Superunknown (1994)
Em Superunknown encontramos os melhores 70 minutos de sempre dos Soundgarden, indo muito além de tudo o que eles tinham feito anteriormente. Se sempre foi notório que as principais referências dos Soundgarden eram os Led Zepellin e os Black Sabbath, com este álbum conseguiram (finalmente) libertar-se desta colagem. As suas influências Punk raramente são detectadas neste álbum, sendo surpreendente e eficazmente substituídas por influências Pop e psicadélicas. BadMotorFinger já tinha dado o toque inicial de que era necessário “partilhar” o trabalho, não deixando os riffs das guitarras apenas para um elemento, mas o que mais salta à vista em Superunknown é, definitivamente, a voz de Chris Cornell, que surge muito mais sonante, fluindo sobre a banda, sem nunca a abafar. O resto da produção é também impecável, com a banda a conseguir alcançar uma sonoridade tão robusta e coesa que, até mesmo as músicas mais “pesadas” conseguem soar perfeitas. Mas a razão principal pela qual ouvir Superunknown é uma experiência enriquecedora prende-se com, ao abraçarem sons mais psicadélicos fez com que eles rapidamente se tornassem mestres na produção de músicas. Ao experimentar ambientes psicadélicos conseguiram abranger mais sonoridades, e consequentemente mais público, palmilhando o terreno para sons menos “metálicos” e instrumentais, com arranjos mais detalhados e forneceu-lhes a ponte para o Pop, que fez com que a balada Black Hole Sun se tornasse num sucesso estrondoso. Esta capacidade melódica que florescia é evidente em todo o álbum, não apenas pelos hits e pelos temas compostos por Cornell, mas em parte pela contribuição do baterista Matt Cameron, que conseguem ser perfeitamente indistinguíveis, tal não é a consistência com que trabalharam. Foi esta ênfase na escrita de canções que permitiu à banda tirar o máximo partido possível do material que dispunham, sem caírem no exagero ou no devaneio de trabalhos anteriores. A dissonância e as associações ainda estão presentes, mas desta vez não de uma forma tão óbvia, fazendo com que se consiga interpretar uma musica de forma diferente em cada vez que a ouvimos. É por tudo isto que se torna evidente que Superunknown foi editado propositadamente para ser uma obra-prima, capaz de preencher totalmente todos os objectivos e ambições que se teria para ele.