Depois de uma das maiores promoções de sempre, o cavaleiro das trevas chegou e já vem arrasando records atrás uns dos outros.
A nova saga do homem-morcego, agora conduzida por Christpher Nolan e com Christian Bale no papel principal, promete destronar a versão de Tim Burton de Gotham City, sendo que é dificil fazer esquecer a visão fabulosamente gótica que Burton deixou da cidade e do seu mais famoso residente, assim como dos vilões que sempre o acompanharam...
Neste segundo filme da nova saga, dois actores carregam o peso de substituir anteriores bons desempenhos, sendo que cabe ao já falecido Heath Ledger, aguentar o peso de substituir um dos melhores actores de sempre (Jack Nicholson) como Joker, numa personagem que se tornou o centro da promoção e do próprio filme, relegando mesmo Batman para um segundo plano. Quanto a Aaron Eckhart, é-lhe pedido que substitua Tommy Lee Jones como Two-Faces, numa visão mais politizada de Harvey Dent.
Depois de uma excelente entrada na nova visão da Saga, em Batman Begins, surgiu um grande mistério e antecipação em torno deste segundo filme. A partir do momento em que se registaram as primeiras aparições de Heath Ledger enquanto Joker, tudo isso explodiu subindo a pique o frenesim em redor do filme.
E pode-se dizer que... estão de parabéns. Todo o mito gerado em torno deste cavaleiro das trevas, teve fundamento não sendo no entanto um filme perfeito, como poderia até prever-se. Conforme já foi dito, Nolan tem que fazer esquecer a visão fabulosa e gótica que Tim Burton teve de Gotham, e fá-lo de forma fenomenal, começando The Dark Knight com uma cena em pleno dia, com muita luz e cor, apresentando a personagem mais esperada do filme: Joker. E aqui, uma palavra de pesar, pois Heath Ledger não merecia a morte, e depois desta fabulosa interpretação, o mundo do cinema está definitivamente mais pobre sem aquele de facto poderia facilmente substituir grandes nomes da representação. Ledger, com este Joker, carrega o filme, deixando papel mais facilitado para Bale, Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman e Morgan Freeman.
Eckhart no entanto mostra que tem muito mais potencial que aquele que haviamos visto até aqui, não envergonhando ninguém e estando mesmo fenomenal como um Two-Faces político, mas inseguro e decididamente com dois lados da mesma moeda...
De Michael Cane e Morgan Freeman, quase não é preciso falar... são decididamente dois grandes senhores da representação, cabendo a Cane um papel bastante forte enquanto Alfred, sendo o braço direito de Bruce Wayne e um seu grande amigo, tratando-o como um filho. Michael Cane mostra o quão humano consegue ser, interpretando uma personagem de si muito humana e importante no desenrolar da história. Quanto a Freeman, o seu Lucius Fox está a muito bom nivel, funcionando quase como o Q deste Batman de Nolan.
Batman/Wayne/Bale.... quase não precisa de palavras. Decididamente uma escolha acertada que ombreia com a escolha de Michael Keaton para os Batmans de Burton, embora tenha aqui, com Nolan, um lado mais pessoal, mais sentimental, e de certa forma, mais negro. Christian Bale segura bem este tipo de papel com toda a sua dedicação transformando-se ele próprio numa pessoa confusa e que de dia é um comum mortal e de noite é um vigilante que luta para limpar as ruas da sua cidade.
Maggie Gyllenhaal tem aqui um muito bom desemepenho, “tapando” a aparição no primeiro filme de Katie Holmes, estando uns furos acima da sua antecessora, e dando um lado mais emocional à história, coisa que com Holmes não havia sido tão bem explorada.
Gary Oldman tem aqui uma interpretação bastante interessante, ainda que de certo modo, um pouco curta, tal como a maior parte dos seus colegas de plateau... já que sem qualquer dúvida, Nolan terá que suar para conseguir ter alguém com tanto destaque para próximos filmes, como esse infeliz Heath Ledger, claramente no melhor Joker já visto, conseguindo mesmo bater o grande senhor que é Jack Nicholson.
Depois de um grande começo com filmes como Sinais e Sexto Sentido, Shyamalan começou a perder público com O Protegido, A Vila e especialmente A Senhora da Água. Este O Acontecimento, era o momento ideal para M. Night se tentar redimir junto dos seus fãs...mas parece que ainda não é desta...
Todos esperaram demasiado do realizador indiano que mais uma vez provou que, apenas para os fãs (e não todos) ainda sabe o que faz... Se com A Vila, foi por vezes incompreendido (naquela que será uma história muito bela e inocente, recheada de grandes interpretações), A Senhora da Água foi definitivamente a gota de água... nem sendo salvo pelo facto de ser uma “bed-time-story” que contava às suas filhas.
Bem, com O Acontecimento, M.Night começa de uma forma fenomenal, retratando algo que está a fazer com que as pessoas se decidam começar a suicidar... podendo no caso extremo levar ao extermínio da raça humana.
No centro das atenções vão estar Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo e Ashlyn Sanchez, como os elementos que acabam por tentar perceber o que de facto se passa com as pessoas e tentando rapidamente fugir daquele cenário apocalíptico.
Esta premissa puxa certamente pela imaginação de qualquer um, e também pela memória, fazendo-nos recordar alguams histórias de zombies do passado.
Mas não, Shyamalan não coloca zombies nas suas histórias. O indiano é uma pessoa mais complexa, que nos leva a duvidar por vezes do mundo que nos rodeia e da realidade à nossa volta... como havia feito em O Sexto Sentido e A Vila.
Em O Acontecimento, Mark Wahlberg interpreta um professor (Elliot Moore), que com a sua mulher (Alma Moore – Zooey Deschanel) e um amigo (John Leguizamo) e sua filha (Ashlyn Sanchez) fogem de Filadélfia, quando são “apanhados” pelo caminho pela praga inexplicável que assola o estado. As interpretações estão a bastante bom nível, sendo que o trio principal, Wahlberg, Deschanel e Sanchez mostra desde logo uma química interessante, em especial entre Zooey e a pequena Ashlyn.
Mas, no entanto, Shyamalan, acaba por, mesmo tendo excelentes actores e boas interpretações, não cativar (mais uma vez) o publico, com uma história que se torna confusa e com muitas pontas soltas, acabando o filme sem uma explicação concreta... caindo um pouco abaixo das suas obras anteriores por este ponto... É que por muito errado, incompreendido ou mesmo louco que estivesse, as suas histórias tinham uma explicação... nesta fica ali algo a soprar no meio das árvores, a deixar-nos em suspenso sobre a real razão da praga que extermina a sociedade... sendo por isto um filme imperfeito e de certa forma perdido no universo deste grande realizador que não consegue ainda assim, desde O Sexto Sentido, uma opinião unanime nos espectadores...