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Mar 08

Sinopse: Quando Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) recebe uma misteriosa dica de que numa pequena cidade do Oeste um oceano de petróleo está revelar-se à superfície, dirige-se até lá com o seu filho, H.W. (Dillon Freasier), para tentar a sua sorte na degradada Little Boston. Nesta miserável cidade onde a maior excitação se centra em torno dos fervorosos seguidores da igreja do carismático pregador Eli Sunday (Paulo Dano), Plainview e H.W. ganham a sorte grande. Com o decorrer do tempo e o aumento da fortuna, nada se mantém igual e à medida que os conflitos vão aumentando todos os valores humanos – amor, esperança, comunidade, fé, ambição e mesmo os laços que unem pais e filhos – são ameaçados pela corrupção, decepção e pelo fluxo do petróleo.
 
Crítica: Este é um filme que marca alguns regressos. O regresso de Daniel Day-Lewis (desde “The Ballad of Jack and Rose” em 2005), Paul Thomas Anderson (desde “Punch-Drunk Love” de 2002) e o regresso do cinema norte-americano aos épicos intemporais sobre ambição e ganância (desde “Citizen Kane”). E logo à partida, deixamos uma vénia a Day-Lewis, o actor-carpinteiro-sapateiro (quase homem dos 7 ofícios…), que aqui se consagra num dos seus melhores papéis de sempre, dando uma vida e profundidade imensas a Daniel Plainview… Diga-se que o Óscar foi mais que merecido…
Este promissor prospector de petróleo – Plainview - revela-se uma “raposa”, ao investir num negócio que começava a prosperar, fazendo fama e fortuna… o que leva um jovem a procurá-lo e indicar-lhe um local onde existe um valioso “mar de petróleo”. Daniel viaja até este ponto, com o seu filho H.W., conseguindo convencer o proprietário a ficar uns tempos nas suas terras, com o pretexto da caça à codorniz, enquanto adquire terrenos circundantes, entrando aos poucos na comunidade fechada de Little Boston, centrada no jovem “pastor” Eli (Paul Dano).
Com o aumento do dinheiro à volta do petróleo, aumenta a ganância, o interesse, a avareza, a competitividade e a vingança dentro daquela pequena comunidade…Todas as personagens representam símbolos da sociedade, com uma grande crítica à forma como o nosso mundo reage ao famoso “ouro negro”.
Conforme referido, do outro lado da esfera de Day-Lewis, reside Paul Dano, o dúbio Eli Sunday, que com um misto de exagero, dedicação e enorme entrega fazem dele uma das (muitas) boas surpresas do ano. O facto de Dano e Day-Lewis terem contracenado no anterior filme do segundo, permitiu equilibrar aqui a balança, dando mais química e ênfase à relação tumultuosa de Eli e Daniel.
Esta é uma película filmada de forma paciente, cuidada e natural (bem ao jeito de Paul Thomas Anderson – vide “Magnólia”), permitindo ao espectador sentir-se parte da realidade de Daniel e entrar num mundo muito falado – e polémico - na nossa sociedade actual, que é o do petróleo.
P.T.Anderson deixa uma crítica: por muita pobreza e miséria que haja no mundo, existem muitos abutres que tentam aproveitar-se de algo que os possa beneficiar…

publicado por FV às 18:19

                                                           

Sinopse: Texas, 1980. Llwelyn Moss (Josh Brolin), um veterano do Vietname, um dia quando caçava veados, deparou-se com um cenário de uma venda de droga que correu mal, resultando na morte dos intervenientes. No meio do deserto, uma mala com 2 milhões de dólares ficou ao abandono e Llwelyn não resistiu à tentação de ficar com ela. Só que no rasto dessa mala encontra-se Anton Chigurh (Javier Bardem), um impiedoso assassino demasiado dedicado ao seu trabalho e um Carson Wells (Woody Harrelson), um caçador de prémios pago por um investidor. Moss, ao se aperceber que tem Anton no seu encalço tenta proteger a sua mulher, Carla Jean (Kelly MacDonald) e foge para o México. A única pessoa que o poderá ajudar é o Xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) que está no encalço deste perigoso assassino.

 

Critica: No Country for Old Men, baseado no livro de Cormac McCarthy, conta-nos uma história de perseguição, acabando por funcionar como um retrato negro sobre a imprevisibilidade da vida e a aleatoriedade da violência.

No centro da perseguição está Chigurh, a personagem interpretada por Bardem (que leva o filme às costas) que é uma autêntica máquina assassina. Se por um lado, Chigurh não consegue resistir ao seu impulso de ser simultaneamente juiz e carrasco das leis que ele próprio definiu e que regem o seu comportamento, Moss, por outro, acaba por mostrar-se de alguma forma ingénuo, não conseguindo resistir à força da sua consciência para com os outros seres humanos. Entre ele, está o Xerife Bell, um personagem desacreditado e incrédulo, que se sente demasiado velho e sem forças para fazer face a uma forma de crime e a um criminoso que não compreende. Até aqui as personagens e o trio de actores que o compõe formam um cenário tenso, atractivo a cada cena, com um terror bastante subtil, fazendo-nos sentir preocupados com o destino que poderão ter os personagens. Por tudo isto, os irmãos Cohen poderiam ter aqui uma obra de arte, se não tivessem decidido acabar o filme da forma abrupta como o fizeram.

O filme consegue manter um ritmo que, embora lento, mantém-se sempre interessante, até chegar à última meia hora. Quando o filme atinge a parte final, que envolve o desenlace que cada personagem vai ter, este é feito de forma abrupta, deixando demasiadas pontas soltas que se tornam desnecessárias. Não há explicações, o que não tem que ser um aspecto negativo, desde que se mantenha alguma coerência com o resto do argumento, o que não é o caso.

Apesar deste aspecto mais negativo, e em traços gerais, No Country For Old Men é um filme muito bem filmado, com excelentes interpretações e uma fotografia fantástica, tornando-o num filme que, mesmo que não tivesse sido o grande vencedor dos Óscares deste ano, facilmente se tornaria num fenómeno de culto.

publicado por AS às 15:26

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