E se de repente toda a nossa vida ficasse virada do avesso? E se uma das pessoas mais importantes desaparecesse para sempre, num acidente trágico e brutal?
E se, depois de tudo isso, a pessoa responsável tivesse a cobardia de fugir...
Com esta premissa, Terry George realiza este filme, que nos deixa sempre a pensar no que fariamos se estivessemos na situação de Mark Ruffalo e Joaquin Phoenix...pais destroçados por um acaso do destino, separados por uma ténue linha que os une. Terry George filma de forma brilhante a dor e sofrimento de duas familias em busca de sossego e tranquilidade cuja vida se cruza de forma quase incrivel...criando todo um drama forte e potente que nos deixa desolados e presos à cadeira.
Joaquin Phoenix tem aqui um papel fenomenal como pai destroçado, procurando todas as formas de superar a morte do seu filho, que sucumbiu de forma trágica depois de um dos momentos mais felizes da família.
Mark Ruffalo surpreende também, encarnando o outro vértice da perigosa situação como a pessoa responsavel (ainda que de forma involuntária) da morte desta pobre e inocente criança. Rufallo, que enfrenta a dor e mágoa pelo que faz, imaginando que o jovem poderia ter sido o seu proprio filho, e que poderia ser outro perfeito estranho a ocupar o seu lugar...
É ainda corajosa a forma como Terry George nos apresenta a história e entrelaça ambas as familias, numa teia muito complicada de tecer e à qual nos faz sentir cada vez mais presos à medida que o enredo avança. Ao contrário de outros filmes do género, George opta por não abordar a visão da vingança e do vigilante, transportando-nos para um mundo real e doloroso, como ele na realidade é, deixando os floreados de lado e fazendo-nos sentir como qualquer um daqueles pais... Uma visão crua e real de uma tragédia, como há muito não se via no cinema.
Os parabéns a este acto arrojado de um grande realizador, que tem também no casting uma escolha acertadíssima, pois não só conforme já referido, Phoenix e Ruffalo estão fenomenais, como a escolha das actrizes para os suportarem (Mira Sorvino e Jennifer Connelly) foi a mais acertada, pois ambas dão um toque ideal, muito emotivo a uma história já de si forte...
Outro papel que está muito tocante é o da pequena Elle Fanning, não deixando por mãos alheias o apelido, e reclamando para si a fama que a irmã (Dakota) já conquistou no mundo de Hollywood.
Em resumo, um filme aconselhado, um dos melhores a estrear nas nossas salas neste ano, mas tendo em conta que pessoas mais sensiveis poderão “sofrer” com a história... e com a pura das realidades que ela retrata.