Um velho tio de Spirou deixa-lhe a sua herança. O herói dirige-se para a mansão do defunto, onde descobre que o seu parente lhe deixou um mapa com instruções de acesso ao espólio.
Apesar das objecções e reticências de Gaspar, antigo colaborador do tio, Spirou e Fantásio descobrem o mapa, cujas instruções os conduzem até ao continente africano. No percurso, têm de enfrentar vários perigos e correr numerosos riscos até chegarem ao local onde se encontra o tesouro que, afinal, não é assim tão valioso
Esta é a história de A Herança, escrita e desenhada por Franquin, que foi publicada pela primeira vez na revista Spirou (números 453 a 491) entre 19 de Dezembro de 1946 e 11 de Setembro do ano seguinte.
Este álbum inclui ainda uma segunda aventura, O Tanque, também da autoria de Franquin. A história relata as atribulações de Fantásio para dominar um velho tanque que acaba de adquirir; depois de destruir praticamente uma cidade, o herói vai utilizar o veículo para reparar os estragos, decidindo em seguida abrir uma empresa especializada em demolições. Esta BD foi divulgada no Almanach Spirou 1947, distribuído em Dezembro de 1946.
Este álbum é uma autêntica maravilha, que finalmente é publicada pela primeira vez no nosso País. O Tanque é a primeira história de Spirou desenhada por Franquin, já A Herança, foi a primeira história de Spirou que foi construída na íntegra por Franquin, imediatamente após Jijé lhe ter passado a responsabilidade de desenvolver a série.
Independentemente do termo de comparação que se possa usar, muitos leitores (eu incluída) irão estranhar o aspecto “tosco” dos heróis e o grafismo ainda titubeante de Spirou, isto porque Spirou parecia ter vestido umas calças que eram maiores que ele, para além de parecer não se conseguir aguentar em pé. Por outro lado, Fantásio parece uma espécie de Cebolinha que
Com A Herança, o artista belga já dá mostras de um razoável fôlego narrativo. A história tem um enredo clássico, ainda muito ligado à lógica do romance popular de aventuras, mas a multiplicação de personagens secundários, perfeitamente caracterizados, faz a diferença. Foi neste período que a banda desenhada franco-belga começava a conquistar o seu próprio território, deixando definitivamente para trás a tutela dos comics norte-americanos que caracterizara o período anterior à Segunda Guerra Mundial.