ou difícil. À semelhança do que sucedeu com o seu antecessor, as suas músicas revelam-nos gradualmente os sentimentos dos membros dos The National, e devagarinho atingem aquele momento em que nos cai no goto. É raro encontrarmos um álbum que nos devolve aquilo que esperamos e colocamos nele. Boxer é um deles!

publicado por AS às 21:35

 

Sinopse: Michael Clayton (George Clooney) é uma espécie de “polivalente” numa das maiores firmas de direito das sociedades em Nova-Iorque, encarregando-se dos trabalhos sujos da empresa; limpa a “porcaria” que os clientes da Kenner, Bach & Ledeen, desde atropelamentos e fuga, a histórias pouco abonatórias se forem contadas nos Media, até mulheres que roubam lojas a políticos corruptos. Embora esteja insatisfeito com o seu trabalho, a sua lealdade à empresa e ao seu chefe Marty Bach (Sydney Pollack), fazem Clayton continuar. Até ao dia em que a empresa Agro – Química U/North, principalmente através da responsável de consultadoria Karen Crowder (Tilda Swinton), depende do acordo que a Keener, Bach & Ledeen estão prestes a alcançar, e ao que tudo indica, a conduzir para um brilhante desfecho. Mas os problemas começam a surgir quando o advogado encarregue do caso e um dos melhores da empresa, Arthur Edens (Tom Wilkinson), sofre de um aparente esgotamento e tenta sabotar as provas do caso. Marty Bach envia Michael Clayton para resolver este grave problema, e ao fazê-lo, Clayton vê-se confrontado com a realidade da pessoa em que a sua profissão o transformou.

Critica: Tony Gilroy, responsável pela trilogia Bourne, cria um thriller intenso e consistente, um relato dos jogos de poder e cumplicidade entre as empresas multinacionais e as firmas que as protegem, com um forte conteúdo político-social, fazendo uma critica à Sociedade Americana, cada vez mais corroída pelos grandes interesses dos grandes agentes económicos, cujo maior obstáculo torna-se a consciência de cada individuo.

George Clooney interpreta o papel principal, e dá mais uma prova que está no seu melhor neste tipo de papel. Syriana já tinha mostrado a capacidade de Clooney para papéis sérios e, de certa forma, polémicos, e Michael Clayton vem cimentar esta faceta de Clooney. A história começa mostrando a crise de uma multinacional (U-North), com os seus representantes legais a encarar um whistle blower (expressão dada às pessoas que fazem parte da corporação e que decidem colocá-la em causa), devido às manobras suspeitas da empresa. No centro desta polémica está um dos melhores advogados, Arthur Edens (Tom Wilkinson), que, com um discurso inflamado e com comportamentos aparentemente insanos, colocou-se contra a companhia que antes representava, ficando do lado dos queixosos. Dado este drama, e tendo em conta que Clayton é amigo de Arthur, fica responsável por tentar demover Arthur da sua conduta, procurando, mais uma vez defender os interesses da firma para a qual trabalha. Mas, quando nada o fazia prever, Clayton vai sendo contagiado pelas acções de Arthur, vendo-se confrontado com a sua própria consciência, aliada à rotura existente na sua vida pessoal, visto que é divorciado com um filho com quem passa muito pouco tempo; as dificuldades financeiras causadas por um dos seus irmãos, obrigam Clayton a ter que escolher o caminho e as decisões que tem que tomar. É nesta densidade de escolhas que cada personagem é obrigada a fazer que torna este filme um excelente trabalho na concepção do argumento, onde todos os fios condutores da narrativa nunca se perdem, conduzindo a um enredo eficaz, que não se dispersa.

Do lado da U-North está a sua representante Karen Crowder (Tilda Swinton), alguém aparentemente comum, mas de uma ambição enorme, movida por essa ambição e pelo dinheiro, e vendo na crise criada por Arthur um enorme obstáculo, começa a tomar medidas desesperadas. A sua interpretação sólida, credível e brilhante valeu-lhe o Óscar de Melhor Actriz Secundária.

Por tudo isto, Michael Clayton é um filme que vale pelo seu colectivo: Enredo, Actores e Técnicos, tornando-se uma das referências cinematográficas de 2008!

publicado por AS às 15:46

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