11
Mar 10

 

 

 

Alinhamento:

 

1.     Death

2.     To Lose My Life

3.     A Place to Hide

4.     Fifty on Our Foreheads

5.     Unfinished Business

6.     E.S.T.

7.     From the Stars

8.     Farewell to the Fairground

9.     Nothing to Give

10.  The Price of Love

 

Os White Lies, um trio britânico cujas influências são nomes como os Joy Division, The Teardrop Explodes ou Echo & the Bunnymen, foram umas das revelações do ano que passou. O seu álbum de estreia To Lose My Life, produzido por Ed Buller (Pulp, Suede) e Max Dingel (the Killers, Glasvegas), foi uma surpresa agradável. Embora, como se pode ver no alinhamento e depois de ouvirmos as musicas, o tema da morte esteja presente. Aliás, o próprio vocalista/guitarrista Harry McVeigh declarou: Everything has got to be love or death.  E porque não ter ambos? É sobre esta premissa que surge este álbum.

Lembro-me da primeira vez que ouvi na Rádio To Lose my Life, e do refrão "Let's grow old together and die at the same time” não me ter saído da cabeça. O álbum parece uma dissertação sobre amor e morte e tudo o que ambos envolvem: “If you tell me to jump then I'll die“ da E.S.T, ou “As you said goodbye, I almost died” de Nothing to Give. O que de facto torna o álbum interessante é que não é deprimente, toda a problemática da morte e da separação que a mesma envolve parece envolta num lado positivo, de esperança e até mesmo de continuidade. Exemplo disso é Unfinished Business, que, sem duvida é o melhor momento de To Lose My Life. A partir desta faixa, o álbum decai um bocadinho, tentando recuperar um pouco do fulgor inicial em Farewell to the Fairground, mas sem sucesso.

De qualquer das formas, fica aqui uma banda para acompanhar e seguir de perto, porque este, To Lose my Life, não sendo um portento, é um registo bastante interessante, e até se torna libertador quando somos confrontados com a morte de alguém próximo.

 

publicado por AS às 19:20

20
Abr 08

 

 

 

Lista de Músicas

 

1 15 Step

2 Bodysnatchers

3 Nude

4 Weird Fishes/Arpeggi

5 All I Need

6 Faust Arp

7 Reckoner

8 House of Cards

9 Jigsaw Falling into Place

10 Videotape

 

 

Antes da era digital, os dias de lançamentos de um determinado álbum eram aguardados ansiosamente. Contavam-se os dias, horas e os minutos que faltavam até ao dia D. Chegado esse dia, os fãs corriam à loja de CDs mais próxima para comprar e ouvir em primeira mão o tão desejado novo álbum da banda X. Parte desta experiência perdeu-se com o fenómeno musical do download da Internet, o que provocou as inúmeras guerras muitas vezes discutidas. Os Radiohead decidiram inovar e lançaram o seu novo álbum on-line, meses antes da versão “física” do mesmo, o que deu um impulso muito maior a este tão aguardado lançamento.

Mas deixemos estas especulações de parte e passemos para a crítica propriamente dita. Comecemos pelo título e o art work do álbum. Thom Yorke referiu que o título In Rainbows foi usado para sugerir uma viagem, uma transposição para um sítio onde não se está. O art work, com manchas de tintas coloridas sobre um fundo negro sugere explosões cósmicas. Portanto, a primeira ideia que “salta à vista” é que In Rainbows pretende ser uma espécie de novo inicio, de corte com o passado, o que faz sentido, visto que a banda cortou o seu vinculo com a editora EMI, para poderem empreender uma politica de lançamentos autogeridos. Outro aspecto a destacar neste álbum é que também existe um corte com aquele ambiente urbano, de introspecção depressiva que esteve presente na maioria dos seus antecessores. Posto isto, In Rainbows acaba por ser um álbum mais leve daquilo que se poderia esperar.

O álbum começa com 15 Step, na qual se nota uma evolução na vertente electrónica, existindo uma fusão entre o acústico e o digital. Bodysnatchers, ao contrário da faixa que a antecede, recupera a sonoridade Rock a que os Radiohead nos habituaram. A voz de Yorke está menos nervosa e inquieta, e consequentemente, mais melodiosa.

O corte com a EMI e o álbum a solo de Yorke ajudaram os Radiohead a construir as suas musicas de forma mais simples, facto que é notado quando se ouve este álbum, fazendo lembrar um EP, o que acabou por resultar num conjunto de muito boas musicas.

Nude é uma balada lenta, com o baixo de Collin a conduzir a música para um Thom Yorke cativante e honesto, é a faixa “típica” dos Radiohead.

Em All I Need realça-se outra das características de In Rainbows, a força imposta pelos arranjos de guitarra compostos por Jonny Greenwood, transformando uma música que, inicialmente soa apática, numa faixa de imponência musical. Faust Arp, em compensação, é o oposto de All I Need, e a sua a beleza reside na simplicidade com que foi feita.

House of Cards começa com a frase: I don't want to be your friend/I just want to be your lover/No matter how it ends/No matter how it starts, acaba por ser um reflexo, desta vez menos elaborado do que em álbuns anteriores, da capacidade lírica e de composição que caracterizam os Radiohead.

Jigsaw Falling Into Place, o primeiro single de In Rainbows, recupera parte do fulgor inicial. É a faixa mais “dançável”, retratando uns Radiohead descontraídos e espontâneos, como se estivessem a tocar para um grupo de amigos.

Videotape, é a “cereja no topo do bolo”, uma faixa que cumpre o objectivo de encerrar com chave de ouro um álbum.

Num registo que, inicialmente, parece diferente do seu trabalho anterior, In Rainbows é um álbum de uma banda que há muito atingiu a consagração, e que, a cada trabalho, parece se renovar e mostrar uma faceta diferente da banda. E continua a resultar na perfeição!

publicado por AS às 20:04

14
Abr 08

 

 

Lista de Músicas

 

1 -  Vamos Esta Noite
2 -  Adeus Amor (Bye, Bye)
3 -  Tira a Teima
4 -  Fábrica de Amores
5 -  Amuo
6 -  Sexto Andar
7 -  Ponto Zero
8 -  P'ra Continuar
9 -  Pequena Morte
10 -  Narciso sobre Rodas
11 -  Mandarim
12 -  Utilidade do Humor

 

 

 

 

Cintura marca o regresso dos Clã aos álbuns de estúdio e à estrada, depois do experimentalista Rosa Carne. O título Cintura, segundo Manuela Azevedo, a vocalista, surge porque a palavra nos pareceu, sonora e graficamente, bonita. Depois, porque, semanticamente, sentimos que é uma palavra próxima do movimento, da dança, do feminino, do “jogo de cintura” que se sente no novo disco”.

A imagem de marca que caracteriza todos os álbuns dos Clã é as inúmeras participações e colaborações, que fazem com que, na sua sonoridade, se notem variadíssimas influências. Desta feita, este disco contém 12 temas com letras de Arnaldo Antunes, Adolfo Luxúria Canibal, Carlos Tê e Regina Guimarães, tem como primeiro single Tira a Teima, que conta com a participação de Paulo Furtado (WrayGunn, The Legendary Tigerman). Por sua vez, Amuo conta com a voz de Fernanda Takai dos Pato Fu. E é neste Tira a Teima, que serve de cartão de visita do disco, que nos é revelado o novo “lado” dos Clã, é mais arrojado, mais feminino, aventureiro, afirmativo e solto. É como se os Clã se tivessem libertado das amarras que os prendiam.

Para além de ser mais descontraído e físico, é quase o oposto do anterior em termos musicais, sonoros e rítmicos, o que nos é explicado pela própria Manuela Azevedo: O “Rosa Carne” teve aquela mulher da capa, uma espécie de “Alice no país das maravilhas” já entradota. Já a imagem que tenho da mulher que está neste novo disco é a mesma mulher entradota, mas atrevida. A abrir portas e a sair por aí fora, consciente, com uma atitude irónica sobre si própria e também em relação ao mundo, onde aprende e desaprende. Com vontade de experimentar outras coisas e transgredir noutras.

Daí que este disco acaba por ser mais directo, imediato e Pop-Rock do que os anteriores álbuns dos Clã, o que não implica necessariamente que seja mais comercial. Nada disso! É, eventualmente, um álbum mais acessível ao público desconhecedor do trabalho da banda, dos quais se destacam Sexto Andar, Vamos Esta Noite, Narciso sobre Rodas e Utilidade do Humor. Resumindo: O nosso novo álbum é um trabalho que serve de convite aos fãs para que se deixem levar pela aventura e que, pelo caminho, sintam a música e o prazer de viajar pela melodia. Um disco, sem dúvida, “P'ra Continuar”, como apresenta uma das suas faixas.

publicado por AS às 12:40

10
Abr 08

 

 

 

Lista de Músicas

1. Intro
2. 4th chance
3.
Kiss me, Oh Kiss Me
4. Rocket Man (I think it’s going to be a long, long
5. Silent void
6. This wind, temptation
7. I see the world through you
8. Superstars II
9. This Raging Light
10. Feet on stones
11. Dreams in colour

 

 

Já se passaram cerca de 10 anos desde que os Silence 4 e o seu Silence Becomes It chegou às lojas, ainda que timidamente, para alguns meses mais tarde se tornar num dos maiores fenómenos de popularidade da música nacional, por vezes tão exigente e ingrata. Com o tempo, os Silence 4 acabaram, dando a conhecer o seu vocalista, David Fonseca, através duma carreira a solo. Desta feita, chegamos ao seu terceiro álbum, que nos apresenta um compositor talentoso, que a cada álbum dá um passo de gigante na consolidação da sua carreira.

Já em Our Hearts Will Beat as One, e talvez fruto da paternidade por parte de David Fonseca, se notava um lado mais alegre e positivo na sua música. Este Dreams in Colour, segue essa linha, sendo um trabalho prazenteiro, notando-se que o seu autor teve muito prazer ao compor o disco. É um álbum maduro, no entanto, ao contrário dos seus antecessores, é mais heterogéneo, dando-lhe um ar mais solto. Aliás, este é um dos pontos fortes do disco, ser composto por temas que fogem um pouco ao rumo “normal” e que nos prendam. Basicamente, Dreams in Colour é um apanhado de vários momentos e emoções de David Fonseca, e como neste registo ele aparenta estar mais liberto e descontraído, acabamos por obter o melhor dele. Depois, claro, também observamos as várias influências musicais das quais, a mais flagrante é Rocket Man, uma cover de um tema de Elton John, resultando também como uma homenagem ao trabalho deste.

4th Chance é a típica musica Pop de David Fonseca e que marca aquilo que um artista tem de melhor e de mais perigoso: uma identidade. Mas felizmente, esta identidade não se esgota aqui, dando-nos vários momentos e outras influências. Kiss me, Oh Kiss Me faz lembrar Ryan Adams, enquanto em This Wind, Temptation é notória a influência de Arcade Fire. Feet on Stones é uma faixa brilhante, porque sendo de uma simplicidade extrema, é muito bonita e desperta muito facilmente a atenção. A verdade é que, este Dreams In Colour soa muito bem, resultando na perfeição. David Fonseca pode (ainda) não ser um artista brilhante mas caminha a passos largos para sê-lo.

publicado por AS às 10:05

23
Mar 08

 

 

 

 

Lista de Músicas

 

1 First, Love

2 Written in Blood

3 Walking Away

4 True Romance

5 What I Want

6 It's Just Begun

7 She Will Always Be a Broken Girl

8 This Is the End

9 Checking Out

10 Pretend the World Has Ended

11 Replacement

12 All Those Moments

13 Rachael

 

 

Quando em 2006 os She Wants Revenge lançaram o seu primeiro e homónimo álbum, tornaram-se muito rapidamente num fenómeno da música Pós-Punk, de tal forma que o tão esperado 2º álbum se tornava uma assustadora incógnita. No entanto, os She Wants Revenge conseguiram superar esta aparente dificuldade, e embora o estilo musical presente em This Is Forever seja semelhante ao álbum anterior, nota-se que há muito mais confiança e segurança no seu trabalho. Outro aspecto que se destaca é que a banda recorreu à ironia para tentar fazer algo diferente, pormenor que é visível logo na capa do álbum, que espelha o trabalho artístico do álbum de estreia, só que desta vez a rapariga veste de preto, e consequentemente, está sob um fundo da mesma cor, parecendo querer mostrar a dicotomia Casamento/Funeral, e quando ouvimos She Will Always Be a Broken Girl parece que estamos perante uma sequela amarga de These Things. Warfield e Bravin continuam a mostrar que a sua música é influenciada por nomes como os Depeche Mode, Joy Division e Interpol, e a batida glamorosa de True Romance parece ser uma balada dedicada a Personal Jesus, dos Depeche Mode, enquanto que as “musas” inspiradores de It´s Just Begun podiam ter sido retiradas do diário de Paul Banks.

A “imitação” dos seus ídolos ficam muito próximas de passar o limite entre o lisonjear e o parodiar, especialmente no que às letras dos She Wants Revenge diz respeito. A essência do Pós-Punk é visível em várias faixas, mas a sua intensidade reside na escrita, onde se destaca a faixa Checking Out que começa: She's like the devil to me/Though she claims she's found Jesus/Her religion is killing me/Let’s her do whatever she pleases. No entanto, é na capacidade que os She Wants Revenge tem de “reduzir” estes sons e sentimentos à sua essência (e, por vezes, no menor denominador comum) que os torna únicos. Eles estão no seu melhor nas faixas mais dançáveis (outra das características dos She Wants Revenge) como What I Want e Written In Blood, que são dos melhores momentos do álbum, em conjunto com She Will Always Be a Broken Girl e Walking Away, esta última juntamente com This Is the End dão um toque melodramático ao álbum, fazendo com que This is Forever esteja repleto de musicas bastante “catchy” que melhoram o primeiro álbum da banda. Por isso é que se tornam tão viciantes!

publicado por AS às 15:21

11
Mar 08

 

 

Lista de Músicas

 

1 Fake Empire

2 Mistaken for Strangers

3 Brainy

4 Squalor Victoria

5 Green Gloves

6 Slow Show

7 Apartment Story

8 Start a War

9 Guest Room

10 Racing Like a Pro

11 Ada

12 Gospel

 

 

O terceiro álbum dos The National, Alligator, foi unanimemente aclamado tanto pela crítica com pelos fãs como o álbum onde os The National atingiram a consagração. Apesar de ter tido pouca aclamação inicialmente, com o tempo foi construído e conquistando um grupo de ouvintes coeso e ávidos de boa música. As letras de Matt Berninger – que inicialmente poderiam parecer obtusas e dispersas em detalhes – com o tempo mostraram a sua capacidade poética sem pretensiosismos.

Uma prova do bom senso e boa vontade por parte dos fãs de Alligator é considerarem o seu sucessor, Boxer, um álbum maduro. De tal forma, que muitos dos fãs dos The National foram ouvindo pacientemente, dando espaço a que Boxer cresça e revele o seu lado mais obscuro. Aliás o álbum assim o exige, para desfrutarmos plenamente dele há que o ouvir com calma, pacientemente, e ele vai crescendo por si. Os mesmos elementos que tornaram Alligator um álbum de culto, ou seja a capacidade de escrita de Berninger aliada à intensidade dramática da banda, estão presentes em Boxer, mas desta vez de uma forma mais moderada e controlada. E isso é sentido desde os primeiros acordes de piano em Fake Empire, onde os The National criam um ambiente nocturno, ligeiramente ameaçador mas principalmente isolado. As 10 faixas seguintes sustentam e amplificam este mesmo sentimento, enquanto a banda caminha para o final do álbum. As guitarras dos gémeos Aaron e Bryce Dessner não só “lutam” uma contra a outra mas também criam um ambiente coeso, que serve de apoio aos restantes instrumentos, como nos casos de, por exemplo, os arranjos de Padma Newsome em Mistaken for Strangers, e a brilhante Ada (com Sufjan Stevens no piano) dando-lhes um ambiente dramático e subtil.

Instrumentalmente, Boxer é um álbum de percussões: o baterista Bryan Devendorf torna-se o maestro, não estando limitado a marcar o ritmo mas participando activamente em trazer as músicas ao de cima. Com precisão mecânica, os ritmos e tons acrescentam emoções às faixas, como por exemplo, Squalor Victoria segue um “bater” de corações e a Brainy dá-lhe o ambiente tenso. Aliás, o próprio titulo do álbum, Boxer poderia ser uma referência à forma como estes ritmos são articulados e conjugados com a voz melodiosa de Berninger, contrastando com a as emoções e empatias dos vocalista.

Apesar da violência implícita, Boxer não tem a mesma auto-avaliação destrutiva e os danos psicológicos causados pela mesma presentes em Alligator. Aqui, Berninger consegue soar como sendo capaz de sair daquela “alienação” mental em vez de ficar mais introspectivo. Ele observa as pessoas à sua volta – amigos, casais de namorados, transeuntes – fazendo-se passar por eles, imaginando-se dentro dos seus pensamentos. Ou, como ele canta em Green Gloves, Get inside their clothes with my green gloves/ Watch their videos, in their chairs, em que a sua empatia parece mais genuína (o “tu” acusador presente nos dois primeiros álbuns não está aqui presente), revelando ambiguidade e um afastamento do recurso a sátiras. Alguns temas continuam presentes e a ser uma constante: Berninger continua a revelar o receio de se tornar um “colarinho branco”, revelado em Squalor Victoria e Racing Like a Pro, combatendo um pouco isso ao dizer Underline everything/ I'm a professional/ In my beloved white shirt, e ruma em direcção à sua angústia (We're half awake in a fake empire), apesar de reconhecer que a loucura em que o mundo vive torna-o mais lúcido.

Melhor do que estas faixas são as três que estão no meio do álbum que usam uma metáfora de amor=guerra que milagrosamente evita a previsibilidade implícita neste conceito. Em Slow Show, realça-se o sonhar acordado quando se diz: I want to hurry home to you/ Put on a slow dumb show for you/ Crack you up. Mas o que salta à vista é: You know I dreamed about you for 29 years before I saw you. Este contentamento que exigiu esforço e tempo para conquistar começa a decair em Apartment Story, onde o mundo invade o espaço partilhado pelo casal, e em Start a War a possibilidade de perda ganha contornos assustadores. Walk away now and you're gonna start a war, é o que Berninger canta, contrastando com o ritmo simples, e desconfortavelmente insistente onde os seus receios dão à canção um lado pessoal e introspectivo.

Obviamente, é possível interpretar muito na música dos The National e especialmente nas letras escritas por Berninger, mas isso não deve implicar que Boxer deva ser visto como um trabalho académico excessivo ou difícil. À semelhança do que sucedeu com o seu antecessor, as suas músicas revelam-nos gradualmente os sentimentos dos membros dos The National, e devagarinho atingem aquele momento em que nos cai no goto. É raro encontrarmos um álbum que nos devolve aquilo que esperamos e colocamos nele. Boxer é um deles!

publicado por AS às 21:35

21
Fev 08

 

 

 

Lista de Músicas

 

1 Setting Forth

2 No Ceiling

3 Far Behind

4 Rise

5 Long Nights

6 Tuolumne

7 Hard Sun

8 Society

9 The Wolf

10 End of the Road

11 Guaranteed

 

 

Into the Wild de Eddie Vedder, o vocalista dos Pearl Jam, marca a primeira experiência a solo fora da banda que lhe trouxe reconhecimento mundial, é uma compilação de 9 músicas originais de Eddie Vedder e duas covers, que constituem a banda sonora do filme realizado por Sean Penn, com o mesmo nome, e que é baseado numa obra de Jon Krakauer. Tanto o livro como o filme falam da curta vida de Christopher J. McCandless, um excelente aluno e atleta, filho de pais abonados e influentes, que literalmente abandona a sua vida, doando os 24.000 dólares que tinha em poupanças a uma instituição, deixando para trás o que ele considerava uma sociedade doente e cheia de vícios. Ele foi a pé até às montanhas do Alasca e nunca mais voltou, e ao que parece até morreu de fome. Para contar uma história tão forte Sean Penn convidou o seu amigo Eddie Vedder para a composição musical. Vedder reuniu, desta forma, um conjunto de músicas muito road trip, onde a sonoridade Folk é a que está mais presente, o Rock faz algumas aparições fugazes, como na faixa de abertura, Setting Forth ou no single Hard Sun. É um trabalho a solo, no verdadeiro sentido da expressão, visto que Eddie Vedder tocou todos os instrumentos, tendo sido ajudado apenas em duas situações: em Hard Sun, Corin Tucker fez as vozes de apoio, e em Society, Jerry Hannan, compositor desta faixa, tocou guitarra acústica e fez vozes de apoio também.

As “explosões” vocais a que os fãs dos Pearl Jam estão habituados, aqui praticamente não existem. Em Setting Forth, a faixa de abertura do álbum, começa por nos transmitir a essência presente em toda a história, isto é, a ideia de partir para sempre, sem ponto de retorno ao se ouvirem os versos Be it of no concern/Point of no return/Go forward in reverse/This I will recall/Every time I fall...". O resto do álbum aborda questões existenciais como as de perder tudo e, em compensação, ganhar algo indeterminado, em vez da liberdade absoluta. Vedder faz um excelente trabalho a transmitir estas emoções em faixas como No Ceiling e Far Behind. Long Nights é uma lista de desejos que alguém faz ao pé duma campa: Have no fear/For when I'm alone/I'll be better off/Than I was before/I've got this life/I'll be around to grow/Who I was before/I cannot recall/Long nights allow/Me to feel I'm falling/I am falling....

Todas as músicas presentes nesta banda sonora cumprem o objectivo que é proposto, isto é, contar a história de Christopher McCandless, e a sua aventura em busca do significado da sua existência e da liberdade. No entanto, musicalmente, as faixas presentes neste álbum não soam muito diferentes umas das outras, não havendo uma dinâmica marcada pela música. Essa dinâmica é, no entanto, imposta pelas letras, e pela ordem em que surgem as músicas que transmite a noção da passagem do tempo, que de outra forma, não é perceptível. A única faixa que musicalmente é diferente das restantes é Hard Sun, e talvez por isso, ter sido a musica escolhida para single. Para se apreciar este álbum primeiro temos que ter em conta que este não é um álbum dos Pearl Jam nem é parecido com o trabalho da banda. É óbvio que, tendo em conta que a voz é a mesma é difícil não se fazer associações ou esperar-se, de alguma forma, que o resultado seja semelhante. Não o é, até porque esse não é objectivo. Into the Wild é um trabalho poético que pretende contar uma história intensa e trágica, e esse objectivo é cumprido. Por ser um álbum tão intenso nem ser catchy, isto é, dificilmente nos faz ouvi-lo vezes e vezes sem conta, portanto muitos poderão não se convencer facilmente. Mas, no final de contas, é um bom prenúncio daquilo que o Eddie Vedder é capaz de fazer sozinho!

publicado por AS às 12:34

13
Fev 08

 

 

 

Lista de Músicas

 

1 Two Receivers

2 Atlantis to Interzone

3 Golden Skans

4 Totem on the Timeline

5 As Above, So Below

6 Isle of Her

7 Gravity's Rainbow

8 Forgotten Works

9 Magick

10 It's Not Over Yet

11 Four Horsemen of 2012

 

 

Os Klaxons são uma das mais recentes manifestações de casos que a Impressa Britânica tende a compulsivamente reinventar material que estereotipadamente ignora, isto é, dance music. Produzido por James Ford, o primeiro álbum da banda, Myths of the Near Future é um fenómeno saído da mais recente tradição de bandas Indie Britânicas. No entanto, o vocalista/baixista dos Klaxons, Jamie Reynolds e companhia não estão a reviver a música House e Rave ouvida no final da década de 80, embora este Myths of the Near Future homenageie bandas cuja sonoridade era maioritariamente retirada das guitarras; a banda traz na bagagem influências de nomes como os Stone Roses, Primal Scream e Happy Mondays. No entanto, a força e a sonoridade neste conjunto de 12 canções classificam os Klaxons primeiramente como…um grupo Inglês de Pop bastante cativante. E convenhamos que esta classificação é redutora.

Por causa desta característica de “misturar” dance music com guitarras foram comparados aos conterrâneos Artic Monkeys, que também recorreram a James Ford para lhes produzir o álbum. No entanto, enquanto que a sonoridade dancefloor dos Artic Monkeys é alcançada maioritariamente por causa das letras, no caso dos Klaxons essa sonoridade surge graças ao ritmo aplicado às guitarras, baseados em bandas de nova Iorque tais como os ESG ou os The Rapture, e à mistura dos instrumentos habituais nas bandas com arranjos electrónicos que podiam ter sido retirados de qualquer filme de ficção cientifica.

O álbum começa de forma excelente com Two Receivers, num registo mais melancólico mas sem se tornar cansativo, para o qual muito contribui o piano e o estilo dramático marcado pelo mesmo.

Segue-se Antlantis to Interzone, onde as influências electrónicas dos final dos anos 90 são mais evidentes.

Golden Skans é uma pérola e uma das melhores faixas do álbum, a par com It’s Not Over Yet, que nos faz lembrar uma música dos The Smiths, a  A Rush and a Push and the Land Is Ours, descolando dos arranjos de Ed Banger.

Totem on the Timeline é a musica que mais foge ao lado intemporal que se pretendeu dar a este Myths of the Near Future, acabando por ser a faixa mais banal de todo o álbum.

As Above, So Below, Isle of Her e Forgotten Works, fazem-nos lembrar Blur na fase do 13, em que se começou a esquecer que os Blur começaram fundamentalmente como uma das bandas Indie mais inteligentes de sempre.

E chegamos então a uma das melhores, senão mesmo à melhor faixa do álbum: It’s Not Over Yet tem tudo para ser a melhor: é cativante, nunca cansa, principalmente quando se tem em conta que o seu tema é o poder do amor, no qual muitas vezes encontramos desespero, o qual nos leva a perguntar a alguém: You still want me, don’t you?

Os Klaxons, ao recorrerem a um universo literário (visível no art-work do álbum), conseguiram ser originais, podendo serem o que quiserem, quando e onde quiserem, o que fez com que a sua música e o álbum sejam tão cativantes.

publicado por AS às 12:32

07
Fev 08

 

 

 

Lista de Músicas

 

1 - Canção Simples
2 - A Ponte
3 - Labirinto
4 - O Lugar
5 - Os Dois
6 - Outono
7 - Voo
8 - Amanhã
9 - O Campo
10 - Noite Demais
11 - Fim Da Tarde
12 - A Praia
13 - O Jogo
14 - O Jardim

 

 

O Jardim… um álbum simples e complexo, um álbum da voz dos Toranja (daí alguma similaridade) gravado com Howard Billerman, que já trabalhou com Arcade Fire. Para este trabalho no entanto, Tiago Bettencourt não surge totalmente a solo, traz consigo os Mantha.

Neste álbum, denota-se alguma dificuldade inicial na audição, em especial no seu single de apresentação “Canção Simples”… que por ser demasiado simples e parecer até um pouco infantil por vezes, deixa-nos de pé atrás para o álbum.

No entanto, arriscando a ouvir, O Jardim apresenta-se como um álbum bastante agradável, contudo oscilante… como um conjunto de ideias cruzadas, vivendo de temas e não de um conceito. Outro ponto, como também já referido é alguma “colagem” – óbvia no entanto – aos Toranja, não só por associarmos a voz do Tiago, mas também porque a “pena” é a mesma…

Nota-se essencialmente a parecença com a banda, nas músicas “Labirinto”, que remete para o álbum Segundo, “Amanhã” e “Noite Demais” relembram-nos a força impetuosa dos Toranja. “O lugar” toma também o seu, na colectânea de baladas a lembrar Toranja.

Mas, neste álbum vemos também uma faceta simples, directa e sem as metáforas que Tiago nos habituou… uma nova face, fresca… como se pode comprovar em “Os Dois”, “A praia”, “ Fim de Tarde” e “O Campo”. Nesta última inclusive podemos encontrar a ironia típica e o confronto habitual, mas com novos ritmos, véus que teimam em não cair…

E… eis que nos chega “Outono”, a música que prende, apaixona… música típica de airplay, de banda sonora, candidata a longos suspiros, é verdadeiramente bela e doce, dando vontade de fechar os olhos e ouvir as teclas soltas do piano de Tiago.

No final, continua a surpresa, com a versão escondida da “Canção Simples”, aqui tocada com Sara Tavares acompanhando muito bem Tiago Bettencourt.

Em resumo, podemos dizer que este Jardim é um começar de novo, mas ainda com alguma falta de corpo, intensidade, um fio condutor para não haver tanta dispersão… mas esperemos por próximas viagens a este mundo fantástico que a voz e letras de Tiago nos habituaram…

 

publicado por FV às 12:23

31
Jan 08

 

 

 

Lista de Músicas

 

1 The Pretender

2 Let It Die

3 Erase/Replace

4 Long Road to Ruin

5 Come Alive

6 Stranger Things Have Happened

7 Cheer Up, Boys (Your Make Up Is Running)

8 Summer's End

9 Ballad of the Beaconsfield Miners

10 Statues

11 But, Honestly

12 Home

 

 

No inicio deste ano de 2007, os Foo Fighters lançaram um álbum de celebração do 10º aniversário do lançamento de The Colour and the shape, como forma de lembrar um dos grandes momentos da banda, em que escreviam grandes temas que eram catchy e ao mesmo tempo apelativos.

Com o lançamento do seu 6ª álbum de estúdio, Echoes, Silence, Patience and Grace, continuamos uma viagem pela nostalgia, ao reencontrarmos o produtor Gil Norton, fazendo com que o álbum parecesse uma espécie de retirada, fuga para o que a banda tinha atingido, sendo considerada como um sinónimo do rock alternativo moderno.

A primeira faixa e primeiro single The Pretender lança-nos para um movimento constante, comum a “hinos” antigos como I’ll Stick Around ou Monkey Wrench, tendo no entanto um punhado de ideias fortes e imensa energia, tornando-se numa das canções mais interessantes da banda, em muito tempo…No entanto, as (por vezes em demasia) repetitivas Let it Die, Long Road to ruin e Erase/Replace (que ganha o prémio de refrão mais catchy), acalmam um pouco o ímpeto inicial.

Neste álbum nota-se a importância do guitarrista dextro Chris Shiflett, tornando as melodias mais clássicas, adocicadas, com excelentes vocais de Dave Grohl e com riffs mais fortes e “complicados” a preencher os “espaços vazios”. Assim, estas canções mais rock, com cerca de 3 minutos, simples e doces afastam-se das (grandes) músicas Pop da banda como foram Big Me ou Everlong.

Na tentativa de criar um álbum diferente, mais acústico, ao estilo de Skin and Bones, os Foo Fighters colocaram bastantes baladas neste novo álbum, sendo as que mais nos fazem retroceder ao álbum ao vivo Stranger Things Have Happened e But, Honestly. A “dupla-personalidade” de David Grohl fica bem patente nestas músicas, pela forma como mostra um Grohl mais “baladeiro”, no reverso do “punk-grunge”. Também outro conjunto de músicas trazem-nos uma novidade: Grohl parece-se com Tom Petty nas bastante americanas Statues (uma das melhores do álbum, quanto a mim) e Summer’s End.

Mas, se queremos falar de originalidade, teremos que focar a Ballad of the Beaconsfield Miners, uma faixa instrumental dedicada aos mineiros da Tasmânia que ficaram presos na mina. Esta faixa coloca os Foo Fighters num patamar elevado, ao fazer lembrar Led Zeppelin na sua fase Led Zeppelin III.

No entanto, todos estes momentos diferentes do trio grunge de Seattle ou das músicas catchy  e carismáticas, deixa-nos a pensar se os Foo Fighters estarão a ir na melhor direcção… este é um álbum com muitas baladas e muito contemplativo, deixando no entanto algumas saudades dos tempos de The Colour and the Shape

publicado por FV às 12:26

Julho 2014
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