| Lista de Músicas 1 15 Step 2 Bodysnatchers 3 Nude 4 Weird Fishes/Arpeggi 5 All I Need 6 Faust Arp 7 Reckoner 9 Jigsaw Falling into Place 10 Videotape |
Antes da era digital, os dias de lançamentos de um determinado álbum eram aguardados ansiosamente. Contavam-se os dias, horas e os minutos que faltavam até ao dia D. Chegado esse dia, os fãs corriam à loja de CDs mais próxima para comprar e ouvir em primeira mão o tão desejado novo álbum da banda X. Parte desta experiência perdeu-se com o fenómeno musical do download da Internet, o que provocou as inúmeras guerras muitas vezes discutidas. Os Radiohead decidiram inovar e lançaram o seu novo álbum on-line, meses antes da versão “física” do mesmo, o que deu um impulso muito maior a este tão aguardado lançamento.
Mas deixemos estas especulações de parte e passemos para a crítica propriamente dita. Comecemos pelo título e o art work do álbum. Thom Yorke referiu que o título In Rainbows foi usado para sugerir uma viagem, uma transposição para um sítio onde não se está. O art work, com manchas de tintas coloridas sobre um fundo negro sugere explosões cósmicas. Portanto, a primeira ideia que “salta à vista” é que In Rainbows pretende ser uma espécie de novo inicio, de corte com o passado, o que faz sentido, visto que a banda cortou o seu vinculo com a editora EMI, para poderem empreender uma politica de lançamentos autogeridos. Outro aspecto a destacar neste álbum é que também existe um corte com aquele ambiente urbano, de introspecção depressiva que esteve presente na maioria dos seus antecessores. Posto isto, In Rainbows acaba por ser um álbum mais leve daquilo que se poderia esperar.
O álbum começa com 15 Step, na qual se nota uma evolução na vertente electrónica, existindo uma fusão entre o acústico e o digital. Bodysnatchers, ao contrário da faixa que a antecede, recupera a sonoridade Rock a que os Radiohead nos habituaram. A voz de Yorke está menos nervosa e inquieta, e consequentemente, mais melodiosa.
O corte com a EMI e o álbum a solo de Yorke ajudaram os Radiohead a construir as suas musicas de forma mais simples, facto que é notado quando se ouve este álbum, fazendo lembrar um EP, o que acabou por resultar num conjunto de muito boas musicas.
Nude é uma balada lenta, com o baixo de Collin a conduzir a música para um Thom Yorke cativante e honesto, é a faixa “típica” dos Radiohead.
Em All I Need realça-se outra das características de In Rainbows, a força imposta pelos arranjos de guitarra compostos por Jonny Greenwood, transformando uma música que, inicialmente soa apática, numa faixa de imponência musical. Faust Arp, em compensação, é o oposto de All I Need, e a sua a beleza reside na simplicidade com que foi feita.
House of Cards começa com a frase: I don't want to be your friend/I just want to be your lover/No matter how it ends/No matter how it starts, acaba por ser um reflexo, desta vez menos elaborado do que em álbuns anteriores, da capacidade lírica e de composição que caracterizam os Radiohead.
Jigsaw Falling Into Place, o primeiro single de In Rainbows, recupera parte do fulgor inicial. É a faixa mais “dançável”, retratando uns Radiohead descontraídos e espontâneos, como se estivessem a tocar para um grupo de amigos.
Videotape, é a “cereja no topo do bolo”, uma faixa que cumpre o objectivo de encerrar com chave de ouro um álbum.
Num registo que, inicialmente, parece diferente do seu trabalho anterior, In Rainbows é um álbum de uma banda que há muito atingiu a consagração, e que, a cada trabalho, parece se renovar e mostrar uma faceta diferente da banda. E continua a resultar na perfeição!