31
Jul 14

 

 

Tenho que começar este post por dizer que gosto muito de Nick Hornby. Quando não estou a ler Policiais (nos últimos anos nórdicos) estou a ler Nick Hornby. Gosto particularmente do Alta Fidelidade e do Juliet, Naked, mas não são desses que vou falar aqui.

 

E ao contrário de posts anteriores, também não vou fazer nenhuma espécie de crítica mas sim falar deles numa perspectiva mais pessoal. De alguma forma é como se sentisse que estes livros podiam ter sido escritos por mim.

Por isso vou falar antes de 31 Canções e de Febre no Estádio – Diário de um Fanático.

 

31 Canções é uma lista de músicas que o autor adora e tem de alguma forma uma relação emocional com elas. Embora não partilhe dos mesmos gostos musicais, revejo-me totalmente na parte emocional das canções.

Eu sempre gostei de música, de ouvir, de cantar, de partilhar, de tocar. A música sempre esteve presente na minha vida. A música foi aquilo que me deu forças para continuar quando tudo o resto falhava.

Aprendi a tocar e a cantar, tive que desistir de ambos, e voltei a fazê-lo depois dos 30. E é tão bom reviver tudo aquilo que tocar guitarra me traz e ver como me transformo e me entrego a algo que gosto tanto de fazer!

E, à semelhança do que acontece com Nick Hornby, também tenho uma série de canções sobre as quais poderia listar e escrever todas as memórias e emoções que elas me trazem. Quem sabe se não o faço um dia!

 

Febre no Estádio – Diário de um Fanático descreve a relação do autor com o seu clube de futebol, o Arsenal de Londres. Quem me conhece sabe que sou adepta do Benfica, e que raramente perco um jogo em casa.

O primeiro comentário que tenho que fazer a este livro é que, bem se às vezes acho que sofro demasiado com o Benfica, ainda bem que não sou do Arsenal! Ninguém merece tanto desastre! Eu até simpatizo com o clube, mas em Inglaterra sempre preferi o Liverpool.

Em comum com Nick Hornby tenho que em parte, se sou do Benfica, é graças ao meu Pai, e se vou tantas vezes ao estádio, é muito porque em parte é aquilo que nós sabemos fazer juntos. É o nosso momento de cumplicidade, que é só nosso! A minha mãe dizia que o meu Pai nunca pensou que, dos três filhos, quem o iria acompanhar nas loucuras futebolísticas seria a menina mais nova.

E de facto, como também me acontece com a música, o futebol, e o Benfica em particular, também despertam em mim uma série de comportamentos e emoções que mais nada traz.

A última época foi difícil para nós, não por ter sido um desaire desportivamente, de 4 competições ganhamos 3, mas pelo revês emocional a que nos obrigou.

A minha mãe e o Eusébio faleceram num espaço de uma semana. Eu não sou crente nem supersticiosa, mas quando vi as notícias da morte do Eusébio, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: Bolas, de facto os bons nunca morrem sozinhos! É óbvio que não senti a morte do Eusébio da mesma forma que senti a da minha mãe, nunca o conheci pessoalmente, nem há comparação possível, mas de alguma forma senti que toda a nação benfiquista partilhava um pouco da dor e do luto que ocupavam o meu coração na altura. Por esta coincidência ou ironia do destino, como lhe queiram chamar, o ir ao futebol ocupou ainda maior importância na minha vida e na do meu Pai.

Por isso, quando estávamos no Estádio da Luz, no jogo em que nos sagramos campeões nacionais, no meio dos festejos toda a gente começa a gritar pelo Eusébio e pelo Coluna, e eu, mantive-me em silêncio e postei no Facebook: O Eusébio e o Coluna que me desculpem, mas esta é para ti Mãe! Porque era mesmo isto que eu sentia, porque sei que se pudesses ias estar felicíssima por nós. E preocupadíssima também, porque nunca mais chegávamos a casa!

Por tudo isto, embora não sejam os meus livros preferidos do Nick Hornby, são de longe aqueles com os quais me identifico, e quem sabe se um dia escrevo mais a sério sobre ambos!

publicado por AS às 20:10

02
Abr 13

O mundo da publicidade nunca me fascinou por aí além. No entanto, confesso que por várias vezes a publicidade da Vodafone fez-me conhecer algumas bandas. Uma das situações remonta ao ano de 2006, com o anúncio para o serviço Backup. A música era "Banquet", que me pareceu totalmente viciante. Passado uns dias, passou na Rádio "Two More Years", da mesma banda, e esta combinação tornou-se explosiva. Rapidamente tive que descobrir quem eram estes meninos e ouvi-los atentamente. A banda eram os Bloc Party.

Assim que os descobri, tratei de arranjar a discografia que tinham dísponivel. Ainda hoje, o primeiro álbum de estúdio dos Bloc Party, Silent Alarm, faz parte dos álbuns a que regresso e ouço em repeat.

 

Nas ultimas semanas, surgiram os tarifários red e, com eles, mais uma música que se colou aos meus ouvidos. "On Top of the World" dos Imagine Dragons é "catchy", alegre, e faz com que prestemos atenção ao anúncio. Claro está que tive que descobrir quem eram estes meninos, e se eram um "one hit Wonder" ou algo mais. Felizmente, as minhas expectativas não foram defraudadas, há semelhança do que aconteceu com os Bloc Party. "Night Visions", o primeiro álbum de estúdio dos Imagine Dragons é bestial. Não conseguindo ser tão viciante como Silent Alarm, ouve-se em repeat até à exaustão, sem ficarmos exaustos.

 

Por tudo isto, tenho que "agradecer" à Vodafone por me ter dado a conhecer duas bandas que me marcaram, e que mudaram a minha relação com a música!

 

Aqui ficam os anúncios: 

  
E Aqui ficam os telediscos: Bloc Party - Banquet 
                               Imagine Dragons - On Top of the World

 

publicado por AS às 22:19

26
Fev 12

 

Pearl Jam Twenty é um documentário realizado por Cameron Crowe acerca dos 20 anos de carreira dos Pearl Jam (PJ).

Nascidos das cinzas dos Mother Love Bone, após a morte do seu vocalista Andrew Wood, os Pearl Jam tornaram-se numa das bandas mais marcantes do fenómeno Grunge, nascido em Seattle, no início da década de 90.

Lembro-me de, quando TEN foi lançado e as nossas rádios foram bombardeadas com músicas como Alive, Even Flow e Jeremy, essas músicas passaram a fazer parte do meu quotidiano. Não passou muito tempo, até haver uma cópia em vinil lá por casa. Portanto, de alguma forma sinto que os PJ fizeram parte do meu crescimento, e até mesmo da minha vida.

Mas voltando ao documentário, é impossível falar dos Pearl Jam sem referir os Mother Love Bone, o tributo prestado a Andrew Wood com os Temple of the Dog, onde participa o amigo Chris Cornell dos Soundgarden, à guerra com a Ticket Master, o porquê de a determinada altura não recorrerem a telediscos para promoção dos álbuns, até à tragédia no festival Roskilde, em 2000, na Dinamarca, onde morreram 9 fãs que estavam na primeira fila.

Todos estes aspectos e muitos outros são referidos no documentário, e ajudam os fãs a perceber o porquê dos Pearl Jam estarem “vivos” ao fim de 20 anos de carreira.

Um dos aspectos que sempre admirei nos Pearl Jam foi o respeito e até alguma proteção que sempre demonstraram ter pelos seus fãs, quando isso até lhes podia ser prejudicial financeiramente. Por exemplo, a tragédia de Roskilde marcou-os de tal forma que equacionaram a hipótese de acabarem. Aliás, segundo os próprios, existem uns Pearl Jam Pré e Pós Roskilde. Ao invés de acabar, fizeram aquilo que melhor faziam, escreveram uma música, Love Boat Captain, do álbum Riot Act, onde referem a tragédia dizendo: "Lost nine friends we'll never know... two years ago today." Sempre que esta música é cantada em concertos, Eddie Vedder muda a letra, referindo o número de anos que passaram desde a tragédia.

Portanto é com muito orgulho e com algum saudosismo à mistura que assisto aos 20 anos de uma das minhas bandas preferidas, e espero que os próximos 20 sejam recheados de sucesso e que me acompanhem em momentos tão marcantes na minha vida, como aconteceu nas primeiras duas décadas!

publicado por AS às 18:01

29
Ago 07

                          

Neste blog, há muito que não se fazia uma crónica sobre um fenómeno musical. Este anda há muito para ser feito, mas acabou por não haver oportunidade de o fazer antes. Aproveitamos, desta forma, o especial 1º aniversário da revista BLITZ, que destacava exactamente este fenómeno para finalmente conseguir abordá-lo.

O 25 de Abril de 1974 transformou completamente o nosso País, e não se ficou pelo aspecto político. Abriu as portas para tudo o que era internacional, telenovelas, música, etc. Fosse o que fosse, o país e a sociedade não eram os mesmos, e as pessoas tinham a necessidade de absorver tudo o que era novo e, principalmente, diferente. Estas transformações atingiram o panorama musical, porque se consumia música que vinha do estrangeiro, mas ninguém cantava em português. As poucas editoras que existiam nem consideravam a hipótese de promover música portuguesa. Mas isso não impediu que surgissem alguns inconformados com esta situação.

No final da década de 70 começam a surgir algumas movimentações neste sentido. Os Tantra enchiam o Coliseu dos Recreios em 1977, ano em que os Arte & Oficio faziam a primeira parte dos CAN num Pavilhão dos Desportos a abarrotar. O movimento Punk português surgia discreto, divulgado por António Sérgio nas noites da Renascença. Os Xutos e Pontapés nasciam sem pressa. Os Faíscas terminam a sua curta existência e das suas cinzas iria surgir o núcleo do Corpo Diplomático. Este grupo, do qual faziam parte Pedro Ayres Magalhães (Heróis do Mar e Madredeus), Paulo Pedro Gonçalves e Carlos Maria Trindade, é o responsável pela introdução no vocabulário pop/rock português do conceito música moderna, que também era o titulo do álbum de estreia, e único da carreira da banda, editado em 1979, que viu a sua morte ser ditada pela recusa de Luís Filipe Barros em passar o álbum no Rock em Stock, na Rádio Comercial. Neste mesmo ano, os UHF já corriam o país, enquanto que Rui Veloso entra em contacto com a Valentim de Carvalho, e os Táxi surgiam da morte dos Pesquisa. Os Xutos tocavam ao vivo, e Vítor Rua, Alexandre Soares e Tóli César Machado ensaiavam, num núcleo no qual um anos depois iriam surgir os GNR.

Foi então que em Julho de 1980 há uma viragem repentina, com um disco chamado Ar de Rock, que nos trazia um tal de Rui Veloso, e uma canção: Chico Fininho. E de repente, tudo muda. No entanto, Rui Veloso garante que os louros não são seus, porque sem a ajuda preciosa de Francisco Vasconcelos e David Ferreira (da A&R Nacional da Valentim de Carvalho) bem como de António Pinho, que produziu o álbum e de Carlos Tê (o letrista) nada disto teria sido possível. Como disse o próprio Rui Veloso, “o que aconteceu em 1980 foi uma sucessão de eventos que conduziram a uma feliz conclusão”.

Outra das contribuições importantes para esta mudança, segundo Ricardo Camacho, foram os UHF, que na altura fizeram, pela primeira vez, uma canção Pop em português; uma canção simples, com três minutos, mais nada!

António Manuel Ribeiro, dos UHF recorda que tudo aconteceu na hora certa. “O Rui Veloso tinha um álbum preparado em inglês e estava a passá-lo para português, quando os UHF bateram à porta da editora, relembrando que para o “boom” do então chamado Rock Português houve um momento importantíssimo: houve uma greve de músicos, em que nem o Festival da Canção teve acompanhamento. Artistas como o Paulo de Carvalho ou o Carlos Mendes não conseguiam gravar. Desta forma, houve uma abertura de espaço porque nem as editoras nem os estúdios podiam estar parados. Neste aspecto, a Valentim de Carvalho foi a editora que teve mais mérito neste processo, já que a Polygram esperou um ano para ir procurar os Táxi.”

A partir deste momento, o mais difícil estava feito, e a adesão da rádio, imprensa e televisão deram o impulso necessário à sustentabilidade deste fenómeno.

Entre o final de 1980 e a Primavera de 1981 surgem no mercado os singles de estreia dos Salada de Frutas, Trabalhadores do Comércio, Street Kids e dos GNR, todos com considerável sucesso. Em Maio desse ano chegaria outro fenómeno, com o álbum de apresentação dos Táxi, quarteto portuense nascido dos Pesquisa e que foram desafiados a fazer canções em Português. Táxi, foi o primeiro álbum a atingir o disco de ouro do rock português, com vendas superiores aos 35 mil exemplares, feito que Ar de Rock de Rui Veloso, apesar de ter sido editado antes, só mais tarde conseguiu atingir.

Segundo Tozé Brito, o promotor dos Táxi, tudo vendia naquela altura, fazendo com que surgissem grupos todas as semanas. Muitos ficavam a milhas do êxito, outros atingiam algum sucesso, ainda que pontualmente, exemplo flagrante disso são os Grupo de Baile com o seu inesquecível Patchouly, um dos maiores casos de sucesso do ano de 1981.

Aliás, este single foi a primeira grande manobra de marketing do rock português, isto em resultado da versão censurada da canção, em que se ouvia “piis” na palavra “pentelho”. Neste sentido a Valentim de Carvalho decide editar duas versões da música, uma censurada e a outra não, sendo que a não censurada vendeu muito mais (quase 100 mil cópias) que a versão pudica. Além de que os “piiis”, não só contornavam o problema, como possibilitou usar a censura a favor dos editores, segundo David Ferreira, que disse que “em vez de escondermos, estávamos a chamar a atenção”. A vida dos Grupo de Baile foi curta, visto que a editora não editou o single que iria suceder a Patchouly, e que teria por titulo O Pirilau do Rock. Desta forma, os Grupo de Baile acabaram por se tornar num dos maiores exemplos de bandas que só tiveram um single de sucesso, nunca chegando a editar um álbum sequer.

Obviamente que a ressaca começava a tomar forma, tal não era o excesso de propostas e edições. Depois de um 1981 de euforia, com êxitos tais como o Robot dos Salada de Frutas, Foram Cardos Foram Prosas de Manuela Moura Guedes, Chamem a Polícia dos Trabalhadores do Comércio e os dois primeiros singles do GNR, Portugal na CEE e Sê um GNR, a vender bem, a ressaca mostrou ser implacável. Citando David Ferreira: “1982 foi o ano dos flops. O segundo álbum do Rui Veloso quase não vendeu, assim como o primeiro álbum dos GNR e o álbum da Lena d’Água. A única excepção foi o máxi single do António Variações.“

Esta ressaca iria deixar marcas, chegando ao ponto de fazer vítimas em nomes como os Street Kids, os Táxi ou os Jáfumega. Estes últimos, que foram um dos grupos mais geniais da história do Rock nacional, desapareceram demasiado cedo, isto porque enquanto os Táxi e os Heróis do Mar vendiam 50 mil cópias, os Jáfumega ficaram-se pelos quatro, cinco mil, e na altura, quem vendesse menos de 10 mil cópias não interessava.

Com Rui Veloso, o primeiro "motor" do fenómeno a cantar "não quero ser estrela do rock'n'roll", a apresentar um álbum de título "Fora de Moda", o capítulo encerrava, para dar entrada a duas novas gerações. A geração pop de meados de 80, com figuras como António Variações (cuja morte levou demasiado cedo), Heróis do Mar, Rádio Macau, Ban e os sobreviventes e transformados GNR na proa dos acontecimentos. E uma geração urbana atenta a raízes antigas, comandada pelos Trovante, acompanhados por uma legião de bandas de recolha das quais poucas sobreviveram aos respectivos 15 minutos de fama.

Quer nos lembremos ou não dos nomes aqui referidos, ou se gostamos ou não dos mesmos, é inegável as marcas que eles deixaram no nosso panorama musical, e se, na década de 90 foi possível assistirmos ao surgimento de nomes sonantes tais como os Clã, os Ornatos Violeta, e já no século XXI dos Toranja, ou até mesmo dos mais recentes Linda Martini, foi muito graças a este fenómeno incontrolável que surgiu no pós 25 de Abril, em que foi possível mostrar que é possível fazer-se boa música por portugueses e cantada em português!

publicado por AS às 09:39

20
Out 06


  

    Brian Molko. Stefan Olsdal. Steve Hewitt. Um Americano, um sueco e um inglês. Um bissexual, um homossexual e um heterossexual. Estes são os Placebo.

    Quando se encontraram por acaso numa estação de Londres, Molko e Olsdal, ex-colegas de uma escola no Luxemburgo, decidem formar uma banda. Inicialmente conhecidos como Ashtray Heart e com Robert Schultzberg na bateria, embarcaram na aventura, que pouco durou devido ao mau relacionamento entre Schultzberg e Molko.

    É então que entra em cena um jovem britânico que Molko conheceu à porta do Burger King em 1991 e com quem já havia tocado – Steve Hewitt. E assim estão formados então os Placebo. Sempre fugindo à Britpop, regem-se pelo glamour e pela confusão na sexualidade, androginia…

    Em 1995, lançam o single “Bruise Pristine” e começaram a sua primeira tournée, tendo assinado com a editora Hut Records logo no ano seguinte... apenas 51 semanas depois do seu primeiro concerto… Lançam também a sua própria editora, Elevator Music.

    Lançam o seu primeiro single com a Hut em 1996 – “Come Home” – e é também nesta altura que começam a participação com David Bowie. O seu primeiro álbum, Placebo, atinge o ouro rapidamente e o single “Nancy Boy” chega ao #4 do top do Reino Unido.

    Lançam o segundo álbum – Without I’m Nothing – em 1998, ano em que Brian participa no filme Velvet Goldmine, onde conhece o seu primeiro amor, Michael Stipe.

    Sempre caracterizados por esta androginia, os Placebo vão escalando montanhas e continuam neste álbum o sucesso que foi a colaboração com David Bowie. Brian inclusivamente refere que muitas vezes o confundem com uma mulher, estando especialmente “confundível” no vídeo do single “Pure Morning”. Quando o questionam do porquê de usar maquilhagem, responde simplesmente “pela mesma razão que as mulheres o fazem – porque me sinto melhor e mais bonito”.

    Depois de algum afastamento, regressam em 2001, para gáudio dos fãs, com um dos seus melhores álbuns, Black Market Music, onde apresentam um rock mais “furioso” e energético. Continuando com a sua “brincadeira” com os Media e os fãs, e mantendo sempre o mistério, o primeiro single deste álbum é “Taste in Men”…

    Dois anos depois, lançam o seu álbum mais aclamado, mas bem mais melodioso, Sleeping with ghosts, donde sai no entanto o poderoso instrumental “Bulletproof Cupid” e canções com letras tão emotivas quanto poderosas, como é o caso de “Sleeping with ghosts”, “Special Needs” ou “I’ll be yours”…

    Soulmates Never Die é o DVD que lançam como apresentação da tournée deste mesmo álbum, uma prova de que ainda teem muito para dar ao mundo…

    Em 2004 editam um best-of, Once More with Feeling, guardando o melhor para o fim…

    O lançamento em 2006, do fantástico álbum Meds que, ao estilo de Black Market Music – com algumas reminiscências de Sleeping With ghosts – mostra o que de melhor os Placebo podem fazer. Terminam este álbum como que com um prenúncio aziago para os fãs… “Song to say goodbye”.

    Esperemos no entanto, que não seja este o adeus definitivo de Molko, Olsdal e Hewitt – Soulmates – que tanto têm a dar ao mundo da música…

    We hope they never die…

publicado por FV às 20:23

10
Out 06



2003…

 No meio de experimentalismos líricos e emergências rock, surge um estilo punk-do-it-yourself. Das cinzas deste espírito, desta garra, pelas sombras da cidade, por entre viagens subterrâneas, surgem os Linda Martini. Trazem três guitarras – Sérgio, Pedro e André –, baixo – Cláudia –, bateria – Hélio –, voz – André –, samples, melódica, harmónica e o que mais ditou a ocasião. Única premissa na casa de partida: suar e cantar em Português. A primeira maqueta surge algures entre 2004 e 2005. O albúm - Olhos de Mongol - está p'ra breve...

    É com esta premissa inicial, que surge este projecto, uma verdadeira lufada de ar fresco na música nacional. Vindos de um estilo mais hardcore ou punk, surge esta mudança para um estilo totalmente diferente, inovador e marcadamente instrumental – não fosse terem também 3 guitarras! Mas existe outra razão para esta primazia ao instrumental. Tal como dizem os elementos da banda, “ (…) a voz é mais um elemento, que tenta de alguma forma ilustrar o instrumental, preenchendo alguns espaços e silêncios. (…) ”.

    Há quem os compare a Pluto, Ornatos Violeta e Toranja, o que a banda nega, referindo que apenas surgem essas comparações devido à voz e sobretudo, por cantarem em português. “Se pegarmos nas mesmas melodias que temos e cantarmos em inglês ninguém vai buscar esses nomes!” referem.

    Quanto à escolha de cantarem em português, foi algo que surgiu naturalmente. Como dizem “Tu pensas em português, falas em português, sonhas em português, faz todo o sentido!"
    
      Inspirados no dia-a-dia bem como nos “vícios” literários e cinéfilos compõem explosões líricas fantásticas e brilhantemente coesas. É interessante notar que metade da maqueta seja simplesmente instrumental porque as músicas são de tal modo sólidas que tudo nos parece estar constantemente no seu devido lugar. Amor Combate e Lição de Voo nº1 soam-nos tão coesas como as instrumentais Este Mar e Efémera.

    Nesta ocasião seria cliché afirmar que os Linda Martini são uma lufada de ar fresco mas a verdade é que Linda Martini são, neste momento, o próprio ar do qual muitas outras bandas se irão alimentar, como já é costume acontecer quando alguém proporciona uma tal vaga de originalidade.

publicado por FV às 18:18

29
Set 06

Numa década de ouro para a música, e depois da ascensão e loucura que foi o Grunge, do outro lado do oceano, no Reino Unido, surgia o movimento conhecido hoje em dia como Britpop.
Já desde as décadas de ’60 e ’70, com os Beatles – motor propulsor e impulsionador de todo e qualquer movimento musical vindo das terras de sua majestade – mas também com os The Kinks, The Who, Small Faces, David Bowie, T-Rex e Roxy Music, que a música vinda do Reino Unido era vista com bons olhos. No movimento que se seguiu a estas gerações – punk e new wave – coube aos The Jam, Elvis Costello e Buzzcocks, bem como ao ritmo pop alternative dos The Smiths, o início da afirmação da música britânica.
Mas, seria só na decada de ’90, mais precisamente em 1993, que 4 jovens londrinos, com a sua banda Suede, iniciam o fenómeno conhecido como Britpop. Com a sua forma introspectiva, os Suede abriram as portas para ainda maiores acontecimentos na música das ilhas britânicas, quando em 1994, se inicia a “guerra” sobre qual será a maior banda britânica, com os lançamentos de Parklife dos Blur e Definitely Maybe dos Oasis… mas estes são outros contos…
Devido a todo este sucesso, deu-se então uma explosão de bandas semelhantes: Elástica, Pulp, Supergrass e the Boo Radleys.
Mas, o que é afinal o Britpop? O Britpop refere-se à legião de bandas, que nos anos 90 lançaram-se na onda indie pop/rock, por forma a “combater” o Grunge poderoso que chegava do outro lado do Atlântico… No entanto, embora com raízes indie, o Britpop demarca-se por ser glamouroso, com letras que ficam no ouvido, e que apontavam para a juventude verdadeiramente “British”: falavam das suas vidas, da sua cultura e da sua herança musical. Apresentava também uma exuberância e desejo de reconhecimento, sendo estas atitudes uma reacção à forma tímida, anti-estrela das bandas que surgiram no inicio dos ‘90’s, bem como à “dormência” do Grunge e aos produtores “sem-cara” do crescente “sub mundo” electrónico.
No entanto, por volta de 1996, o fenómeno começou a desvanecer-se… Os media interessavam-se mais no consumo de drogas e álcool dos membros das bandas bem como nos confrontos entre estes (especialmente Damon Albarn e os irmãos Gallagher), do que propriamente na música que por eles era feita…
Em 1997, muito pelas fracas vendas dos álbuns de bandas iniciadoras do movimento, como os Blur e os Oasis, as próprias bandas começam a afastar-se do seu som habitual, tão característico do movimento… Em 1999, dá-se então o “fim anunciado” do Britpop, com o fim de bandas como os The Verve, Elástica e os Menswear e o afastamento total do movimento pelos Blur, que continuaram no entanto a acumular sucesso e seguidores um pouco por toda a parte.
Já nos anos 2000, assiste-se ao final dos Pulp, mas mais importante, dos “fundadores” do Britpop, os Suede
Neste momento encontramos activos os Oasis, Blur (ainda que fora da esfera Britpop), Ash, Radiohead e Supergrass, bem como a “nova vaga” – Coldplay, Travis, Muse e, ainda que um pouco fora do Britpop “clássico”, Bloc Party, Franz Ferdinand, Editors, Kaiser Chiefs, Keane e Arctic Monkeys.
publicado por FV às 08:57

23
Set 06



Já aqui foi falado do fenómeno que teve um boom no início da década de 90 – o Grunge. No entanto, raramente se fala duma das “consequências” que teve este fenómeno- o que aconteceu às bandas Rock e Metal que tanto furor fizeram nos anos 80? Esta década foi, sem margem para dúvidas, uma das mais produtivas em toda a história da música. Havia pop, rock, metal, boys bands para todos os gostos. Parecia que as bandas cresciam como cogumelos e tudo o que passasse numa discoteca da moda era um sucesso tremendo. Foi também nesta altura que mais se ouviu falar de bandas Rock ou Metal, que tanto sucesso faziam e que pareciam arrastar multidões de fãs por onde passvam. Estou, obviamente a falar de bandas como os Motley Crue, os Skid Row, os AC/DC, os Poison, Faster Pussycat, Def Leppard, Megadeth, Metallica, entre outros. Todas elas tinham em comum as grandes gadelhas, os exageros e a extravagância com que apareciam em palco e nos seus estilos de vida. Faziam música rock, muitas vezes considerada “pesada”, mas depois lançavam baladas que todos os casais de namorados ouviam exaustivamente, proporcionando-lhes um sucesso demasiado rápido.

Algo que sempre me deixou perplexa com este fenómeno era o facto de, muitas destas bandas só terem 2 ou 3 músicas conhecidas, mas estas tinham tanto sucesso que, cada concerto tinha lotação esgotada.

Claro que todo este sucesso fazia com que os membros destas bandas vivessem tudo excessivamente: drogas, álcool, promiscuidade. Parecia que todas as raparigas da altura queriam dormir com um (ou vários em alguns casos!!!) dos membros destas bandas. Nada lhes faltava. Até que de repente chegámos aos anos 90. Surgem bandas como os Nirvana e os Pearl Jam, e toda a gente começa a centrar as suas atenções nestes. O público, de um momento para o outro, deixou de gostar de rock, abraçando o grunge como se mais nada existisse. O que se passou ao certo? O rock não era bom? As bandas perderam qualidade? O público tornou-se mais exigente? Ou mais depressivo? Muito se poderá especular, a verdade é que o Rock nunca mais foi o mesmo e, enquanto os Metallica ainda conseguiram ter bastante sucesso, a maioria das bandas acima mencionadas nunca mais foram as mesmas. A maioria delas “morreu” nesta altura. Parecia que tudo o que faziam não tinha sucesso. Bret Michaels, vocalista dos Poison, chegou a afirmar que sentiu que, de um momento para o outro deixou de ser “cool”. E esta é a afirmação que melhor descreve o que se passou. O grunge era cool, o rock não, pelo menos não nos moldes dos anos 80. Talvez esta década tenha sido demasiado intensa, o que levou a toda a loucura musical que existia. Independentemente do que poderá ter provocado esta mudança, a verdade é que estamos perante dois fenómenos importantíssimos e que, ainda hoje, influenciam muita gente!

publicado por AS às 22:48

21
Set 06

   

    Seattle é a maior cidade na região Nordeste do Pacífico, dos Estados Unidos. Localizada no estado de Washington, foi fundada em 1850. É conhecida como Cidade Esmeralda ou também Rain City, Queen City e Jet City.
    O Grunge é um género musical com raízes na música independente, sendo considerado uma ramificação do hardcore/punk, thrash metal, hard rock e rock alternativo, caracterizando-se por guitarras que destilam riffs com muita distorção, sons fortes de bateria e letras melancólicas pejadas de angústia e revolta. Numa altura em que não existiam telemóveis e a Internet ainda dava os seus primeiros passos, a juventude envergava camisas de flanela aos quadrados, calças de ganga descoloradas rasgadas nos joelhos, cabelo grande e despenteado, numa atitude de depressão contagiante…Esta era a sua imagem de marca.
    Seattle é considerada como a “casa” do Grunge, de onde saíram bandas como Pearl Jam, Soundgarden, Green River, Alice in Chains, Mudhoney e Mother Love Bone, no início dos anos 90. Já após a era-grunge e com a morte de Kurt Cobain (cujos Nirvana eram oriundos de Aberdeen, perto de Seattle…), surgiram outras bandas rock bem conhecidas como os Foo Fighters, Modest Mouse e Death Cab for Cutie.
    A primeira grande explosão do Grunge de Seattle deu-se em 1984, com os Soundgarden, de Chris Cornell (actualmente nos Audioslave), Hiro Yamamoto e Kim Thayil e Scott Sundquist. Em 1986, Sundquist deixa a banda sendo substituído por Matt Cameron (actualmente nos Pearl Jam). Em 1988, lançaram o seu primeiro álbum Ultramega OK, que lhes valeu um Grammy em 1990. Louder than Love, de 1989 é o seu primeiro álbum para uma grande editora. É em 1991 que lançam Badmotorfinger, álbum que embora tenha tido sucesso viveu na sombra de Nevermind, álbum de estreia dos Nirvana. Em 1994, lançam Superunknown, o seu álbum de maior sucesso, muito por culpa de “Black Hole Sun”, e que lhes permitiu receber 2 Grammys. O último álbum da banda foi lançado em 1996 e dava pelo nome de Down on the Upside.
    Em 1987, Layne Staley conheceu o guitarrista e compositor Jerry Cantrell e convidou-o para a sua banda à qual se juntou o baixista e amigo de Cantrell, Mike Starr. A eles juntou-se o namorado da irmã de Starr, Sean Kinney para baterista e estavam assim formados os Alice in Chains. Em 1990 lançam o seu primeiro álbum Facelift, que causou enorme impacto devido ao hit “Man in the Box”. Em 1992, lançam o segundo álbum, Dirt, que mostra o som pesado, dirigido pelas guitarras que a banda apresentava. Devido às suas letras melancólicas, este álbum levou à especulação de que Staley estava viciado em heroína. Em Janeiro de 1994, a banda surpreende toda a gente com Jar of Flies, um registo com arranjos mais acústicos que, tendo tido todas as músicas deste álbum, lançado como EP, escritas e gravadas numa semana, foi no entanto considerado uma obra-prima. Em Novembro de 1995, a banda regressa com o álbum Alice in Chains, um regresso à sonoridade de Dirt e Facelift. Este seria assim o último álbum oficial dos Alice in Chains. Em 1996, após o concerto MTV Unplugged posteriormente editado em Cd , dão a 3 de Julho, em Kansas City, o último concerto com Staley como vocalista. Em 2002, Layne Staley é encontrado morto em sua casa, com uma overdose de heroína e cocaína. A data aproximada da sua morte foi a mesma de Kurt Cobain, 5 de Abril.
    Em 1989, os ex-Green River Jeff Ament, Stone Gossard e Bruce Fairweather juntaram-se com o vocalista Andrew Wood, que tristemente morreu de overdose em 1990, para formarem os Mother Love Bone. É com a morte de Andrew Wood, um dia após o lançamento do seu único álbum, Apple, que terminam os Mother Love Bone. É também devido à sua morte que surge a banda-tributo Temple of the Dog que teve o condão de unir Jeff Ament e Stone Gossard a Chris Cornell e Matt Cameron, dando ainda a conhecer Eddie Vedder. O álbum foi lançado em 1991.
    É das cinzas dos Mother Love Bone que nascem os Pearl Jam. Em 1990, convidam o estreante Mike McCready e, juntamente com Matt Cameron dos Soundgarden gravam algumas demos, convidando Eddie Vedder, um surfista de San Diego para vocalista. Dave Krusen junta-se como baterista e a banda está completa. Inicialmente conhecidos como Mookie Blaylock em honra de um basquetebolista famoso, depressa mudam o nome para Pearl Jam, que seria uma referência a uma receita alucinogénica da avó de Eddie. Em 1991, lançam o primeiro álbum, o grande sucesso Ten, que deve o nome ao número da camisola de Mookie Blaylock, e que lhes concede dois MTV Vídeo Music Awards por “Jeremy”. Este sim conseguiu destronar o sucesso que foi Nevermind, dos Nirvana. Em Outubro de 1993 lançam o segundo álbum, Vs. que bateu o recorde de vendas na primeira semana. Um ano depois, no final de 1994 lançam Vitalogy em vinil e CD. O CD bateria recordes por ser o segundo mais vendido na primeira semana. Em 1996 lançam o seu último álbum a atingir o #1 da tabela de vendas na primeira semana, No Code. A tour de 2000, para promover o seu álbum Binaural, acaba tragicamente, com a morte de 9 pessoas por esmagamento, na Dinamarca, chegando a banda a pensar em terminar aqui o seu trabalho. Em 2002 morre Layne Staley dos Alice in Chains, merecendo este uma música em sua memória, incluída como hiddentrack no álbum de b-sides, Lost Dogs editado em 2003. Antes, em 2002, iniciam a participação de Boom Gaspar na banda, no álbum do mesmo ano, Riot Act. Já este ano, 2006, editam o seu 8º álbum, este homónimo.
    Mas foi em 1991, e muito graças ao “fenómeno” Nirvana, que o grunge se tornou conhecido para todo o mundo. A infância e adolescência problemáticas e a forma depressiva que Kurt Cobain tinha de estar na vida pareciam contagiantes, como se todos os jovens passassem pelos mesmos problemas, criando uma empatia e uma identificação com este “estado depressivo” nunca antes visto. Prova disso foi, quando no dia 8 de Abril de 1994, é anunciado o suicídio de Cobain, todo o mundo parecia ter parado, incrédulo, estupefacto, como se tivesse acabado de perder alguém tão importante como um pai, um deus, aquela pessoa que parecia compreender cada um de nós e os nossos problemas e sentimentos mais profundos, que tanto queríamos ocultar dos outros. No entanto, algo tão triste, conseguia ser um acto de libertação tão esperado!
    As mortes de Kurt Cobain, em 1994, e Layne Staley, em 2002, cumprindo estes demasiado à risca o “lema” do grunge - Sexo, drogas e Rock N’ Roll, e com o fim dos Soundgarden e dos Alice in Chains e consequente ultimo álbum, bem como o lançamento do ultimo álbum dos Pearl Jam a chegar a #1 – No Code – em 1996 deu-se a morte do grunge, sobrevivendo ainda nos Pearl Jam, nos projectos de Chris Cornell e em bandas pós-grunge de Seattle, como os Foo Fighters que nascem das cinzas dos Nirvana – são criados por Dave Grohl, baterista da banda de Kurt Cobain.

by Alexandra & Filipe

publicado por FV às 21:15

12
Set 06

   


    Um trabalho de amor, um tributo a um amigo falecido, uma forma de superar o pesar… Este projecto é quase uma lenda na história quer dos Pearl Jam quer dos Soundgarden e o seu nome inspira respeito aos fãs de ambas as bandas. Uma união entre duas lendas, dois pesos pesados da música de Seattle, Chris Cornell (Soundgarden, Audioslave) e Eddie Vedder (Bad Radio, Pearl Jam).

            Os Temple of the Dog foram formados por Chris Cornell após a morte do seu antigo companheiro de quarto, o vocalista dos Mother Love Bone, Andrew Wood. Cornell escreveu duas músicas em seu tributo “Say Hello 2 Heaven” e “Reach Down”, e juntou-se aos ex-colegas de banda de Wood, Stone Gossard e Jeff Ament com a intenção de lançar as canções como singles. Então, Chris convidou o seu colega e baterista dos Soundgarden, Matt Cameron, tendo-se juntado à banda um outro guitarrista que estava a trabalhar com Stone e Jeff, Mike McCready.

            Depois da banda completa, começaram então a trabalhar nas músicas bem como noutros temas, demos feitas por Gossard/Ament/Cameron, sendo que uma dessas demos viria a tornar-se na música “Footsteps” para os Pearl Jam e “Times of trouble” para os Temple of The Dog. Então, com os ensaios, os singles cresceram para várias músicas, sendo então desenvolvido um álbum.

            No entanto, enquanto ainda estavam a recrutar membros, e durante uma dessas sessões acabaram por fazer uma audição a um jovem surfista de San Diego, Eddie Vedder, que tinha chegado a Seattle no Outono de 1990. Este jovem acabou por fazer backing vocals em algumas das músicas dos Temple of The Dog, fazendo mesmo um dueto com Chris Cornel em “Hunger Strike”. Então, no Inverno do mesmo ano, foi gravado o álbum dos Temple of the Dog, lançado em Abril de 1991, com as vendas iniciais a serem modestas. Os membros da banda eram ainda muito desconhecidos na cena musical de Seattle, pelo que nenhum deles esperava mais do projecto. A banda deu um concerto oficial, no Off Ramp Café, em 13 de Novembro de 1990 – como confirmado por Matt Cameron – sem Eddie Vedder, que no entanto tinha combinado trabalhar com Ament, Gossard e McCready durante as tardes no seu novo projecto Mookie Blaylock, enquanto à noite se mantinham a trabalhar com Chris Cornell.

            Então, durante a primavera de 1991, os Soundgarden entram em estúdio para iniciar as gravações de um álbum que se tornaria lendário – Badmotorfinger – ao mesmo tempo que os Pearl Jam (nome pelo qual se passaram a conhecer os Mookie Blaylock, inspirado no nome de uma receita alegadamente alucinogénica da avó de Eddie Vedder) gravavam o seu também lendário álbum de estreia Ten. Com estes álbuns deu-se uma “explosão” destas bandas, ficando os fãs e os media sedentos por mais e mais…

            Foi então que se deu o re-lançamento do álbum dos Temple of the Dog, aproveitando a editora A&M esta excelente oportunidade. No entanto, os fãs não conseguiam entender o espírito e as origens do projecto nem a razão pela qual Eddie era relegado para segundo plano no vídeo de “Hunger Strike” ou porque não cantava em mais músicas.

            Apesar desta confusão existiram mais duas semi-reuniões dos Temple of the Dog, uma das quais em Outubro de 1991, no showcase Foundations Fórum, em que ambas as bandas participaram e outra no último Lollapalooza em ’92. Em 28 de Outubro de 2003, os Pearl Jam receberam a companhia de Chris Cornell em palco para uma performance de “Hunger Strike” e “Reach Down”. A versão de “Reach Down” ficou gravada no anual Ten Club Christmas Single dos Pearl Jam desse ano.

            Os Pearl Jam tocam também algumas destas músicas nos seus concertos, bem como os Audioslave (banda pós-Soundgarden de Chris Cornell), que tocaram em 2005 “Call me a Dog”, “All night Thing” – música que aparece na BSO do filme Wayne’s World – e “Hunger Strike”.

            Apesar de muitos de nós gostarmos de ver estas duas bandas juntarem as suas forças e enormes potenciais de novo, os Temple of the Dog cresceram do amor, emoção e pesar… Nenhum de nós consegue compreender o que passaram e sentiram Chris, Stone e Jeff com a morte do seu amigo e é errado pedir-lhes para se juntarem apenas por nossa comodidade e para nosso prazer. Ao invés, devemos apenas desfrutar, apreciar e respeitar o facto de eles terem escolhido esta forma de partilharem o seu pesar connosco… da melhor forma que sabem: fazendo música…

            E como diria Andrew Wood, no fundo a razão de existência desta união:

I want to show you something, like joy inside my heart
Seems I been living in the Temple Of The Dog
Where would I live if I were a man of golden words
Or would I live at all
Words and music - my only tools


publicado por FV às 18:05

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